AUTOPOIESE E NARRATIVAS – A Literatura Brasileira: tendências contemporâneas

AUTOPOIESE E NARRATIVAS – A Literatura Brasileira: tendências contemporâneas

AGRADECIMENTOS

 

Dedico estas narrativas, a vocês leitores (as), aos  meus amigos e amigas, pelo apoio, atenção e agradecimentos especiais ao idealizador chefe da Revista Internacional The Bard, (J.B Wolf) , pela oportunidade e apoio de poder escrever essas Autopoieses & Narrativas, lhes oferecendo oportunidades de reflexões a partir de nossos  pontos de vista sobre arte e literatura.

Ao longo desta pesquisa literária fui encontrando inspirações nos poetas e poetisas, que admiro por suas sensibilidades.

Agradeço pela admiração literária compartilhada, esperando que gostem da nossa publicação na Revista Internacional The Bard – 19ª Edição- Maio e Junho de 2023.

 

 

A Literatura brasileira: tendências contemporâneas

 

No mundo da Literatura aportamos nas muitas das magias que nos atrai. Vive-se e ama-se intensamente cada palavra, temos sensações de pertencimento por tudo que ali está escrito. Para ilustrar o que estamos escrevendo, separamos fragmentos do poema de “Tao Te Ching”.

Fonte sem fim, rio sem fim.

Rio sem forma, rio sem água.

            Fluido invisível de um lugar a outro

…nunca termina e nunca falha.

Então, podemos definir que a literatura brasileira está ligada a processos criativos, prazerosos e apaixonantes que encontram-se à nossa volta, os quais têm importância incalculável. É como uma tecelagem de vários fios, que vão variando conforme o momento; são conhecimentos gerados por uma narrativa que gira na nossa criação anônima, individual ou coletiva da nossa cultura literária inimitável. Assim, funciona o nosso mundo imaginário literário, narrando e explorando o fluir de palavras com a autonomia do pensar.

 A Literatura Brasileira Contemporânea tem caminhos variados e autopoiéticos, transformadores da natureza e criações culturais, com um vasto repertório narrativo, poético e artístico, embora nossas obras não costumem ser agraciadas com adjetivos como “maravilhosas, mágicas ou fantásticas”.

 Podemos dizer que o objetivo maior da Literatura Brasileira Contemporânea é transmitir sabedoria acumulada pela humanidade no decorrer de sua história. Esse é um processo complexo, com diferentes linguagens orais ou escritas a partir de leituras, produções literárias de romances e contos, de poemas, de ensaios. Toda essa produção está em contato com a literatura e a filosofia, com contextos capazes de emocionar esteticamente.

       

           

            Ecos em poucas palavras

                       

 

Não encontramos temas e nem livros proibidos ou censurados na literatura brasileira contemporânea, mas temos que reconhecer que ainda convivemos com a exclusão do mercado, do lucro, para com alguns autores, como por exemplo: podemos citar ( Paulo Lins, citado por Machado, A.M. p.81, 2001).

 Paulo Lins, autor do romance “Cidade de Deus”, teve sua vida numa comunidade pobre e violenta, com relatos de sua vivência de menino criado em um conjunto habitacional, também narrando a sua juventude convivendo com a criminalidade e o narcotráfico. Paulo Lins estudou letras e antropologia, conseguindo escrever um belo livro sobre a sua difícil vida. Encontramos no seu livro qualidades e belas narrativas. Apenas um exemplo. Restam-nos entusiasmos, por tudo que até o momento foi conquistado pelos autores brasileiros contemporâneos, com lindos textos, histórias, palavras atraentes, coroando escritos bem elaborados mesmo que diante de tantos obstáculos.  

Na literatura contemporânea precisamos dar vozes aos autores dos diferentes temas literários, pois trazem luzes com suas escolhas, o real narrativo do que veem e principalmente, na linguagem com que o fazem. É uma questão artística de manifestação estética, de aceitação de elementos de ruptura e também da linguagem simbólica do outro, do vocabulário e da sintaxe. É preciso garantir o espaço da produção, da autoria individualizada da arte, da criação artística.

Destaco um desafio já dito por alguns escritores como Alfredo Bosi, nascido em São Paulo, no ano de 1936.  Alfredo Bosi é considerado um dos maiores críticos literários do Brasil. Professor titular aposentado de literatura brasileira na USP, ensaísta e integrante da Academia Brasileira de Letras, é também reconhecido por sua militância social, cultural, educacional e ambiental.

Como intelectual engajado, Bosi apoiou as lutas pela redemocratização do país defendendo a redução das desigualdades sociais, os princípios éticos e de liberdade de pensamento como também a pesquisa, o respeito às tradições culturais populares, a valorização do ensino básico de seus profissionais e a luta pelo meio ambiente.

Para ele, é necessário passar por um reconhecimento do papel da cultura criadora, onde a expressão erudita, popular e  individual, pode ser feita com amorosidade. .

O que se espera do escritor contemporâneo brasileiro, é que ele se situe no seu tempo real. Nas últimas décadas, vemos que nenhum desses dois modos de entender a nossa cultura acabou se configurando. Nossa cultura literária não virou uma imitação das culturas estrangeiras e nem mesmo criamos uma “ditadura” da cultura nacional que nos colocasse radicalmente contra as manifestações culturais estrangeiras que aparecessem por aqui.

Então, observamos que a nossa cultura acabou se organizando como uma verdadeira mistura entre as influências nacionais e estrangeiras. No campo das artes plásticas, da música e da literatura, vemos que o Brasil dialogou com influências externas sem que, para tanto, tivesse que ignorar tudo aquilo que fosse tipicamente brasileiro.

 

             Intelecto d`amore – Sensação de deslumbramento

 

 

Escrevemos na esperança de realizar um sonho, o eterno, a paz, imaginando um mundo melhor. As palavras escritas são para mim, como jardins brotando inspirações, tudo construído com a mente e o coração, germinando sentidos e emoções. Significa a capacidade de observar intensamente os detalhes e tudo que está à nossa volta.

Na linguagem narrativa literária encontramos o pensamento científico e o imaginário, numa relação amorosa e prazerosa.

Podemos sentir o invisível, que é uma forma de sentir o amor.

Ressaltamos que o prazer na literatura poética é o prazer humano de pensar, decifrar, argumentar, enfim: unir ideias com prazer e paixão. É uma aterrisagem pelo mundo mental e emocional, é como se nos vestíssemos de amor, tomando banho de sensibilidades. “uma compreensão da vida humana e suas diferenças, no sentido de uma educação progressiva da sensibilidade.“ (Italo, M. p.18, 2001). 

A obra de Vinicius de Moraes é um aprendizado do amor, de educação sentimental. Seus poemas despertam emoção e fascínio. Os versos de Vinícius trazem o amor como uma esperança de encontros com o belo e o maravilhoso. Podemos perceber que ele faz uma perfeita junção entre a poesia e a música, exaltando sentimentos amorosos.  Escrevemos abaixo fragmentos de um verso em canção dedicado a mulher amada, um dos legados deixados pelo poeta. Um encantador de palavras, belas, mágicas, românticas.

…dorme, que assim.

Dormiras um dia

Na minha poesia

De um sono sem fim.

 

A lírica brasileira do século XX, traz temas eternos : dor, delícia de existir, amor, desejo, angústia, nostalgia do ser amado, da infância, beleza. São os deslumbramentos do eterno na fugacidade do tempo.

 

          

 

O cânone literário é o corpo de obras e seus autores social e institucionalmente consideradas “grandes”, “geniais”, “perenes”, comunicando valores humanos essenciais, por isso dignas de serem estudadas e transmitidas de geração em geração.

Na história de cada literatura, há momentos de maior florescimento canônico,

Nosso cânone moderno aprofunda questionamentos existenciais ( Carlos Drummond), propõe a glorificação adulta da nacionalidade (Cecília Meireles), intensifica a agudeza de erudita e popular (João Cabral).

São leituras para a vida inteira.

Nesse sentido destacamos fragmentos dos poetas citados:

 

Psicologia da composição

Por João Cabral de Melo Neto

 

…Saio de meu poema

Como quem lava s mãos.

Talvez alguma concha

Dessas (ou pássaro) lembre,

Côncavo, o corpo do gesto.

Extinto que o ar já preencheu.

Talvez, como a camisa.

Vazia que despi…

 

 

Antiode

Por João Cabral de Melo Neto

 

Poesia te escrevia…

…Delicado, escrevia:

Flor! (Cogumelos serão Flor?).

Espécie

Estranha, espécie…

 

 

Cenário

Por Cecília Meireles

 

… Entre nuvens, colinas e torrente,

Uma angústia de amor estremecia

A deserta amplidão na minha frente.

…Que vento, que cavalo, que bravia

Saudade me arrastava a esse deserto,

Obrigava-me a adorar o que sofria?

 

 

A máquina do mundo

Por Carlos Drummond de Andrade

 

a máquina do mundo se entreabriu

Para quem de a romper já se esquivava

E só de o ter pensado se carpia.

… toda uma realidade que transcende

A própria imagem sua debuxada

No rosto do mistério nos abismos…

 

 Com essas pequenas amostras poéticas, deixamos esses legados de excelência sofisticada da literatura, sua técnica, artística e densidade humanística de sua filosofia, dos poemas cânones.

 

Um olhar conclusivo

 

Concluímos que na Literatura brasileira contemporânea, podemos fazer de nossos escritos sonhos em palavras, sem perder de vista o real.

Na poética da vida; sonhos, canções e realidades se abraçam em belezas poéticas.  Nossos escritores são desafiados a descobrirem na arte literária, mensagens de vida intermináveis, lindas e sedutoras.        

Dedicamos essa narrativa na nossa coluna, aos autores contemporâneos com uma amostra da literatura e da poética do contexto aqui apresentado.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                     

A todos resta-me agradecer

 

 

Por STELLA GASPAR

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