AUTOPOIESE E NARRATIVAS – Cores & Movimentos

AUTOPOIESE E NARRATIVAS – Cores & Movimentos

Para vocês;

Que acreditam nas transformações de nossas vidas.

Começamos ressaltando que a escrita tem mágicos relatos, narrativas e autopoieses e autopoderes com toques inspiradores nas nossas almas.

Com essa narrativa para a 20ª Edição da “Revista The Bard” desejamos que toques suaves e coloridos cheguem a seus corações, almas e suas imaginações.  

O tema desta edição é encantador, sobre o Folclore brasileiro o qual nos inspira a pesquisarmos mundos e culturas. Então busquei o que nos desperta no viver.

Cores & movimentos”, nos traz o protagonismo das cores e dos movimentos humanos, especialmente as do nosso folclore, deixando nossos olhos deslumbrados, com as manifestações artísticas e culturais.

Então, sejam bem-vindos ao mundo das cores e dos movimentos com detalhes folclóricos da cultura brasileira, em meus escritos na Revista The Bard – Poesia, arte e música.

Boa leitura.

 

CORES & MOVIMENTOS

Por Stella Gaspar

 

 As cores e os movimentos retratam um conjunto de alegrias e belezas. Como exemplo, trazemos a ideia do caleidoscópio como um objeto que nasceu na Inglaterra nos primeiros anos do século passado. Seu inventor foi Sir David Brewster. Seu significado está no Grego antigo, unindo as palavras gregas kalos (= belo), eidos (= imagem). “Quer dizer” vejo “belas imagens”. Assim, é o nosso mundo criativo, imaginário, estético. Podemos produzir belezas com as nossas autopoieses a partir da liberdade que temos em contato com um mundo de cores e movimentos, vibrantes e fascinantes de diferentes linguagens em mundos possíveis e reais. 

         As cores e os movimentos nos integram com as funções emocionais, cenestésicas e orgânicas, de modo que todo esse colorido seja como um caleidoscópio em movimentos com efeitos harmonizadores com expressões artísticas como as representadas no mundo folclórico.  

         Retomando a questão de nosso escrito, acerca dos movimentos humanos integrados com as artes folclóricas e suas vivências geradoras de cores, vida e manifestações culturais, seus efeitos constroem energias de sentimentos que favorecem a integração humana evocando sentimentos nas pluralidades das vozes, cantos, movimentos com expressões verbais ou não verbais.   

 

 DESTAQUES DO FOLCLORE BRASILEIRO

 Somos seres de emoções, de diálogos, um constante ir e vir entre o certo e o incerto. Desta forma, buscamos alegrias, artes, convivências e diversidades no nosso cotidiano.

Não mirar o individuo desde um horizonte somente cultural, ir mais, olhar as estrelas e perceber o Universo em  nós, sentir que a vida é o princípio maior para cuidarmos da educação e do educando, somos todos nós. (Apud J.F. FILHO, 20015, P. 255).

Em se tratando de nossas  construções de conhecimentos, a mesma está no nosso “aprender a aprender” ou seja,  descobrir um caminho que seja nosso, daí o percorrermos com satisfação na busca de nossos sonhos, aprimorando-nos e sentindo o gosto do saber viver.

Cada um de nós cria um espaço de infinitas cores em nossas linguagens individuais, buscando compreender e entender os movimentos de nossas emoções, cognições, relações pessoais, procurando entendê-las em um mundo possível em permanentes movimentos e transformações.

Estas reflexões nos levam a refletir as funções das manifestações no segmento relativo às cores representativas das artes folclóricas em intersecção com as danças e movimentos.

Destacamos por exemplo à imagem do “Dragão”, conhecido como “O boitatá” que é uma lenda do folclore brasileiro. Sua imagem é a de uma cobra de fogo com muitos olhos e que protege os campos daqueles que tentam incendiá-los. O primeiro registro que se tem da “lenda do boitatá” foi feito por José de Anchieta, no século XVI. Essa lenda varia bastante de acordo com as regiões do Brasil.

O folclore brasileiro é muito rico, tendo sido formado a partir da influência de culturas de diversos povos indígenas, povos africanos e dos europeus, em especial dos portugueses.

Existem alguns aspectos culturais que já se mostraram universais. Mesmo em se tratando de distâncias geográficas como Brasil e China.  sendo tão distantes geograficamente, ambos possuem elementos folclóricos que guardam semelhanças; como  a associação de animais míticos com elementos da natureza. Sem intenção de comparar, destacamos dois seres lendários que guardam semelhanças entre si, um bem brasileiro e outro extremamente popular na China. O Dragão Chinês, é conhecido no Folclore brasileiro como “Boitatá”.

 

Clique e veja mais sobre “Boitatá”

 

A palavra Boitatá, em língua Tupi-Guarani, teria vindo da junção de “mbai” (cobra) e “tata” (fogo). Esse animal mítico teria origem na cultura indígena e seria uma cobra de fogo que protege a natureza.

Segundo alguns folcloristas, os negros africanos trouxeram suas crenças para o Brasil que falavam sobre uma entidade que habitava as águas profundas, cujo nome seria “Bia tatá”. Possivelmente, a lenda brasileira é uma amálgama de ambos.

Há variação em sua história, sendo que a mais comum descreve o “boitatá” como uma imensa cobra de fogo que vive nos rios e sai no momento que há invasores nas florestas para queimá-los.

“O primeiro registro que se tem do boitatá é de 31 de maio de 1560, em um relato escrito pelo padre jesuíta José de Anchieta. Na sua menção, ele falou de um fantasma que os índios chamavam baetatá, definindo-o como um “facho cintilante” que os matava, assim como era do feitio dos curupiras. Na tradução dada por José de Anchieta, baetatá significa “coisa de fogo”, palavra essa formada da junção de duas palavras do tupi: mbai, que significa “coisa”, e tatá, que significa “fogo”.

“A forma mais comum pela qual o boitatá é conhecido é a da cobra de fogo, mas a popularização da lenda no Brasil e sua difusão por outras regiões fez com que o personagem ganhasse características distintas de acordo com o local do país em que se está.

Entre as diferentes visões que se tinha do boitatá estão: os índios acreditavam que ele os mataria; em algumas regiões do Brasil, como no Rio Grande do Sul, falava-se que o boitatá matava e comia os animais que cruzassem o seu caminho; em outros locais, como Santa Catarina, ele é, na verdade, um touro com um olho gigantesco na testa.

Existem locais no Brasil que entendem o boitatá como a manifestação dos espíritos das pessoas que não foram batizadas. Essa descrição se entende como uma influência europeia na lenda, pois, nesse continente, muitos entendiam o fogo-fátuo como a alma penada dos não batizados. Entretanto, a forma mais tradicional concebida desse ser em nosso folclore é como o protetor dos gramados naturais.

Além dessas variações nas características, o próprio nome do boitatá pode se alterar dependendo da região do país, conforme anteriormente citamos. Em alguns locais do Nordeste e Norte, ele é conhecido como batatão, já nas regiões mais ao Sul do Brasil, esse ser é chamado por nomes como boitatá, batatá e baitatá.”

 

Imagem de Lili Shih por Pixabay

 

 COR & DANÇA

“Se o mundo brilha somos inundados por suas cores e formas. Suaves como as nuvens e brilhantes como o sol”. Stella Gaspar (2023).

As cores são fascinantes como um mar imenso sem fim. Elas inspiram poesias, movimentos e danças. Assim, são as cores, especialmente as do arco-íris trazendo após a chuva ares de esperanças.

– Para que servem as cores?

Parafraseando Rubem Alves (2021, p. 156). “Elas falam da simplicidade da vida, da linguagem sem fala e a das que nos falam. Da necessidade de nos deixarmos florir como os Ipês coloridos”.

Nesse aspecto, transcrevemos o pensamento de Gadamer ( 1998, p.93), quando diz que na obra de arte acontece de modo paradigmático o que todos nós fazemos em nossa existência: a construção permanente do mundo.

Um mundo pintado nas telas de nossas visões, em expressões construídas em nosso pensar,  interagindo com as manifestações plurais.

 

Imagem de kitti851 por Pixabay

 

Assim, as representações culturais  como qualquer expressão humana, são capazes de traduzir sentidos evocando o desvelar de um poema, uma dança mediante o momento.

Um poema do folclore brasileiro

É tempo de pular fogueira,
celebrar o folclore e a cultura brasileira.
É tempo de comer bolo de milho,
passar a tradição, de pai pra filho
É tempo de fortalecer a fé!

Rafael Nolêto

 

Em junho começam os festejos juninos no Brasil.

Imagem de Romilson de Queiroz Supremo senhor do universo por Pixabay

 

As tradicionais fogueiras das Festas Juninas são herdadas das culturas greco-romanas e dos celtas. Esses povos cultuavam as fogueiras como forma de agradecimento aos deuses pelas boas colheitas. Essa prática também foi aderida no Brasil, fazendo com que esse item se tornasse mais um símbolo forte de festividade.

Imagem de Eduardo dudu por Pixabay

 

Um mundo de alegrias, de criatividades, danças e cores com dias de temperaturas mais baixas, mas com o calor dos corpos em movimentos é tudo único e  maravilhoso com comidas típicas, danças e conhecimentos regionais. O grande espetáculo folclórico junino é um evento de relevante importância para a região do nordeste brasileiro onde os gêneros musicais, acompanhados de bailados específicos, são uma tradição há séculos.

Mas, com certeza o mais popular dentre os ritmos e danças típicas nordestinas é o Forró, dançado não somente no nordeste, mas em todo o Brasil. Estilo musical dançado,  junto ou separado. Ritmo que embala as festas juninas em todo país, o forró é mais uma herança africana incorporada à cultura brasileira. Pelo menos é o que diz o historiador e folclorista potiguar Luis da Câmara Cascudo.

 

A MISTURA PERFEITA

É  uma paixão com  somas e aproximações, sendo  lírica e amorosa. A mistura perfeita da dança espalhando cores, movimentos e ritmos é uma bela linguagem corporal poética, um tempero somado aos sabores das alegrias, eternizando sentimentos.  (Stella Gaspar, 2003).

O corpo em movimento com outro corpo em uma dança exige passos  que guiem um ao outro que se deixam levar pelas melodias. Ficamos conectados por uma teia invisível.

Os festejos coloridos como narrados aqui deixam a imaginação desenhar nossa forma de expressar com o corpo as cores despertadas em nós. Isso nos encanta, cada um com o seu jeito de viver o momento. As cores são mágicas, as cantorias fervilham nos corações que de tão próximos cantam as músicas juntos.  Lembramos dos festejos juninos de qual seja a região onde seus detalhes ficam na nossa memória afetiva e na alegria sentida.

           

Imagem de Daniel Ribeiro Cortat Arastoro por Pixabay

 

A data 24 de junho celebra o dia de São João, um dos principais santos juninos e um dos mais conhecidos santos católicos. Segundo a Bíblia, João Batista foi primo e contemporâneo de Jesus Cristo, exercendo um papel muito importante em sua história. O santo também aparece na obra do historiador Flávio Josefo, como uma importante figura histórica de sua época. 

Imagem do Historiador Flávio Josefo

 

ASSIM CONCLUIMOS

Em mim aflorou muitas alegrias em poder ter deixado minha narrativa nessa edição para vocês leitores. Senti-me muito estimulada pelas vibrações das cores, dos movimentos e das lembranças dos festejos juninos.

Uma emoção  em minha  autopoiese,  inspirando-me a cada palavra que escrevia.

Meu objetivo é de estimular desejos de vida com alegrias para todos, através das belezas trazidas pelo folclore brasileiro. Destacamos aqui as festividades, significados, o folclore na região nordeste…

Deixo o meu carinho e agradecimentos por sua companhia. Felicidades no plural.

Imagem de Engin Akyurt por Pixabay

 

Por STELLA GASPAR

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