AUTOPOIESE E NARRATIVAS – Fotografia, Olhares, Vida e Emoções

AUTOPOIESE E NARRATIVAS – Fotografia, Olhares, Vida e Emoções

“A fotografia deixa no nosso ser-lírico um mundo imaginário,

real, abstrato e poético. Com elas, voamos nas asas de nossos sonhos,

desejos e fantasias, em mundos coloridos e iluminados.”

por Stella Gaspar.

 

A Fotografia eterniza momentos.

A Poesia eterniza sentimentos.
A Fotografia é a Poesia da imagem.
A Poesia é a fotografia das sensações.

(Autor desconhecido)

 

 Bem-vindo e bem-vinda, às narrativas descritas nesta Coluna Autopoiese & Narrativas.

 Este texto narrativo visual e autoral elucida concepções e olhares, envolvendo o mundo poético da fotografia. Apresentamos à temática “Fotografia, Olhares, Vida e Emoções” discorrendo sobre as múltiplas movimentações e emoções, que a extraordinária arte em fotografar proporciona dando sentidos às histórias de vida que a cada momento, em suas múltiplas expressões se manifestam.

 Neste sentido, destacamos como as fotos familiares, emotivas ou de vivências em suas essências concretas e subjetivas podem dar voltas ao tempo com a necessidade humana de recordar o vivido e o sentido, onde a beleza está em todo lugar como um nascer para a vida em tonalidades celestiais.

 Então, podemos dizer que a fotografia é a poesia, a música e a vida em ciclos que o tempo vai deixando em nossos olhos além de ser um corpo e uma voz, uma sensibilidade. Também é, uma linguagem subjetiva, pois leva em conta o tempo, a história, um destino, que diferencia-nos uns dos outros, com as nossas singularidades.

 Seus momentos têm ressonâncias, ecos e pensamentos. Podemos sempre criar um cenário possível, sendo assim, o mundo poético fotográfico tem a possibilidade de criar cultura, que recria e nós a recriamos nas nossas fantasias, com nossos olhos de encantos pelas mágicas imagens fotografadas.

 Destacamos frases inspiradoras de fotógrafos aqui destacados:

 “A vida é como uma câmera”. Peter Adams

 “Apenas fotografe o que você ama. “(Anônimo)

 “O objetivo de tirar fotos é para que você não precise explicar as coisas com palavras.” Elliot E.

 “Fotografia é a poesia dos olhos traduzida na essência das emoções.” Michelle Ramos.

 “Um bom clique não deixa que os momentos escapem.” Eudora Welty.

 A fotografia promove comunicação, estímulos, sugestões, delineando determinadas formas de desenvolver processos comunicacionais. A palavra fotografia pode parecer algo fácil de definir, mas é mais complexa do que aparenta. Não se trata apenas de uma “imagem” que aparece em uma revista, em uma capa de um jornal ou em uma cena de um filme. Para determinar o seu verdadeiro significado é preciso refletir e estimular às memórias, conhecimentos, cultura, conhecer o mundo e a realidade que nos rodeia. Essa concepção convoca-nos a pensar sobre a presença dos protagonistas fotografados e o que inspirou a fotografia, sua contemplação e a entrega da criação para o outro e o seu mundo de um contexto individual ou coletivo de imagens e sons.

 A ênfase dada neste artigo “Fotografia, Olhares, Vida e Emoções”, não está voltada somente à ação de fotografar, mas aos diferentes modos de conexões que fazem emergir a valorização do ser humano em seu tempo. Assim, estamos entendendo a fotografia como um meio de fomentar afetividades, aprendizagens e espaços de interatividades.

 No decurso desta narrativa visual e escrita, fomos tendo acesso a caminhos abrangentes e apaixonantes nessa temática. Trazemos à luz conteúdos simbólicos e vivências registradas em fotografias, dinâmicas em constantes transformações. Ressaltamos que corpo, intelecto e sensibilidades compõem esse universo. São olhares múltiplos que expressam o diálogo com o imaginário, com a corporeidade e emoções. Um tema instigante, interessante e estimulante. A fotografia é um encontro com as nossas emoções, fantasias e belezas interiores.

 Cada fotógrafo possui a sua originalidade, mobilidade, liberdade, desejos, contextos sociais, culturais, etc. Ao fotografar o profissional ou amador deverá expandir sua criatividade, sensibilidade, seu sentir e seu pensar e atuar de modo integral com autonomia visual, incentivada pelos ambientes sociais, profissionais e familiares. Acreditamos que esse caminho, poderá retratar percepções dos diferentes estilos de vida e de mundo.

 

 Tecendo registros de um tempo

 A fotografia quase sempre possibilita os (re) encantamentos de nossas vidas.

 São encontros de um tempo ou a volta de uma memória de acontecimentos que ao longo de nossas vivências, fomos trilhando, como uma viagem em que há um ponto de partida, e um ponto de chegada, um início ou um final que logo pode ser recomeçado.

 Para refletir melhor sobre a temática em discursão, abrimos um leque de reflexões com base nos achados pesquisados, nas leituras desenvolvidas nos levando a compreender essa íntima relação entre vida e fotografia.

 A gente vai e volta, refazendo o percurso das histórias de nossas existências, de nossas celebrações na vida. A fotografia pode alterar as imagens de um tempo com múltiplas possibilidades para um transfazer. Vemos a fotografia como uma possibilidade de experiência não só para aquele que faz o registro, mas também, para aquele que dele usufrui. Penso que através dela, de alguma maneira, a ampliação de horizontes vai proporcionar uma visão própria do ser sensível no mundo podendo estar presente e atuante na vida em sociedade.

 A seguir destacamos:

A fotografia é uma música criando dentro da gente, a proximidade com uma vida em harmonia, trazendo ânimos e alegrias.

 Na fotografia a poesia está presente com nossos olhares românticos, que encantados (as) recordamos e imaginamos, sentindo os aromas, o abraço amoroso, e a perfeição do momento na suavidade do amor.

 Com as fotografias, vivenciamos ciclos e registros de vida no transcender de nossas trajetórias, registradas. O fotografo desenvolve sua arte, podendo pintar a vida de calmarias ou tempestades, com olhos curiosos e atentos, se permitindo usar sua autopoiese, seguindo os rumos de sua criatividade.

 “Com base no que percebemos, o mundo fotográfico envolvido pela poética da vida, em processos dinâmicos e autopoiéticos, busca compreender a estética da fotografia, que toca nossas vidas no tempo, no amor e na poética da nossa existência”.

 Diante do exposto, podemos considerar que um mundo de cenas vivas dentro de nós, constituídas por nossas linguagens afetivas, cognitivas e sociais, cria uma organização autopoiética, autocriadora e inspiradora.

 A palavra “fotografia” vem do grego e significa “desenhos de luz”.

 Na linguagem poética fotográfica, a poética, está relacionada ao ato de fazer, ao ato de produzir, ao ato de criar, ao ato criador do artista. Na dinâmica desses processos encontram-se os selfs de nosso corpo interior para se expressar, no emaranhado de complexidades em sintonia com o meio, e a interação de nossos olhares sensíveis.

 A fotografia e seus momentos têm ritmos, silêncios e um deslizar de sonoridades. A sua poética está no olhar o olhar, na alteridade e a sua relação com o outro, em um espaço solitário ou coletivo, está onde tudo começa e (re) começa. Com dedicação plena e íntima do que nos é permitido ver, observar e argumentar.

 Nessa perspectiva, destacamos o poema.

O rosto

Roseana Murray

 

O tempo escreve no rosto

Ventos, luares, estrelas.

Com um pincel incansável.

Letra por letra desenha nosso mapa

Feito de labirintos, cavernas e estradas.

Por onde galopam unicórnios e sonhos.

 Ressaltamos que a poética na fotografia, está voltada para, como a arte de elaborar composições, envolvendo emoções, histórias de diferentes contextos. Nesta autopoiética narrativa a palavra poética, não tem o sentido de elaborar poesias. Estamos compreendendo que a fotografia nos inspira a partir de um visual, de um conceito. Ela é poética na arte de compor imagens, de seduzir nossas memórias nas marcas de uma saudade, de um tempo.

 

Emoção e alteridade na poética da fotografia

 Os afetos, as emoções, os desejos têm origem na percepção. Ultrapassa os limites da imagem. Ela é uma energia que tem a capacidade de transformar um simples registro em algo mais vibrante. Como é o caso da possibilidade de dar vida, sensações, sentimentos para além do que a linguagem visual nos mostra.

 Sem sombra de dúvidas, a afetividade faz diferença no ato de fotografar, unindo a razão, o corpo e a emoção em um mundo feito de imagens. Daí o entrelaçamento do emocional, da sensibilidade com o racional. Penso que não há ação sem emoção, a história da hominização é o amor, uma emoção que funda a aceitação do outro. Segundo o significado de alteridade é importante que o indivíduo se reconheça como autor de seu pensar, sendo o desejo de seu próprio desejo, sendo responsável por seus atos. A alteridade significa constituir-se como outro, conferindo-lhe a percepção de si mesmo.

 A alteridade dá ao homem a liberdade de ser ele com o reconhecimento de sua legitimidade. Está acontece nos princípios da igualdade, e se fundamenta na dialogicidade e na amorosidade, na ética, no respeito à diversidade. É preciso aceitar a forma de ser e pensar do outro. Assim, nos faz refletir sobre a relação da alteridade com a fotografia.

 O fotografado (a) precisa autorizar-se a usufruir da sua liberdade e mostrar suas imagens de acordo com o que lhe fizer mais feliz. Cabe ao fotógrafo ter uma postura que favoreça o autoconhecimento seu e do outro, com o conhecimento de sua própria natureza humana. Isso pressupõe acesso aos sentimentos, às emoções e aos afetos para que o outro possa entender o seu comportamento de forma construtiva. Ser fotografado (a) e fotografar é um encontro com o “Eu”, com a sua individualidade, com suas verdades, com a beleza mais interior do que exterior, porque a beleza invisível enaltece a exterior.

 

Narrativas visuais

 São várias as narrativas que encontramos em uma imagem fotográfica, como uma chuva de ideias. É pela compreensão de cada registro que se percebe a importância do olhar de fora, para o olhar de dentro. A narrativa visual na fotografia pode ser entendida como a construção de uma história para a imagem. Essa história não precisa estar completa, ela pode ser um conteúdo que desperte a vontade de preencher as lacunas com sua própria imaginação.

 De alguma forma, as narrativas visuais, são histórias sem fim. Ela envolve todo o trabalho de fotografia e não apenas de uma foto bem dirigida, iluminada, ela é uma autopoiese em movimento, é transformação, é ousadia é deixar-se ser sua própria autoria.

 Sob o ponto de vista autopoiético a fotografia pode ser considerada interativa e social. É importante destacar, a ousadia no ir além do que é visto. A visão do fotógrafo não é linear, estas são variadas. Não existe monotonia, é um momento individual e também coletivo. É um mundo de imagens sonhadas, é uma composição de conhecimentos e de vida.

 Na autopoiese e na fotografia, a emoção tem vozes que se movimentam na imaginação, é como uma memória florida com flores se multiplicando. Tudo que somos é um complexo entendimento. A fotografia é uma autopoiese de tantas coisas, como uma luz que vem de longe. É uma sinfonia de suavidades e sensações.

 

Lentes Caleidoscópicas

 Uma imagem não verbal nos remete à ideia de movimento. Neste sentido, as imagens produzidas referem-se a movimentos internos. Assim, um caleidoscópio também pode ser considerado qualquer tipo de objeto que produz imagens coloridas, com diferentes formas simétricas, em constante movimento. Etimologicamente, a palavra caleidoscópio se originou a partir da junção dos termos gregos  kallós  (“belo”, “bonito”); eidos (“imagem”); e skopeo (“olhar para”, “observar”). Assim, o significado original da palavra grega seria “ver belas imagens”.

 Para nós, as lentes caleidoscópicas têm como principais ações: relembrar, retornar, rever, reconhecer, responder, reagir, realizar, respeitar, sobretudo renovar os contextos apreendidos. Funciona como uma bússola, indicando as direções para onde a energia do olhar através das lentes de uma câmera fotográfica nos permite ir. Neste sentido, concordamos que a imagem é um ato, é uma transformação, é holística.

 

Considerações conclusivas

 Ao longo deste escrito, fomos percebendo as contribuições das fotografias em relação ao resgate das imagens, de suas transformações e o beneficio que cada registro pode trazer para um repensar. Cabe destacar, que estes construtos focados forneceram subsídios para a continuidade de pesquisas e reflexões com a temática aqui apresentada.

 Escrever sobre “Fotografia, Olhares, Vida e Emoções” permitiu-nos novos olhares afetivos e interativos para o mundo da fotografia, em contato com a vida e suas emoções, em um mundo de imagens que se compõe nas histórias de vida e concepção de ser humano na sua inteireza corpo-mente-espírito-sociedade-natureza-cultura.

Agradeço a todos (as) com satisfação!

 

Qual a melhor fotografia?

Por Stella Gaspar

 

A melhor fotografia
É a que permanece em todos os abraços
Dançando com a música de uma bela recordação
Os sorrisos são lembranças eternas
E a admiração, não muda com o tempo.
Na melhor fotografia
Existe amor no tempo presente
Recordando o passado
Na preparação para viver
O melhor no futuro.
Fotografando nossos corações
Para um duradouro contentamento.

 

Por STELLA GASPAR

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