CONTADORES DE HISTÓRIAS – A história contada por Maria do Socorro L.L

CONTADORES DE HISTÓRIAS – A história contada por Maria do Socorro L.L

MARIA DO SOCORRO L.L

Professora aposentada da Rede Municipal de Ensino da Cidade de São Paulo, graduada em história pela UNISA – Universidade de Santo Amaro, contadora de histórias, escritora, autora dos livros: Ideologia e Utopia na República da Estrela (2006), Amando e Ensimesmando (2010), As Aventuras de Martín (2018). Cordelista. Formadora do PROVE – Projeto de Valorização do Educador e Melhoria da Qualidade de Ensino. Em 2013 foi homenageada como Professora Emérita da Cidade de São Paulo.

 

 Nascida na pequena cidade de Olho D’água, sertão da Paraíba, como tantas outras em nosso sertão esquecido e explorado.

 Aos 20 anos mudou-se para São Paulo onde já moravam duas irmãs. Casou-se um ano depois. Hoje é mãe de um filho, uma filha e avó de dois netos.

 Foi professora da Rede Municipal da Cidade de São Paulo por 26 anos, desenvolveu trabalho sério, comprometido e baseado em um ensino inclusivo. Sempre acreditou na qualidade das escolas públicas e por isso dedicou seu trabalho sempre a esta modalidade de ensino.

 Em 2015 teve a alegria de ser escolhida Professora Emérita da Cidade de São Paulo.

Depois que me aposentei, procurei uma forma de, embora tenha saído da sala de aula regular, encontrar uma forma de continuar trabalhando na educação. Muitas foram as ideias e possibilidades que surgiram. Entretanto, buscando elementos significativos de minha educação escolar e familiar, encontrei, em minhas memórias afetivas momentos preciosos onde a leitura e a contação de histórias sempre tiveram presentes em minha vida. Embora a cidade onde eu nasci e estudei todo o ensino fundamental fosse uma cidade pequena, a escola na qual eu estudava tinha uma pequena biblioteca e um acervo basicamente de enciclopédias e livros de literatura infantil. Era muito comum pegarmos livros e levarmos para ler em casa.

 Filha de um militar, delegado da cidade e mãe, dona de casa, sempre teve incentivos para ler, escrever e ouvir histórias. Liam os livros que levávamos, para todos que se reuniam na sala de estar, enquanto a mãe costurava.

 Carrega na memória momentos especiais como do seu pai contando histórias, à noite, na calçada de casa, tanto para os filhos e filhas, quanto para a meninada da cidade que ia se aproximando para também ouvir as histórias que estavam sendo contadas.

 Com lembranças povoadas de contos de fadas e histórias das mais diversas, impossível não incluir experiência tão prazerosa em minha nova fase da vida.

Assim foi nascendo o desejo de contar histórias. Depois dessa escolha a reflexão foi: onde contá-las? Para quem? Como? Conversando com meu marido, sobre educação e acessibilidade, percebemos o quanto a zona rural dos municípios são carentes de matérias e atividades lúdicas.

 Assim nasceu o projeto voluntário de contação de histórias: Conte lá que eu conto cá. Com o projeto definido e o planejamento saíram por vários estados do Brasil estendendo sua colcha de retalhos e sobre ela contando nossa história e ouvindo as de quem também quisesse contar.

Antes e depois dessa experiência percebo o quanto contar histórias tem uma representação simbólica e constitutiva da nossa identidade. Por outro lado, percebo o quanto contar histórias revela o lado mais generoso e criativo de quem conta, sem dúvida, a recepção dessa generosidade, reverbera em quem ouve e se apropria do dito, mesmo que, inicialmente de forma inconsciente. Pensando assim contar história é provocar reações inesperadas e inexplicáveis em si mesma e nos outros. É ter a consciência de que a história contada não acaba quando o fim da história é revelado, pois a história contada não tem fim, ela fica guardada em um espaço em que a memória a recupera cada vez que momentos mágicos são recuperados através da afetividade.

 Para Socorro, a relação entre o contador de história e o ouvinte é íntima e carregada de cumplicidade. Muitas foram as vezes em que, ao contar uma história, uma criança a surpreendeu, com uma fala, um gesto, uma expressão corporal que enriqueceu a contação e a levou e leva por caminhos surpreendentes.

 Diante de tanta crença na contação de histórias como momentos especiais de descobertas de si e do outro através das imagens mentais que vão se formando em quem conta e quem ouve, o projeto ganhou corpo e foi viajando pelo Brasil que conheceram gente e lugares, contaram suas histórias, deixaram e trouxeram experiências valorosas de histórias de vida que, podem ser contadas como se tudo fossem parte de uma fértil imaginação.

CINDERELA

 

O POTE VAZIO

 

A ILHA DOS SENTIMENTOS

 

A COLCHA DE RETALHOS

Por MARIA DO SOCORRO L.L

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