CONTOS E MINICONTOS – A Lenda da Tigris – 4°parte por Juliana Rossi

CONTOS E MINICONTOS – A Lenda da Tigris – 4°parte por Juliana Rossi

Surge a Tigris

 Ao amanhecer os homens a mando do filho de Nadash, saem para procurar Leona, levam suas armas, temendo ter de enfrentar alguns tigres, andam o dia todo, não avistam um tigre se quer, oque é estranho! Ao pôr do sol voltam, pois será a cerimônia para despedida de Nadash, eles queimam seu corpo, num ritual de passagem espiritual e suas cinzas são guardadas com a de seus ancestrais.

 Kabir filho mais velho de Nadash, e agora o representante de sua casa, discursa:

 -Meu pai trouxe a essa familia, prosperidade, muitos filhos e filhas, servos e servas, fez dessa casa honrada e temida por seus inimigos, ele perdeu sua vida, por um acidente provocado pela filha de Norí, e essa perca irreparável, será amenizada com a aliança, onde suas filhas serão dadas a minha casa, como esposas e servas, para que todos lembrem-se do que um ato de rebeldia a instituição familiar de nosso grande Radanakã, pode causar, para que todas as filhas desse povoado entendam que devem servir e obedecer se Rakã, sem questionar, ou serão punidas.

 Naquele momento Surya sente uma imensa dor no coração e olha para suas meninas, temendo por elas, Norí acena com a cabeça concordando, mas envergonhado. E vovó Nadabe ajoelha e chora, no seu íntimo pedindo que se existe amor justiça e bondade, que essas apareçam, que tenham misericordia das suas filhas.

 Então começa o ritual, os chefes das casas formam um círculo envolta do altar onde o corpo de Nadash será transformado em cinzas, e cantam uma melodia triste em voz alta, os filhos e netos cantam junto um lamento, e pedem que Radanakã receba seu espirito.

 Durante o ritual, vovó Nadabe vê a coruja Doot, em uma arvore, e lentamente sem chamar a atenção de ninguém se afasta e vai até ela, que diz:

 -As suas orações estão sendo ouvidas pela grande mãe de todos, acalme-se saiba que grandes coisas estão para acontecer, mas por uns dias até os homens acharem que Leona morreu, os tigres e não serão vistos. Leona precisa se adaptar a sua nova forma de vida, logo vocês a verão. Será necessário calma e paciência. Acalme Surya, e continuem como se nada estivesse acontecendo.

 Assim ela retornou ao ritual, e aliviada juntou-se a sua filha e netas, acalmando-as e contando a Surya, que em breve verá Leona. Assim, durante 7 dias os homens saem a procura de Leona, e nada encontam, concluindo que esta deve estar morta.

 Dez dias depois do ocorrido, Vovó Nadabe chama Surya para levar as meninas para um banho de cachoeira, um lugar que Leoana adorava, então se animam um pouco e vão, as meninas correm na frente e entram na agua em saltos de alegria, Vovo Nadade e Surya sentam abaixo da queda d’agua para conversar e supervisionar as crianças.

 Após um tempo, elas ouvem um rugido, olham ao redor e nada acham, e novamente ouvem, e nada ao redor, então Vovó Nadabe diz:

 Parece vir de traz da cachoeira!

 E vai indo em direção fixa os olhos na queda da agua e vê uma sombra, então sinaliza para Surya, para ela vir. Tem uma caverna atrás da cachoeira, elas entram e lá está o Tigre, elas ficam olhando para ele em espectativa, o tigre se deita e começa uma trasformação, elas ficam assustadas mas creem não precisar temer. E então a nova forma de Leona, uma mulher- tigre, se levanta diz:

 Mamãe, Vóvo, sou eu! Me chamem de Tigris, a partir de agora. E as abraçou. – Deixem os homens achar que eu morri, a nossa vida vai melhorar, não seremos mais escravas, a grande mãe e os seus guardiões estão conosco. Logo entro em contato com vocês. Presciso ficar escondida mais tempo estou preparando tudo.

 Elas se abraçam se despedem, em lágrimas e cheias de esperança, que haverá liberdade e igualdade em breve.

Por JULIANA ROSSI

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