CONTOS E MINICONTOS Vidraça por Juliana Rossi

CONTOS E MINICONTOS Vidraça por Juliana Rossi

Numa tarde de sábado como de costume, eu jogava vôleibol na pracinha perto de casa, eu e minhas primas adolescentes, Maine de 13 anos e Camila de 12 anos, eu tinha 15 anos. Chegou ali um casal bem jovem que pediu para jogar, eu como a mais velha já fui questionando:
– Vocês não moram por aqui, nunca os vi!
– Mudamos para cá ontem, e meu namorado veio ficar aqui uns dias. Respondeu a mocinha, já pedindo a bola e começando a brincar.
Não quis bancar a chata, eles eram pouco mais velhos que eu, pareciam legais. Mas não demorou nem dez minutos e parou uma Van com um casal dentro dela, que chamou Lídia a mocinha, ela disse que eram seus pais e o casal parecia estar brigando. Lídia voltou, perguntando se tinha um mercado por perto, ela disse:
– Vem cá explica pra eles!
Fomos perto da janela da Van para explicar e muito rapidamente o casalzinho abriu a porta do carro e nos empurrou para dentro, arrancou embora e mal deu para gritar nos espirraram alguma droga e desmaiamos.
Acordamos já assustadas e cientes de que aquilo não era nada bom, num quarto com três colchões no chão uma garrafa de água, e já começamos a chorar e procurar saída desesperadamente, só havia uma janela no alto próximo ao teto de vidro e estreita, somente para entrada de luz. Então decidimos gritar para ver se alguém nos encontrava.
Então casal que vinha dirigindo o carro abriu a porta com uma arma apontada pra nós e diz:
– Não adianta gritar, estamos no meio do mato, ninguém vai ouvi-las!
É bom guardar energias a viagem será longa!
– Diz o homem parecendo um pouco bêbado ou drogado não sei ao certo, a mulher que estava com ele só colocava o dedo na boca pedindo silêncio, ela parecia assustada e tinha uma mancha roxa abaixo do olho.
– Para onde vai nos levar? Perguntei com medo da resposta.
-Precisamos de três putinhas iguais vocês! Amanhã cedo virão busca-las!
Minhas primas se abraçavam e choravam, sabiam bem o que era aquilo, eu sabia que se não fugíssemos, seriamos levadas para algum tipo de prostituição, e tive muito medo. Ele trancou a porta e sentei no chão começando a orar, logo estávamos as três orando. Logo escutamos um telefone tocar, e logo apor uma discussão, ficamos em silêncio, para entender o que acontecia e pude ouvir o homem gritando:
– O que? Vocês não vêm amanhã? Como vou manter essas meninas aqui mais tempo, vocês estão loucos, só no próximo final de semana? Pode fazer um PIX aí que só tem água aqui, e não vou gastar com elas!
Olhei para as meninas e disse, acho que ganhamos tempo! Precisamos pensar em algo. Elas só choravam e eu me sentia responsável, por elas por ser um pouco mais velha. Pelo barulho do carro saíram e parece que nos deixaram lá trancadas. Começamos a tentar de tudo, derrubar a porta, alcançar a janela mas não conseguimos, eles voltaram até que rápidos, devem ter demorado uma hora ou um pouco mais, entendi que não estávamos tão longe. Então o cara abriu a porta, estava bebendo e mais bêbado que antes apontava a arma para a mulher que estava com ele e disse:
– Amarre as mãos delas para trás. Você não precisa fazer isso. Só as deixe aqui trancadas. Dizia a mulher.
– Cala boca, acha que vou segurar elas aqui uma semana assim!
A empurrou em nossa direção, e ela nos amarra.
– Eu vou estrear essa aqui, como fiz com você, quando era mais nova e mais bonita.
E veio pra cima de mim, comecei a vomitar, minhas primas a chorar e a mulher levantou a voz com ele e disse:
– Vai estragar o produto como fez comigo, e não irão levá-la como aconteceu comigo!
– Sua vaca, tá com ciúmes é?
-Não, estou com dó delas mesmo!
Ele a pega pelo cabelo a empurra para fora do quarto e fechando a porta estamos a ouvir ele bater nela e pelo jeito ele a estuprou, o som era assustador! Seguido de um tiro e silêncio total. Percebi que ela, não me amarrou com força, parecia mesmo que queria nos ajudar, me soltei e desamarrei as meninas, peguei a caneca de aço que tinha para bebermos água, subindo com um pé em cada ombro de minhas primas alcancei a janela e cai umas vezes e subia novamente, o desespero era grande, me cortei mas consegui quebrar o vidro, e gritei por socorro por algumas horas, revezando com as meninas, foram horas, até que ouvi sirenes de polícia que parou de tocar, acendendo a lanterna em meu rosto na janela, entendi que estávamos salvas e desmaiei exausta.

Por JULIANA ROSSI

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