CRÔNICAS – Eternas Descobertas por Matile Facó

CRÔNICAS – Eternas Descobertas por Matile Facó

Era uma tarde de verão, e o calor escaldante invadia minha pele. Caminhava pelas ruas da cidade com o peso das lembranças e o vazio de um coração solitário. A vida parecia uma sucessão de desilusões e eu havia me resignado a nunca mais me apaixonar.

Mas, como um sopro inesperado, ele apareceu. Seus olhos eram oceano profundo, capazes de me mergulhar em um mundo desconhecido. Era um encontro casual em meio ao caos cotidiano, mas parecia que o destino havia traçado aquele momento.

As palavras fluíam entre nós como se sempre tivéssemos nos conhecido. Suas risadas ecoavam em minha mente, deixando marcas indeléveis em meu ser. A cada dia, eu me via desabrochando como uma flor há muito adormecida.

Ele me mostrou que o amor não era uma utopia distante, mas uma possibilidade real. Como a chuva após a seca, a paixão regava meu coração ressequido. E em seus braços, encontrei o abrigo que nunca soube que precisava.

Se apaixonar de novo era como mergulhar em um mar de sensações. Cada toque, cada carícia, ressuscitava em mim a capacidade de sentir intensamente. E eu me entregava àquela dança arriscada, permitindo-me ser vulnerável e verdadeira.

As sombras do passado ainda pairavam ao meu redor, mas com ele, aprendi que o amor não anula a dor, mas nos ensina a conviver com ela. Juntos, dançávamos entre luz e sombra, em um balé harmonioso de sentimentos.

A paixão nos envolvia como uma chama ardente, e em meio à intensidade do sentimento, redescobrimos a nós mesmos. O medo do desconhecido se desvanecia, pois a cada dia ao seu lado, eu sabia que havia encontrado algo raro e valioso.

Se apaixonar de novo era como escrever uma nova história em páginas ainda em branco. O presente e o futuro se fundiam, e cada capítulo era uma aventura de sentimentos e descobertas. E eu me deixava levar por essa viagem sem rumo, pois havia aprendido que o amor é mais sobre a jornada do que o destino final.

E assim, entre risos e lágrimas, entre dias ensolarados e noites estreladas, nossa história se desdobrava em um enredo inesperado e apaixonante. Ele se tornou meu confidente, meu cúmplice, o ombro onde eu encontrava abrigo nos momentos de fragilidade. Juntos, enfrentamos os desafios da vida, pois sabíamos que, com amor, tudo se tornava mais leve.

A paixão nos impulsionava a explorar novos horizontes, a redescobrir o encanto das pequenas coisas e a valorizar cada instante compartilhado. Com ele, aprendi que o amor não é uma prisão, mas uma liberdade que nos permite sermos nós mesmos, sem máscaras ou pretensões.

Nossa rotina, antes monótona, transformou-se em uma dança animada de cumplicidade e admiração mútua. Nas noites em que o céu se pintava de estrelas, caminhávamos de mãos dadas, contemplando a beleza do universo e das nossas próprias almas conectadas.

O passado ainda deixava marcas em meu coração, mas com ele aprendi a não temer as sombras, pois a luz do amor iluminava cada canto obscuro. As dores que antes me feriam tornaram-se cicatrizes de aprendizado e crescimento, que me mostraram que o amor também é feito de superação e transformação.

Aprendi que se apaixonar de novo não significa esquecer o passado, mas permitir que o presente seja uma nova tela em branco onde novas cores e formas possam ser criadas. Nosso amor não era perfeito, mas era autêntico e verdadeiro, com suas imperfeições e singularidades.

Em meio à intensidade desse sentimento, compreendi que o amor é também sobre o cuidado, o respeito e a compreensão. Era estar presente nos dias difíceis, nas inseguranças e nas incertezas, e segurar a mão um do outro, enfrentando juntos os obstáculos que a vida nos apresentava.

A cada novo amanhecer, a gratidão transbordava em meu peito. A vida e a obra de Conceição Evaristo, que antes me inspiraram a abraçar o amor novamente, tornaram-se parte de nossa própria história. Pois o amor, assim como a escrita de Conceição, é uma celebração das vivências e das emoções que nos fazem humanos.

Se apaixonar de novo me ensinou que o amor não é um destino final, mas uma jornada constante de descobertas e encantamentos. É uma dança que nunca cessa, onde os passos são dados com o coração, e a melodia é a própria vida. E nessa dança, encontrei um parceiro que fez meu coração vibrar, que me fez acreditar novamente nas maravilhas e surpresas que a vida tem a oferecer.

Assim, entre o ontem e o amanhã, dançamos juntos nesse presente eterno, vivendo o amor em sua plenitude, como uma canção que nunca se cala. E ao lado dele, aprendi que se apaixonar de novo não é apenas possível, mas é uma dádiva que nos permite explorar a essência mais profunda de nós mesmos.

Por MATILE FACÓ

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