CRÔNICAS – Não jogue fora seu balão por Rafael Rodrigues

CRÔNICAS – Não jogue fora seu balão por Rafael Rodrigues

 Em casa temos o costume de rever livros e revistas que habitam as estantes. São enciclopédias, coletâneas, edições de livros antigos, modéstia parte os melhores. Fazemos doações para bibliotecas comunitárias. Entre eles as famigeradas coleções de gibis e histórias em quadrinhos. Gibis fizeram a minha infância até os 15 anos, depois vieram as famosas “HQs”.

 A histórias desenhadas surgiram no final do século 19, como forma de facilitar a comunicação. Sim, era coisa de Visconde desenhar bonequinhos com balõezinhos na cabeça, lá nos idos anos de 1890. Importamos este fascinante costume das penas dos irlandeses, ou melhor do precursor Alfred Harmsworth. Na época quem tinha gráfica, tinha tudo. E a “briga” vai longe, com os americanos querendo puxar a sardinha da origem para o seu lado.

 Por aqui as lendárias páginas, que inicialmente se apresentava em nanquim preto, vieram pelas mãos de um homem dividido. Meio italiano, meio brasileiro. Foi justamente quando Ângelo Agostini apostou nas páginas do jornal Vida Fluminense para dar vida ao primeiro registro de história desenhada.

 E quando eu falo de briga longa, pode-se estender até mesmo aos meandros da Segunda Guerra Mundial. Para nenhum alemão ou japonês botar defeito. E pensar que gibis ajudariam em uma batalha dos americanos. A censura chegou para incomodar legal na década de 50, mas a linha dura, para a alegria de muitos fãs de balões e onomatopeias da época, só durou até a década seguinte. E com ele, o aracnídeo mais famoso que pulou das páginas para as telas do audiovisual. Sem esquecer de memoráveis criações francesas como Asterix e TinTin.

 Da década de 90 para frente o cajado passou para as mãos de nomes como Stan Lee e Alan Moore, com o advento e uso das novas tecnologias de coloração das páginas e desenhos mais realistas, dando início a era da família do “D”. Afinal, qual capa não chamaria mais atenção, senão as que estampam o 3D. As gigantes Disney, Marvel e DC Comics agradecem. Uma nova era se próxima mais uma vez, a do “faz o download aí”. O digital, para você desenhista e colorista, que pode fazer seus projetos sem gastar folhas e lápis. Consciência ecológica.

 No futuro próximo, quem sabe, os seres humanos também não andem pelas ruas com balões cheios de letrinhas na cabeça.

Por RAFAEL RODRIGUES

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