DESNUDA EM PALAVRAS – Cinzas por Fernando Airan

DESNUDA EM PALAVRAS – Cinzas por Fernando Airan

 Eu tremo de frio e desejo. O vestido leve, sem nada por baixo, desenha meu corpo em cada detalhe quando a brisa fria entra pela janela arrepiando minha pele.

 Sinto meus seios roçando contra seu peito alvo enquanto sou envolvida num abraço apertado.

 Seu membro soluça ao meu toque, seu suor escorre e molha minha testa… Ele tem medo, mas ainda temos tempo antes que tudo se acabe! O sol é nosso inimigo e a noite é cúmplice pela última vez.

 Dolorosamente ele se ajoelha aos meus pés envolvendo seus braços ao redor da minha cintura e respira fundo sentindo o cheiro doce do meu sexo e apertando seu rosto contra meus pêlos.

 Eu nunca disse não! Nunca neguei o calor do meu fogo ou o consolo dos seus beijos! Quantas vezes fiz carinho em seu rosto enquanto dormia? Quantas vezes disse que sentia sua falta quando ele demorava a retornar?

 – Você é tudo o que tenho. – Falo entre lágrimas.

 É doce ver seu sorriso e me consola saber que tenho um lugar no mundo. Troquei o dia pela noite, mas não ganhei a eternidade

 Delicado, ele me toma em seu colo e me deita na cama levantando meu vestido. Beija meus seios sem pressa, lambe os mamilos, morde e suga com força me fazendo gemer de dor e prazer.

 Suas mãos são grandes e fortes e ele aperta minha carne trêmula. Sua língua desenha o caminho pela minha barriga até as coxas, fazendo meu coração gritar quando engole meu sexo inteiro com sua boca sedenta.

 Sou devorada em minha intimidade, cada detalhe é remexido, explorado, degustado… As vezes dói, mas a dor me faz lembrar seus carinhos e eu aceito sem reclamar. Escorro tanto mel entre as pernas que molho o lençol e sou bebida em goles fartos.

 Ele me vira e eu, obediente, fico de quatro esperando ser invadida. Logo, seu corpo vai entrar em mim, mas antes vou ter que implorar, o que faço sorrindo.

 Eles vão chegar e nos encontrar juntos, um dentro do outro, como se fossemos um só. Vão ficar confusos com minha paixão, talvez achem que houve brutalidade quando brutal vai ser o momento que me arrancarem dessa cama.

 – Goza em mim… – Imploro na esperança de guardar algo de seu por um momento mais.

 – Ainda não! – Sussurra com uma voz grave e tediosa.

 Seu gozo não é pecado, é toda a liberdade que preciso. Não quero o mundo, nem os problemas da vida! Os homens da vila nunca entenderão isso! Eles não sabem o que é ser amada com tanta força e fúria, que sua pele precisa ser marcada pelo amante! Que precisa ser caçada pelas matas! Que precisa ser dominada e acorrentada como um cão!

 Ele arranca pedaços de mim quando morde, bebe meu sangue quando geme, me tortura quando gozo…

 No tempo certo, vai finalmente me preencher inteira e eu deitarei em seu peito brincando com seu membro ainda em riste. Ficaremos assim, esperando o sol.

 O céu fica laranja e meu amor me beija sem medo. Talvez esse momento fique congelado no tempo. Talvez sejamos cinzas misturadas e nenhuma força nesse mundo possa nos separar.

 Seus olhos vermelhos choram quando o dia nasce e ele se vai sem alarde.

 Me levanto nua e vejo eles chegando. Anos se passam e mesmo distante, eu ainda estou ali. Eu nunca saí dos seus braços…

Por FERNANDO AIRAN

Pular para o conteúdo