DIALÉTICA – Poesia: Transgressão e Imaginação

DIALÉTICA – Poesia: Transgressão e Imaginação

 O gênero poético transcende uma forma estética que faz o homem, voltar-se para si mesmo, a procura de um legado histórico que possa assim, diagramar seu espaço – tempo, como uma forma densa de se redescobrir, perante os diários mitológicos e reais que a natureza coloca defronte sua limitação corpórea.

 É certo se pesarmos dentro de termos religiosos, que a poesia caminha por circuitos de renovação do ser-humano, perante seu jugo em tentar controlar todos os seus sentidos vitais, dentro de um universo quântico, ao qual almeja se colocar no lugar do “grande arquiteto do universo”.

 Reflexões acerca da vida humana, fazem uma forte obsessão quanto a buscar no helenismo, de Hesíodo, que os “trabalhos e os dias”, estão na conjectura de forte e singela conexão do homem com uma escritura que assim o aproxima do seu bem psicológico mais comum, o amor, que também pode ser estendido para o ódio de uma amalgama de “um ser”, que aprende desde os primeiros passos, a estar nutrindo uma criatividade maniqueísta como sendo uma forma única de verdade.

 Sim! A poesia é sua mais pura criticidade em relação a formação dos sentimentos humanos, que assim passa por uma arte que desde os primeiros passos do jardim escolar, aprendem rimas, como uma maneira de se projetarem culturalmente e sentimentalmente um diante o outro.

 Sendo assim se voltarmos a Hesíodo, “o trabalho também é uma pura sinceridade dogmática, em que o homem se escraviza para conter algum tipo de prazer”, onde a poesia é cantada, como também é uma forma de fortalecimento do pensando helenístico.

 Se passarmos pela Eneida de Virgílio, ela também faz uma união entre os Deuses e Mortais, aos qual um não vive sem outro.

 E a poesia, é um clamor para que se chegar a uma ontologia de como a arte, pode cunhar caminhos divinos, em colocar no mesmo patamar o espiritual e o material.

 Epicuro em sua “filosofia do prazer”, promovendo uma explosão de nostalgias endógenas, em que o corpo, não é somente a sensação de penetrar a carne do parceiro, e sim uma construção em larga de escala de que é necessário um linguajar para conquistar outro “corpo”, ao qual possa ser assim chamado de amor.

 Um “amor, que foi ganhando tenacidade com Jesus De Nazaré”, em suas passagens pregando a ‘boa nova” para os cristãos, que depois pelos evangelistas, que foram contendo em seus escritos bíblicos, não deixando de enaltecer uma gramática teológica, que assim cantava, com ardor, trazer, novamente paz e esperança para todas as pessoas.

 O próprio Alcorão é uma percepção, de código de conduta, para seus crentes, que assim contenha certo cunho de destruição da igualdade entre homens e mulheres.

 Tanto, que historicamente o conflito entre Ocidente e Oriente, na dita Pós- Modernidade, é uma mistura de sentenças intelectuais e culturais, aos quais “homens bombas, fazem das suas mensagens sagradas fundamentalistas do islamismo, um papel cruel de atos terroristas”, que se lançam assim para uma irracionalidade multiculturalista mundialista.

 Perry Anderson “coloca que para ocidente, o oriente é um campo de exploração material, mas também de alienação cultural”, pensando dentro de conjecturas resplandecentes de um idealismo, com toque sarcástico para se chegar a uma filosofia da composição poética, que não se escreva somente como uma forma de letramento vazio, que venha valorizar fracassos substituindo sonhos, que estão encarcerados dentro da mente de cada pessoa.

 É “necessário um personalismo introspectivo” que segundo Jacques Derrida, produza uma mensagem que venha decodificar signos para suplantar, que é jus uma vitalidade de gramática desconstrutivista entre as diversas culturas, e que não fique inteiramente ao bel prazer, de escrever por escrever e sim fazendo uma releitura, de tessitura interpretativa, que traga a graça de fantasiar, um graça, do que seja a reinvenção do amar mutuamente.

 “Um ‘amar”, que segundo Erich Fromm “passe do estado de sublimação corporal, para a consolidação sentimental”, adentrado nos limites do discurso de um paradisíaca paixão, em que assim se chegue à prosa maniqueísta de John Milton, que refaça novas comiserações de um “Paraíso Perdido”, que assim venha a aproximar o “sapiens” para uma sabedoria questionadora brilhante, entre os devaneios de uma epistemologia de escrita que possa reunir elementos para um mito do “eterno retorno”, com reflexões de como homem ao mesmo tempo se compõem como material de criação divina e de espoliação do que seja assim caracterizado como sendo real ou não.

 Luiz Costa Lima, “em sua elaboração da construção da lírica moderna”, que assim venham com a nuança em fazer da arte escrita, um cabido de provocação contra a mesmice de uma criação literária possa, gerar modelos de sofismas agraciados filosoficamente, que transpassam metáforas que não contenham uma veia de virem a estrangular um senso-comum, em como realizar uma poesia como sendo cabedal documental para a compreensão de determinado histórico.

 O próprio Charles Darwin, por entre suas viagens do Beagle, pela América Do Sul, descreveu em suas observações de novos espécimes de maneira narrativa – poética, como uma forma, que assim fizesse seu leitor conter o prazer da leitura, e não exclusivamente vir cansá-lo com métricas de terminologias científicas específicas, que na contemporaneidade foi sendo muito utilizada em substituição ao hermetismo empírico, por intelectuais como Mary Del Priore, Yuval Noah Harari, Elio Gaspari, que retiram o rigor da linguagem científica, e fazem de suas obras, como sendo um arquétipo de escritura prazerosa, que vai assim enciumando, em como compor uma história como cunho leitor amoroso, para se chegar a uma liberdade, que esteja na cromátide de se recusar, novas maneiras, de enaltecer um inconsciente coletivo, que possa assim através de uma escritura cheia lisonja de graça estética, possa unir tanto o rigor como divisão, para um pragmatismo, que esteja, com jactâncias, em tentar diminuir, as dores humanas, perante seu próprio caminho de intolerância e crueldade.

 Se pensarmos em termos do período escravista tupiniquim, tivemos Gregório De Matos, Cláudio Manuel Da Costa, Joaquim Manoel de Macedo, Cruz e Sousa, Adolfo Caminha, Machado de Assis, que mesmo estando encarcerados em períodos históricos com época literárias diferentes, passando entre o barroco, simbolismo e o romantismo, engrandecem a necessidade de uma cultura nacional que assim pudesse assim estar em um levante abolicionista, de fazer a uma libertação perante a dominação portuguesa e que assim viesse conter novas celeumas, de uma intifada em lutar contra o apoderamento ideológico, que a colonização estava impingindo contra o povo do Novo Mundo.

 Mesmo no século XX, com a chegada dos Movimentos de Vanguarda, como Cubismo e o Dadaísmo, a poesia passou por um novo cânone, de exploração perante setores criativos, de um meneio de estar perdido por entre unir a busca da palavra perfeita, diante os sentimentos mais imperfeitos.

 Usando de Ludwig Wittgenstein, que “coloca que a organização de cada som, é uma forma do acaso da natureza, em chamar a atenção do homem”, para um diagrama informativo de que as uniões entre polivalentes conjecturas gramaticais que silabavam, no dito a necessidade métrica (im)perfeita, em fazer inteiramente uma nova poesia, dentro de do seu sentido intelectual tácito, assim como também a produzir imagens abstratas dentro da imaginação do leitor.

 Imagens que vão se construindo por um surrealismo, agraciado por um Salvador Dali, que fez sua da sua pintura, uma nova forma de busca na composição mecânica e física da luz, com um contorno de René Descartes, que assim fez do imaterial, uma simetria de ilusões, que levassem os homens a compreenderem bajulações de imagens, que estão além da compreensão de suas retinas.

 Assim se pensarmos nas poéticas de “concreto armado” feitas por Oscar Niemeyer e Norman Foster, em fazerem dos espaços arquitetônicos, novas estéticas de compreensões do que é estar dentro de um espaço físico que vai mudando lentamente com o passar do tempo, que assim detém uma tessitura, de realojar o homem em torno do seu primado estóico, existencial e vivencial, refletindo uma espiritualidade, que contenha nas formas geométricas, respostas, para entender até que ponto sua inteligência possui os limites, de construir novos portos passagens diante os desafios, de quebrar um pacto antropológico, aos quais languidos de uma educação propedêutica, que possa fazer assim da poesia, um novo esquema em abortar, as leis de uma atração cínica, que contenha uma paixão, repleta de humanizações culminando miasmas, de que a poesia, é uma expressão artística, em colocar para fora, aquilo de mais sublime que esteja dentro do ser humano, o “amor”.

 A Poesia Concreta, ou Neoconcretismo, procurou dentro do inconsciente, uma nova irrupção de criatividade que assim fugisse da necessidade em conceber um tipo de arte, que contivesse uma mimesis, em não produzir novos frutos, que assim viessem a sair de um tradicionalismo “em se fazer poesia, que ficasse no encaixe de termos parnasianos” segundo Ferreira Gullar, sem conter a regularidade de fugir de um tecnicismo de fazer uma escritura que estivesse dentro de uma matrona artística, que contivesse reflexos, em um forte giro de xilogravura social, pelo qual os recursos da escrita métrica, não tivesse um método claro em como se escrever, podendo fazer uma mistura de semiologias, de suntuosidades de linguagens, que para assim viesse combater diferentes dilemas humanos, em como compreender o homem no mundo.

 Martin Heidegger “em sua metafísica, retorna as premissas de um aristotelismo que em seu “kalos” , obtém uma forte maneira de causar impactos, quanto a fugir da pressão d uma possessão intelectual, em fazer da dor, um material de artimanhas que viessem a recompor um tempo, que assim como os Salmos proclamam, “fizessem lentamente através de pequenos fragmentos, trazendo polivalentes formas existenciais, para um cunho, de humanização, intelectual, que colocassem o espírito e a letra, a remexer o que seria amor, como também em como classificar o que pode ser empenhado como sendo dor”.

 Na tradição Ultra-Romântica a poesia é uma forma de levar comportamentos bizarros, que venham assim a conseguirem deixarem um amanhã cada vez mais perto de um objeto de devoção sexualista, que contenha um labor, que venha não faça a “repetição de frases e silábicas”, que não contivessem o sentido de uma subjetividade que abrisse caminhos para liberdades de criação de artística, que viesse assim a deixar o homem, como sendo um símbolo de pulsão da inteligência a ultrapassar seu próprio pragmatismo em viver dias e mais dias, sem o primor da poesia como forma libertária de si mesmo

 A Poesia que se aprende na escola, que deixa quase todo ser humano em algum momento como sendo um poeta nato, e que assim seja remediado, para transpor para fora do seu “eu” , a idéia de movimento, ao qual a imagem, venha fazer uma tópica de busca pela verdade, que muitas vezes, brinca com cada indivíduo, sendo assim situado, em artimanhas, para um sacrilégio psicológico, em suplantar uma nova forma de como enxergar e ver, que a arte, procura emoções que venham assim a aproximarem sua criação poética, para um sonhar, que seja também um humanizar, para se ter um ativismo intelectual, que não seja somente um sintagma, de fazer da semiologia, algo hermético, que não contenha um significado claro , que a poesia, é uma catedral de sonhos, de assim recriar fótons de desejos corporais, que venham unirem com a questão “revolucionária socialista de Maiakovski”, em fazer um pavilhão de possibilidades, no humanismo, que não é o bastante intelectual, em fazer a arte pela arte, mas sim conter uma idéia de Nietzsche, que “fala de uma aurora de esclarecimento das dúvidas espirituais mais elementares dos homens”, que assim também não entre no sentido de uma Indústria Cultural, transmitindo, que é necessário renascer a cada instante, diante uma humanidade que se tornou intransigente em um setor da sociedade civil mundialista empática, que apenas quer viver somente por viver.

 Salman Rushdie, em seus “Versos Satânicos”, conteve um exemplo na própria carne de como o fanatismo religioso do mundo muçulmano, pode deter uma aversão pela arte que não siga seus preceitos ideológicos, como também, estruture um Capitalismo de Mercado que apenas vende livros por vender, que ao contrário de uma decadente e cambaleante bloco Comunista, já não consiga produzir com tanto fervor um sistema de idéias que venha conter a violência de se lutar contra um sistema social opressor, que tem sua cultura divulgada de maneira em escala industrial pregando um tipo de hedonismo onde se deve, aproveitar tudo o que a vida tem de melhor, se se importar com as conseqüências a respeito.

 Federico García Lorca, em um de seus mais belos cantos “El Canto De La Miel”, faz uma analogia do mel, como sendo um motor de crescimento da vida através dos trabalhos árduos das abelhas, que passando para uma vertente mais humanista, recusa que precisamos sempre de um toque mais doce, para nos afastarmos das destruições, de afecções, de uma vida que seja ornamentada, para trabalhos, que possam assim conter atividades interpretativas , em fazem as pessoas, somente enxergarem o que é conveniente, para seus próprios egos.

 Partindo para uma poesia social de Vinicius De Moraes, vemos que em sua “Rosa De Hiroshima”, está um forte alerta para que a humanidade possa assim transgredir eticamente, diante os perigos de uma produção em massa de armas de poder de destruição em massa, que é recitado de maneira forte dentro das escolas, mas que em muitos momentos, não é levado em consideração ao seu viés sociológico e político, esperando que assim reciprocidade, quanto à importância para um nominalismo, em dar novas cores de amores, que foram refletidos em dores, que não continham um respeito coletivo pela vida, mas sim que estava concatenado para um mesmerismo em assassinar, uma arte que não contivesse o espaço – mental de servir em denunciar as principais atrocidades humanas, ficando encarcerada, a criar novas formas de estilísticas, que possuam, a inteligência de promover, que o homem não é somente um amontoado de desejos reprimidos, mas sim que está fragmentando, para um trabalho mítico, detido em uma forma de reaver uma estética, que não fique presa aos amores impossíveis, e sim que venham a trazer o (des)conforto da luta de classes, com um fervor de enaltecer o dilema entre o explorado e o explorador.

 Luís Vaz De Camões em seu Os Lusíadas, continha um parâmetro de imperialismo, que dentro do contexto das grandes navegações, era um retorno aos ideais Greco-Romanos, de ultrapassar o Mar Mediterrâneo e Oceano Atlântico, em tentar unir os três continentes (Europa, Ásia, África), e a América, que assim deixasse um sinal de um primeiro cunho de globalização, que depois Noam Chomsky em sua “teoria da gramática gerativa”, colocando, que não “haveria pureza dentro de toda a sua essência exploradora do homem”.

 Sendo assim Camões, é um insidioso, que seja uma transposição, que através da língua artística, s busca um fervor de poder, que assim construiu uma imagem preconceituosa do homem dos baixos trópicos, que viria a justificar a empreitada lusitana na conquista de novas terras além – mar, depois da empreitada feita pelos Reis Católicos da Espanha Fernando e Isabel, com Cristóvão Colombo.

 Assim como também Oswald Andrade, em seu Manifesto do Pau Brasil, faz um mistura de denúncia das atrocidades cometidas pelos portugueses como também a exploração de nossos recursos naturais, o que não deixa ter um sentido de transgressão capitalista moderna, na violação das liberdades individuais e da autodeterminação dos povos, que depois Eric Hobsbawm, vai trazer, em sua teoria acerca “do longo século XX” (1914 – 1991), que assim seria uma continuação de um neocolonialismo, que viria ao invés de caravelas e uso dos mosquetões, e agora através do aço e da industrialização, trazendo as razias de empresas multinacionais, que viriam dominarem com usufruto da mão de obra barata possuir os espaços das Américas, que depois foi “cantada” por poetas como Pablo Neruda, que não poupando estrofes para descrever em sua poesia as maravilhas geográficas chilenas, como também a opressão que seu povo sofria, através da violência e da ditadura de Augusto Pinochet.

 Mesmo não sendo da poesia puramente dita, dentro do seu estilo de escrita, vemos, por exemplo, uma transgressão em Júlio Cortazar, em transformar o fantástico e o absurdo, como armas para se lutar contra a opressão da Operação Condor, em não aceitar novos dígrafos para argumentação livre e crítica, passando para um pragmatismo, que assim pudesse fazer da poesia um ato político, assim como a narrativa fantástica.

 A poesia segundo o crítico Carlos Felipe Moisés “passa por um primeiro momento pelo espanto da sua falta de lógica, e que depois vai fazendo o leitor” criar suas próprias percepções, em torno de um “criticismo kantiano”, que venha assim submeter à razão, para um exercício, de inteligências, que contenha a consciência, de que para se chegar, um clivo analítico de labor a fugir da maldição parasitária, de ler somente por ler, é necessário passa por uma leitura diacrônica, que venha a fazer uma reflexão, que venha lapidar a mente humana, que esteja assim como uma pincelada, a construir novas formas de artes, que passe pelas letras, como uma forma que assim sejam secularizadas, para um sufrágio idealístico, em que a poesia, não somente se escreva por escrever, mas sim a subverter uma individuação que esteja santificada para lutar contra um senso – comum de problemáticas humanísticas , que não conseguem deixarem todos os homens em um mesmo prisma de igualdade e oportunidade, perante os dilemas que a vida vai impingindo para polivalentes subjetividades.

 Se voltarmos na Arte Poética platônica, vemos que a poesia liga caminhos de uma conduta cultural que assim possa fugir, de um senso – comum de se colocar dentro dos mesmos paradigmas, de uma gnose de elencar liberdades de diatribes, a um rompimento de diatribes, que venham assim a serem um termo questionador de poder construir pilares, para conteúdos de uma filosofia e musicalidade que possam terem uma psicanálise adentrar no mais profundo sentido dos sentimentos humanos.

 Para Hannah Arendt, temos caminhos de humanizações diferenciadas, através de um retorno ao pensamento dos gregos, que ganha admoestações contra “a massificação”, que assim não venha com sofismas, que formem uma reflexão de lamúrias intelectuais, que façam da poesia como sendo uma lógica do sentido falacioso, que assim caminhe para uma humanização, que não esteja na inutilidade intelectual, que venha a fazer uma subjetividade que não seja dominada por estigmas de enaltecer o sentimento pluralístico de opiniões diversificadas, sem conter os prognósticos de uma forma social de elaboração da mente dialética.

 Nesse cunho, Lev Vygotsky, coloca que “a arte não pode cair na reprodução, como sendo algo técnico, condicionado aos reflexos corporais e mentais previamente concebidos de acordo, com princípios de uma ornamentação intelectual em especial”, que possa assim orientar caminhos de languidos intelectuais, que sejam construídos em uma métrica de repetição morfológica constante,

 Dentro dessa esfera feita por Pavlov, a uma poiesis que “entra na repetição de escrutínios metodológicos”, para um paradigma de pragmatismos, que possam ser arquitetados para um universo nietzschiano, que possam assim serem provocados como uma arma persuasão a fazer das letras, um lugar do homem no mundo.

 Alberto Manguel, dentro de uma “história da leitura”, diz que a poesia era cantada como um utensílio para chegar até o lado sentimental mais íntimo das pessoas, fazendo uma nova forma de ver a sua intimidade, estando voltada para os sentimentos mais puros das pessoas.

 Voltaire classificou o sentido do “amor filosófico”, que ao mesmo tempo faz destreza de uma mente ácida, e que é um retorno a Ovídio, e “suas metamorfoses poéticas”, que sentencia que o homem, a procurar por seu espaço dentro de uma humanidade, que transgredi um cadenciar de respeito coletivo, que refaça cunhos para uma arte que possa estar submetida, em uma leitura possa tanto traçar, um “amar”, detido no caminho de humanizar, que a linguagem poética é uma loucura, estando estonteante, em não entrar no aglutinamento mental, de que possa ser uma arma inconteste de não trazer inovação, para uma teoria do agir, traçado, no diagrama de uma lingüística em compreender o ato de “ler”, como uma arma de construção de identidade intelectual concisa.

 Uma ‘identidade intelectual”, pela qual Fredric Jameson, passa por um “trido de que para e se chegar a conter um novo tipo de conhecimento o lúdico”, que assim formasse uma grandiloqüente artimanha literária, que seja uma “Kinesis”, provocando uma onda de revolta perante o senso-comum, para uma contracomunicação que segundo Décio Pignatari, “refaça na construção das letras”, algo que seja não somente uma corrente de repetição de tons, mas sim que possa reformular, a natureza humana, de que se possa ter amor, e também a revigorarão de uma criticidade,dialética para poder se alcançar uma lapidação de pensamento que possa ser tanto criativo, como também lúcido em sua criticidade.

 Um “ser criativo”, que assim passe pelos caminhos, de “grupos de criatividade” segundo um Domenico De Masi, que assim possa estar aspergido, para uma laborização do saber, mas que também passe por uma criticidade, que segundo Charles Baudelaire “faça da poesia, uma arma de luta contra domesticação de pensamento”, que em sua As Flores do Mal, possa lutar assim contra uma eminente destruição da capacidade da inteligência, que contenha consciência questionadora, e assim faça uma frequência de quinquilharias, quanto a tentar, manter uma ordem Do discurso, que siga metricamente tratados de conferências intelectuais acadêmicas, e que assim possa reaver uma literatura que não seja escrita somente por escrever e sim venha causar indignação.

 Michel Butor, coloca “que um dos primeiros objetivos do escritor”, é transpassar o real do seu momento histórico presente, e que se choque intelectualmente “com uma estrutura ausente”, segundo Umberto Eco, ou seja, o escritor-poeta precisa estar ausente perante sua auto-imagem criativa, para assim estar chegando a um contexto histórico onde sua criatividade pode ser colocada como arte e crítica,

 A trnagressão é um dos pilares da poesia, que assim se julga capaz de realizar uma crítica do juízo, e que também possua um comportamento maniqueísta, que ao mesmo tempo, esteja a uma diacronia de fúria para arte de escrever, que faça da “sociologia da arte”, uma simbologia, de que todo o sistema de signos e alfabetos, exalam uma subjetividade contendo um traçado sentimental de amor pelo próximo, e que não venha a favorecer a elaboração de um Leviatã da ignorância, sendo assim um estado mental onde a poesia somente não seja um amontoado de palavras sem conter um sentido epistemológico claro.

 Para uma possível cientificidade das letras, a poesia, contém a simetria de provocar o cérebro a cada instante, que não obstante aos quesitos de uma interferência de componentes gramaticais, seja sânscrito para uma demolição do senso-comum em ver somente aquilo que a luz captada pelos olhos pode trazer.

 Sendo assim a poesia, é uma forma de elevar pensamentos multi sintáticos para que haja um equilíbrio, entre o viver e o aprender.

 Ser diferente, na genealogia, de fazer uma escritura que possa assim estar no sentido de não se deter no clivo de que para se chegar a “uma psicologia da arte”, de Juan Mosquera, fazendo da arte em recitar e escrever poemas, passe por uma fonoaudiologia, em descrever, como as sinapses refazem felonias, para uma consciência social, que segundo Gyorgy Lukács, “construa uma organização de arte que seja contestadora”, que assim seja um elemento semântico, de ir contra uma “fabricação da loucura”, que segundo Thomas Szasz, que venham a demolir, uma pré-moldação de “eus”, que não sejam “seus”, pertencendo a algum tipo de modismo de estar, submergido, contra uma educação que seja “formal e não sentimental”, segundo as concepções de Gustav Flaubert.

 Para um contexto historiográfico, se analisarmos as pretensões teóricas de Antonio Candido, a poesia brasileira, de Gonçalves Dias por exemplo detém um tom de denuncia da barbárie cometida contra os povo indígenas, como também passando pelo Parnasianismo de Olavo Bilac, e seu poema Vila Rica, retrata em detalhes os trabalhos feitos pela corte portuguesa e sua exploração do ouro,, diante um metalismo, que caracterizou o século XVIII, nas Minas Gerais.

 No caso Bilac, a busca da palavra perfeita, na elaboração de estrofes que poderiam serem classificadas como um “poema-temático”, está no sentido de uma lógica formal, que assim possa conter, o rigor das palavras como uma forma de alertar o ser humano, que as formas o envolvem formam um caminhar espasmos intelectuais, que vão formando um buraco negro moral, se constituindo como um sujeito de agremiações indagadoras, a um ordenamento de fazer da poesia, uma articulação política e história, fazendo denuncias assimétricas contra a coroa portuguesa, realizando um caminho para o libertarismo de idéias, que possam, conter uma racionalidade, e uma poeticidade que possa envolver o leitor em uma áurea de mistério, para sua contemplação da capacidade de absorver e sair do concreto e chegar até o abstrato.

 Um abstrato que segundo as palavras de Roland Barthes, “que passe por uma escritura que venha aquecer, novos, diâmetros, de combater nostalgias quanto à clareza de um lirismo, que não fique auscultado somente ao seu próprio entorno emblemático”, que assim possa comprometer o autor sendo responsável único pela construção de uma transgressão que possa assim, fazer do indivíduo, uma vertente de buscar clareza dos problemas dentro dos piores calabouços da alma humana.

 “A Imaginação, que segundo Sartre, “é uma luta metafísica, contra um físico dominador”, necessita da arte como uma alusão, de que não basta somente reclamar de sua condição humana opressora, mas sim pensar dentro de um sistema estético tendo um toque de James Joyce, onde é necessário, uma indignação e revolta para se realizar uma arte que possa assim trazer clareza e esclarecimento perante atributos de um pensamento hermético, que ele “ em torno de um eterno retorno”, produza timbres teleológicos, de um que a alma humana precisa, de um multiplicidade de idéias, que sejam deistas, não no sentido religioso, mas sim em acreditar que através das letras se pode chegar a uma imaginação que parta para uma efetivação da razão em torno da realização de um bem-comum orgânico.

 Sendo assim, tanto a transgressão como a imaginação, estão intrinsecamente ligadas a uma filosofia da arte, que venha a pontuar um sentido “noir”, que dentro de sua obscuridade artística sincrética, a poesia detém diferentes formas para uma construção de inteligência, que possa envolver as pessoas para um prognóstico em estarem organizando prelados de letras que venham elixir uma reflexão, sem conter sufrágios da alienação.

 Uma doce alienação, que segundo as palavras de Álvares De Azevedo “se eu morresse amanhã”, aos menos veria os traços de um amor cantado, mas que talvez nunca realmente fosse vivenciado.

 A poesia é isso, vivenciar, mesmo vezes o que não se pode amar e tocar, de forma plena, como também se encarregar de colocar prismas, para uma mistagogia, de envolver o ser-humano em uma imaginação a cuidar de si mesmo, como em transgredir, seus próprios limites.

 Limites esses, que podem passar por sentimentos, que beiram a obsessão, como também uma agressão, contra uma sintomatologia, em não se respeitar as diferenças do homem, perante sua vivência em sociedade.

 A poesia canta a imaginação do homem, a viver desde os tempos remotos, novos devaneios, para uma Pré-História, que entre caçadores e coletores, registraram sua passagem através das pinturas rupestres, mas que também se detém em uma inovação nas formas de se comunicar, passando por jugos de uma sondagem em se reinventar pelos ideogramas, que assim estejam submetidas, para a demarcação sua, como motor da história.

 A poesia não está apenas encarcerada em sentidos de se colocar rimas, ou estilos de escritas que possa intervir, para uma alegoria em se fazer uma filosofia de que a humanidade está em um constante caminho, tanto voltada para a destruição em como para artimanhas centradas em uma união entre homem, natureza e sociedade.

 O poeta cantou os ritmos da cidade, que assim caminhou para elaborar gigantescas obras de concreto e aço, que são um braço, para novas fôrmas de arquiteturas, de uma condição humana que venha a fazer da arte escrita, uma denúncia contra o senso-comum, em ficar somente no alicerce em que se vê, e divagar no sentido estrutural, do que pode ser classificado como um artefato de crítica, que assim venha a viabilizar uma imaginação, que possa imiscuir, um complô maiêutico que não venha cair na tentação de ser seduzido pela alienação.

 Uma alienação, que faz da Ideologia da destruição do eu – racional, um sentido poético, em que o poema não mais canta o amor, e sim se enfurece de dor, como um antídoto nada saudável em torno de mente que critica e ao mesmo tempo cria.

 No sentido político, o humano – poético, está em intermitentes andrajos, de lutar contra as mandrágoras, de que uma ágora de um pensamento coletivo, tenha que passar por um funil existencial, em um esmero sentido a construir, uma sanidade, de que é jus e vital para uma saúde mental lúcida, passar por uma poesia, que seja ao mesmo tempo um cunho, de enteléquia, mas que também possua o sínodo do “parto das idéias”.

 As idéias que venham assim despertar, um “estar no mundo”, que é feito na imaginação, que em cada volta do ponteiro, está esgarçado uma adoração pelo mistério do infinito, que se faz do finito, uma longevidade da criatividade, e que também faz da subjetividade, um conhecimento polivalente, que saia do modelo cartesiano, de empirismo e criticismo, fazendo uma terapia intelectual de que a poesia possa unir em um mesmo campo de atuação, alienação e afirmação, unificando a imaginação, na integração coletiva, entre coração e razão.

 Segundo Karl Menninger, “um dos fatores mais graves para o adoecimento do indivíduo, está na sua carência afetiva e social”, em que o adoecimento de estar encarcerado em meandros argumentativos, de ter manter uma boa ética perante os trâmites de uma lei, que conjeturar uma sociedade, que possa ter amor verdadeiro, convive com um sentimento de morte ininterrupta, que assim refaça uma epistemologia de que arte está em viver, que a vida é uma união profícua entre arte e atrevimento, em um livramento, contra a enxergar a poesia, como sendo um arcabouço de digressões de fracassos morais e amorosos, e de como a enunciar a fixação de desigualdades, que jamais serão sanadas, perante uma vivência inconstante de um ser-humano, que ainda está aprendendo a escrever sua poesia existencial pelas linhas do tempo cronológico e metódico, na busca de panóptico da inteligência respeitosa e empática entre todas as culturas.

Por CLAYTON ZOCARATO

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