E AÍ, QUAL É O FILME?

E AÍ, QUAL É O FILME?

A cada edição da Revista The Bard um desafio é lançado na coluna “E aí, qual é o Filme?” E na 15ª Edição não poderia ser diferente!

O colunista Lauro Henrique preparou um texto cheio de dicas e mistérios acerca do filme em questão, leia-o atentamente e arrisque o seu palpite. O leitor que decifrar o mistério escondido no texto e comentar corretamente o nome do filme aqui neste post, ganhará o livro É ASSIM QUE ACABA – Colleen Hoover.

 

Regras de participação

  • Para participar, basta comentar corretamente o nome do filme do seu palpite aqui neste post na aba COMENTÁRIOS.
  • O prêmio será enviado via correios para o ganhador, que deve informar seu endereço até uma semana após o lançamento da Revista, caso o ganhador não envie o endereço dentro deste prazo, não haverá ganhador na edição.
  • O perfil da rede social do ganhador deve estar aberto, para que o mesmo seja comunicado do resultado do desafio. Caso esteja fechado, o mesmo será desclassificado.

 

E aí, qual é o Filme?

 Hercule Poirot, Dana Scully, Fox Mulder, L, Rorschach, Tintim, Sam Spade, Maigret, Batman ou o lendário Sherlock Holmes? Será você o próximo grande detetive?

 Antes de entrarmos nas pistas propriamente ditas, pensemos na origem do gênero e sua importância, visto que é um dos gêneros mais vendidos. Difícil não entrar numa livraria e ver uma prateleira cheia de livros do King ou da Agatha Christie, livros que são constantemente aproveitados por famosos diretores e levados para a grande tela. Enfim, voltando a sua origem em Boston, no ano de 1809, nasceu Edgar Allan Poe, um grande escritor que até hoje é estudado e discutido nas maiores academias do mundo, sendo ele um motivador da minha entrada no mundo da leitura, graças aos seus contos fantásticos.

 Considerado por grande parte da crítica como “Pai do Gênero Policial”, é criador do detetive Auguste Dupin, um dos primeiros detetives da ficção criminal. Tal fato é fundamental visto que, em seus contos policiais, tem-se aquela trama que será a fórmula adotada por grande parte dos escritores do gênero, o clássico personagem flâneur, um detetive com um grande poder de observação, conhecedor das minúcias da metrópole e dotado de uma enorme habilidade de dedução que normalmente encontra o culpado por algum crime. E o enigmático filme aqui proposto possui justamente vários – se não todos esses elementos -, além de algumas inovações e efeitos que, na época, foram extremamente marcantes.

 Com o tempo, essas tramas foram ficando mais complexas pelas mãos de diferentes autores, bem como seus personagens que ganharam notoriedade citando o grande Sherlock Holmes de Conan Doyle ou Hercule Poirot de Agatha Christie. A cada novo autor, o gênero foi se desdobrando em vários estilos, cada qual com sua singularidade, e logo esses grandes detetives saltaram das páginas dos livros e caíram no cinema, nas HQs e nos desenhos animados.

 Aqui, eu lhes dou uma dica importante sobre o filme deste desafio, seu estilo dialoga com o noir. Noir é uma expressão francesa que significa “filme negro”, muito influenciado pelos romances de suspense/thriller e pela depressão e angústias das décadas de 1930-1940. Muito associado aos romances americanos, os detetives desse gênero são problemáticos, solteiros e amargos, e o filme traz muitos desses elementos noir encontrados nos mais diversos romances, os quais vão desde um detetive com problemas de alcoolismo a uma linda e perigosa mulher que, ao menor descuido, pode lhe apunhalar tirando uma arma escondida de seu longo vestido.

 Tudo isso partindo sempre de uma das maiores – se não a maior – motivações de qualquer mistério: um homicídio. Procure qualquer bom romance policial, ele tem que possuir uma pitada de romance seguido de um assassinato ou desaparecimento. Claro que não custa dizer que esse filme é baseado num romance policial repleto de conspirações, surpresas e muitas reviravoltas. O filme, posso dizer, é uma homenagem a uma série de outras produções famosas que estão presentes desde sempre em nossa imaginação.

 A premissa desse filme é um artista que contrata um detetive para investigar alguém que ele acredita estar lhe traindo e, no desenrolar da trama, quanto mais o detetive descobre, maior é o perigo, pois ele se vê enroscado numa trama de roubo, vingança e mentiras. Logo, morre alguém de um alto cargo na empresa do artista e as coisas se complicam porque as suspeitas recaem sobre o atrapalhado artista. O detetive não chega a ser um Sherlock Holmes, mas pode-se dizer que ele é competente, com cenas de ação e várias mulheres sensuais interagindo com o protagonista, pistas e muitas perseguições de carro que são, a meu ver, cômicas.

 Como todo bom detetive de romances noir, ele é assombrado pelas mágoas do passado por ter perdido pessoas de que gostava em virtude de sua profissão, cheio de traumas e medos que ao longo do filme serão superados. E a cereja do bolo dessa produção é a interação entre ele e seu parceiro atrapalhado. Eu diria que é um filme completo, pois mescla um pouco de comédia, ação, drama e tudo isso munido daquela crítica social ácida que somente adultos compreenderiam.

 Quando falo de crítica social não me refiro à violência ou à criminalidade porque isso o filme não explora muito, a sua maior força é dialogar com a diferença. Alguns grupos são marginalizados, o que fica visível ao longo da obra; o desrespeito com aqueles que são diferentes do padrão social aceito como ideal. Os mais radicais querem dividir a sociedade em dois grupos; outros desejam que eles sejam mandados embora, e o filme explora muito bem esse aspecto deixando claro que existem aqueles que lutam pela igualdade de direitos e aqueles que simplesmente acreditam serem melhores. Não fica difícil fazer uma analogia à exploração que aconteceu em diversos países, já que o grupo é levado a viver isolado da grande metrópole.

 Com essas dicas, acredito que tenha ficado um pouco melhor, mas assim como um bom detetive, em alguns momentos é preciso um pouco de sorte e o personagem desse filme é muito sortudo, pois seus principais perseguidores não são muito astutos: aquele grupo de capangas desmiolados que somente fazem besteira, deixam passar detalhes importantes e nunca estão prontos na hora certa, mas que podem tirar a vida dos protagonistas facilmente com o pedido do seu chefe.

 Outro aspecto importante que me marcou nessa produção são os vilões, todo e qualquer filme de policial, suspense, terror, comédia ou de ficção científica no qual você viaja no tempo, ou fala com robôs, etc., depende de um vilão bem construído. E aqui isso não é diferente, o vilão é perverso e possui motivações muito estranhas, do tipo egocêntrico, que chega com sua roupa preta como representação da morte. Inclusive, o ator dessa película atuou em grandes clássicos do cinema e, provavelmente, se você é como eu e curte um bom filme, já o viu fazendo muitos personagens desde o mais esperto até aquele careca mais sombrio.

 Espero que com todas essas pistas tenha conseguido rivalizar com Sherlock, mas se não conseguiu, vou deixar uma pista final para que você não abandone sua função de detetive logo no início: foi um filme que serviu para unir grandes “pessoas”.

 Foi um prazer estar com vocês neste pequeno momento, espero ter ajudado um pouco e se você, após a solução deste belo enigma, não assistiu ao filme, deixo aqui o convite para tal.

Por LAURO HENRIQUE

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