FÓRUM DO SONETO Alongamento Da Ideia Inicial Do Soneto Clássico

FÓRUM DO SONETO Alongamento Da Ideia Inicial Do Soneto Clássico

Os Versos Decassílabos, em suma, possuem patenteados os seguintes ritmos:

Heroico (tônicas na 2ª, 6ª, 10ª e variações com a tônica incondicional na sexta sílaba);

Sáfico (4ª, 8ª e 10ª e 2ª, 4ª, 8ª e 10ª);

Gaita Galega ou Moinheira ou Provençal (4ª, 7ª e 10ª: esse ritmo, considerado também um dos clássicos, surgiu em Provença, Sul da França, donde surgiram os primeiros exemplos, ainda rudimentares, do soneto, juntamente onde encontram-se na poesia dos trovadores provençais. Da Provença, a forma do soneto chegou à Sicília – Pier delle Vigne – e foi desenvolvida pelos poetas italianos do “dolce stil nuovo”: Guido Cavalcanti, Cecco Angiolieri, Dante, Petrarca);

Martelo Agalopado (3ª, 6ª e 10ª – ritmo este que é uma variação do Heroico);

Pentâmetro Iâmbico (5 pares de Iâmbo “- +”: 2ª, 4ª, 6ª, 8ª e 10ª);

Ibérico ou Estoico ou Arte Maior (2ª, 5ª com cesura branda ou perfeita, 7ª e 10ª); e o informal

7-    Sáfico Imperfeito (4ª e 10ª).

 

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:

Uma história sobre a Tese Francesa quanto a criação do Soneto e o Ritmo Provençal (Gaita Galega ou Moinheira): Segundo o poeta francês Guillaume Colletet (1598-1659), protegido de Richelieu e membro da Academia Francesa, os italianos teriam recebido o soneto dos trovadores da Provença que, por sua vez, já o teriam herdado dos poetas que viveram na corte dos primeiros reis da França. Muito mais tarde, no século XVI – depois de haver florescido na Itália, com Dante e Petrarca – Mellin de Saint-Gelais e Clement Marot o teriam trazido, de novo, para as terras francesas.

De passagem, e a propósito desta opinião de Colletet, vamos dizendo que Thibaud IV, o “Cantador”(1201-1253), Conde de Troyes e de Meaux, e rei de Navarra, é, também, apontado como um dos descobridores do soneto. Suas canções se incluem, talvez, entre as mais belas da poesia cortesã.

Augusto Dorchain (1857-1930), poeta e escritor francês, no seu tratado “L’Art des Vers”, também apóia a hipótese da invenção pelos trovadores provençais.

Frederico August Lolliée (n. 1856), literato francês, autor de grande bagagem literária, em seu “Dictionnaire des Ecrivains et des Littératures” (1897), invoca a mesma procedência, citando Girard de Bourneuil (1150-1220) como inventor do soneto.

No Brasil, conferem tal distinção à Provença (na pessoa de Bourneuil): Olavo Bilac e Guimarães Passos, em seu “Tratado de Versificação”; o poeta e antologista Edgard Rezende; o professor e historiador Marques da Cruz, que escreveu uma “História da Literatura”; e Manoel Macedo, autor de “Aprenda a Fazer Versos”.

Alberto de Oliveira, ilustre poeta parnasiano, sonetista emérito, parece que alimentava dúvidas a respeito. Na sua conferência “O Soneto Brasileiro”, proferida na Biblioteca Nacional, em 23 de setembro de 1918, disse, sobre o assunto: “Originariamente com o nome de “son d’amour” ou “sonet”, aflorara, espontânea e fácil, esta composição aos lábios de trovadores e “trouvères”, nas línguas “d’oc” e “d’oil”. Musas de Itália aperfeiçoaram-na, sujeitando-a à travação regular de consoantes e disposição, que lhe conhecemos, levemente modificada, mais tarde, pelos poetas da Plêiade…” Por outro lado, o mesmo Alberto de Oliveira escreveu, em adendo à apresentação que fez, datada de novembro de 1931, de sua antologia “Os Cem Melhores Sonetos Brasileiros”: “Flor medieval, acredita-se abrolhou primeiro na Itália…”.

A exposição do supramencionado, seguramente, concede uma noção aprofundada da grandeza do soneto, em sua forma fixa, que atravessa o tempo e mantém, indubitavelmente, com a vitalidade em dia.

Avante!

 

Por RICARDO CAMACHO
Rio de Janeiro/RJ

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