HISTÓRIA DAS ARTES – O Papel da Cor na Arte

HISTÓRIA DAS ARTES – O Papel da Cor na Arte

Inicio essa coluna com dois questionamentos: quando o ser humano começa a ver (distinguir) as cores? Já imaginou o mundo sem cores? Muitos pensam que os bebes dede o nascimento enxergam tudo ao ser redor, eles nascem com plena capacidade visual de ver objetos e cores, porém, os recém-nascidos não podem ver muito longe. Além disso, logo após o nascimento, o bebê enxerga apenas em preto e branco, com tons de cinza.

 Com o passar dos meses, sua visão vai progredindo lentamente. Então, por volta dos quatro meses o recém nascido desenvolve sua visão de cores. E uma das primeiras cores apreendida é o vermelho. As cores são um dos conceitos básicos que, quando crianças, precisamos para nos desenvolvermos. Somos questionados desde pequenos quanto às nossas preferências de cores. Já na infância entramos em contato com as cores nas brincadeiras, objetos, em casa, na rua, em todo o espaço que nos cerca. Além disso, também são importantes para podermos expressar nossas ideias e sentimentos, descobrindo o significado que elas têm para cada pessoa.

 

Nós, no decorrer da nossa trajetória, no frenesi da vida diária, nos deparamos com erupções de cores que encantam nossos olhos. Imergidos nas telas desse mundo digital, seduzidos pelas diversas tonalidades, nas compras diárias no supermercado (até compramos objetos só pela sedução de cores, para ter em casa, por ser agradável aos olhos, ao cérebro, sem uma necessidade específica); nas roupas expostas nas vitrines (nos encantamos primeiro pelas cores, depois pelo modelo da roupa em questão) e em tudo que nossos olhos alcançam, e que encanto não é?

Meu lado, enfermeira, não poderia deixar de pensar e expressar o poder que as cores têm de estimular o nosso cérebro, de diversas formas. Apesar de a preferência de cores variarem de uma pessoa para a outra, existem comprovações científicas do efeito que elas têm no cérebro humano. As marcas famosas do nosso convívio diário, como a coca-cola tem identidade visual na cor vermelha e a Apple, branca (e ainda se estende às lojas físicas) e isso tem um propósito a atingir. O mesmo vale, por exemplo, para as roupas em cor pastel, utilizadas em casamentos à luz do dia e em cores marcantes, como preto ou vermelho, quando há um evento de luxo.

Na atualidade temos a colorimetria, que é a ciência que estuda as cores e desenvolve métodos de quantificação da cor e analisa suas três principais propriedades, como:

  • Matiz ou tom: estado puro da cor; o que nos permite distinguir o vermelho do azul, por exemplo;
  • Saturação ou intensidade: palidez ou vivacidade de uma cor, também definido como a quantidade de cinza que uma cor possui;
  • Valor ou brilho: referente à claridade da cor, à sua quantidade de preto ou branco.

Entretanto, alguns séculos ou até mesmo décadas atrás, o mundo era muito mais monocromático e a diferença entre um manto púrpura ou um manto amarelo no império romano, por exemplo, não estava apenas no comprimento de onda refletido, mas sim na riqueza e status social de quem o possuía.

 

Atualmente, as cores estão em tudo, mas é impossível pensar na história dos pigmentos sem refletir na história da arte, nas religiões e cultos e na indústria da moda têxtil. Assim, convido vocês a conhecerem um pouco da história dos pigmentos e logo após sua influencia nas artes, principalmente na atualidade.

Ao longo da história da arte, a paleta de cores tem sido um elemento crucial na criação de obras que são memoráveis e que deixam uma impressão duradoura na mente do observador. Acredita-se que os artistas inventaram pigmentos usando uma combinação de minerais, gordura animal e carvão queimado há 40.000 anos. Eles trituravam pedras até virarem pó e misturavam com óleo ou água para fazer tinta. Antes de serem embutidas em latas ou nos computadores, era isso: as cores vinham da natureza.

Nos tempos pré-históricos, os seres humanos registravam seus feitos, seus pensamentos, seus modos de vida e de existir nas paredes das cavernas abrigadas de luz e chuva. Registros esses que ainda resistem nas cavernas por mais de 70000 anos e foram feitos de pigmentos naturais obtidos de argilas e da queima de restos de animais. A paleta de cores dos nossos ancestrais se restringia a tons ocres (óxidos de ferro hidratados — do grego Ochros amarelo), vermelho (óxidos de ferro desidratados) e preto (fuligem).

No decorrer do tempo e a evolução das civilizações, novos pigmentos foram se somando à paleta de cores da humanidade, alguns surgiram e desapareceram — como foi o caso do azul egípcio, à base de silicato de cálcio, cobre e sintetizado pelos egípcios em torno de 3000 a.C., que era utilizado em pinturas cerimoniais nas tumbas e cujo modo de síntese se perdeu com a queda da civilização — e outros foram substituídos por pigmentos sintéticos.

 

A origem e a forma de obtenção dos pigmentos implicavam diretamente nos custos e, muitas vezes, na toxicidade dos mesmos. Textos datados de 1600 a.C. mencionam a cor púrpura utilizada nas vestes reais romanas, a qual era obtida da secreção de moluscos – em torno de 12000 moluscos produziam apenas 1,4g de pigmento! Assim, o uso dessa cor era símbolo de riqueza e relevância na sociedade.

Além do custo, a toxicidade dos pigmentos também era um problema enfrentado ao longo da história. Um pigmento branco a base de chumbo introduzido pelos gregos foi muito utilizado durante séculos, até ser substituído pelo dióxido de titânio somente em 1920. Tintas de parede à base de chumbo foram bastante utilizadas até o início do século XX. Outro pigmento altamente tóxico descoberto em 1788 foi o verde-Paris ou acetoarsenito de cobre, que continha arsênio e foi usado até 1960 — suspeita-se que Napoleão possa ter sido intoxicado por arsênio, pois, as paredes de sua residência no final da vida eram pintadas com esse pigmento.

Outro fato curioso é que muitos pintores eram responsáveis por criarem e fazerem as próprias misturas de tintas e nesse processo acabavam se contaminando. Sob motivação da indústria têxtil, durante o século XIX foram desenvolvidos inúmeros novos pigmentos, mas foi somente em meados do século, em 1856, que o químico William Perkin descobriu acidentalmente o colorante roxo conhecido por Perkin’s mauve, que seria o primeiro de todo um novo grupo de pigmentos sintéticos orgânicos, os quais permitiram o consumo de cores que conhecemos.

Atualmente existe toda uma gama de pigmentos sintéticos orgânicos e inorgânicos. Ao final do século XX, foi à indústria automobilística a responsável por impulsionar o aprimoramento dos pigmentos, os quais tinham que resistir a intempéries como exposição intensa à luz UV e umidade.  E é dessa forma, partindo de argilas e fuligens utilizados pelos homens das cavernas há dezenas de milhares de anos até a alta tecnologia envolvida para sintetizar os mais diversos pigmentos à base de petroquímicos, que chegamos neste mundo em que vivemos, inundados de cores vivas e vibrantes.

 O uso dado às cores, conforme o hábito das diversas culturas mundiais, no decorrer dos séculos, tinha o objetivo de obter resultados dirigidos diante de situações específicas como ferramenta de manipulação psicológica que, segundo a sabedoria popular, tem provado ser muito mais acurada do que se imaginava. Na atualidade o uso da paleta de cores nas atividades laborais é imprescindível. Temos como grande aliada a  Psicologia das Cores que estudo que busca compreender o comportamento humano em relação às cores, quais os efeitos que cada cor gera nas pessoas.

A paleta de cores, de forma bem simples, é a junção de cores e tons que juntos trazem harmonia para transmitir sentimentos, ativar memórias e despertar desejos. Hoje é utilizada por empresas para estimular visualmente a aquisição de seus produtos. Para os artistas, a paleta de cores é uma das ferramentas mais poderosas que se tem à sua disposição na hora de criar uma obra de arte.

A escolha das cores pode afetar profundamente a maneira como uma pintura é percebida e interpretada pelo público, bem como influenciar o humor e a emoção que uma obra evoca. Uma paleta bem definida não é escolhida ao acaso. Ela serve exatamente para podermos nos identificar e relacionar com essas emoções. Entender o universo das cores não, é algo recente para o marketing.

A parte boa é que é possível utilizar a sua intuição a seu favor. É só entender que não se trata da sua percepção, e sim da do seu público. É preciso entender o porquê da influência da paleta de cores estarem ligada ao sucesso da marca. Isso vale para todos os sentidos que envolvem o marketing digital. Portanto, é importante conhecer bem o seu objetivo. Primeiro precisa existir uma conexão com o seu público.

 

No marketing, a paleta de cores escolhida para produtos e serviços impacta certamente o consumidor. Podendo então estimular ou dificultar sua escolha. Ter consciência desses fatores possibilita a conquista dos objetivos de marketing. Da mesma forma que ajuda a transmitir as informações para o público alvo. Através da psicologia das cores buscando compreender o que projeta cada cor, trouxe aqui algumas cores e suas projeções:

Vermelho: raiva, paixão, fúria, ira, desejo, excitação, energia, velocidade, força, poder, calor, amor, agressão, perigo, fogo, sangue, guerra, violência

Rosa: amor, inocência, saúde, felicidade, satisfação, romantismo, charme, brincadeira, leveza, delicadeza, feminilidade

Amarelo: sabedoria, conhecimento, relaxamento, alegria, felicidade, otimismo, idealismo, imaginação, esperança, claridade, radiosidade, verão, desonestidade, covardia, traição, inveja, cobiça, engano, doença, perigo

Laranja: humor, energia, equilíbrio, calor, entusiasmo, vibração, expansão, extravagância, excessivo, flamejante

Verde: cura, calma, perseverança, tenacidade, autoconsciência, orgulho, imutabilidade natureza, meio ambiente, saudável, boa sorte, renovação, juventude, vigor, Primavera, generosidade, fertilidade, ciúme, inexperiência, inveja, imaturidade, destruição

Azul: fé, espiritualidade, contentamento, lealdade, paz, tranquilidade, calma, estabilidade, harmonia, unidade, confiança, verdade, confiança, conservadorismo, segurança, limpeza, ordem, céu, água, frio, tecnologia, depressão

Roxo/Violeta: erotismo, realeza, nobreza, espiritualidade, cerimônia, misterioso, transformação, sabedoria, conhecimento, iluminação, crueldade, arrogância, luto, poder, sensibilidade, intimidade

Marrom: materialismo, excitação, terra, casa, ar livre, confiabilidade, conforto, resistência, estabilidade, simplicidade

Preto: não, poder, sexualidade, sofisticação, formalidade, elegância, riqueza, mistério, medo, anonimato, infelicidade, profundidade, estilo, mal, tristeza, remorso, raiva

Branco: sim, proteção, amor, respeito, mesura, pureza, simplicidade, limpeza, paz, humildade, precisão, inocência, juventude, nascimento, inverno, neve, bom, esterilidade, casamento (culturas ocidentais), morte (culturas orientais), frio, clínico, estéril

Prata: riqueza, glamour, fascínio, diferença, natural, liso, suave, macio, elegante, tecnológico

Ouro: preciosidade, riqueza, extravagância, calor, riqueza, opulência, prosperidade, grandeza

 

Conclusão

As tendências, a forma com que as pessoas se relacionam com as cores estão sempre se renovando. Passando por diversas atualizações e influências culturais. E ao se aprofundar nesses processos, você passa a ter ferramentas para lidar melhor com as transformações.

Considerando toda a importância das cores, a utilização das tonalidades em trabalhos artísticos deve ser feita de maneira inteligente e adequada. Mas apesar de cada cor apresentar um significado definido, o trabalho com as tonalidades não possui regras exatas a serem seguidas.

A utilização das melhores tonalidades para um projeto artístico vai depender de uma série de questões, desde os sentimentos do artista até as sensações que ele deseja transmitir ao público através da obra.

Por BETÂNIA PEREIRA

Pular para o conteúdo