MATÉRIA DE CAPA – Lírico, Épico e Dramático: formas subjetivas de expressão da alma

MATÉRIA DE CAPA – Lírico, Épico e Dramático: formas subjetivas de expressão da alma

 Quando o assunto é subjetividade, difícil mesmo é falar sobre cada uma delas. Aqui jaz um compromisso atrelado a classificação dos famigerados gêneros literários. A referência do texto fica totalmente comprometida com os sentimentos. E o domínio deles (sentimentos) estará no desenrolar de cada linha transcrita até o fim de suas vidas. Cada tipo de sentimento por si só carrega consigo uma complexidade sem tamanho, definindo o seu status Quo de imediato. Fica quase sempre impossível a sua tradução fidedigna ao texto ora sugerido.

 Dividir os textos literários em categorias de acordo com suas semelhanças, seria o mesmo que separar o joio do trigo. Cada um deve ficar em seu quadrado, mas sua composição deverá beber sempre da mesma fonte. Nada de junção ou subjunção. Essas semelhanças formais, estruturais e temáticas só servem mesmo para padronizar a antidemocrática escrita que deixa de ser livre no sentir e no agir. Viver e se expressar por onde quer que passar. É o melhor conselho que posso dar.

 Expressar o inexpressível, significar o insignificante. A todo momento, e cada vez mais, um novo texto literário surge e ressurge, todos eles de forma a seguir os desígnios do que é determinado e forçado para ser feito.

 A origem, pois, de toda essa organização, estaria na Grécia Clássica, quando a poesia era forma predominante da literatura.

 Do latim littera, que significa “letra“. Manifestação artística do ser humano, seja ela vinculada a música, dança, ao teatro, escultura, arquitetura e infinitas outras formas de sentimento expresso que traduzissem o bem-estar e o bem querer.

 É a representação comunicativa da linguagem feita de forma criativa, sendo, pois, definida como a arte das palavras.

 Arte das palavras. Sim. A palavra é arte. Com a palavra se faz parte. Tem poder. Bem querer. Poder de cura de surra, de vício de rincho, de nobreza, com certeza que beleza.

 Devagar é preciso, para que se ganhe um sorriso, acho que dei nó, do pó não tenho dó. Do nada pode surgir a espada e tudo é transformado e ressuscitado.

 Ora caro leitor! Assim tudo fica mais claro ou obscuro diante dos gêneros ditos literários. Existem aqueles que preferem textos sem floreio ou objetividade no meio. Esses não se identificam com este textão e abrem mão do coração.

 Eu, porém, gosto da resenha, devagar entrar com senha. Do tempo leve, demorado e sentir o gemido que vem de dentro do ser. Amante da alma, entendo ou busco entender sobre os gêneros que ora apresento, pois deles vejo florescer coisas que nunca imaginei existir ou viver.

 Antiga a literatura sim, no entanto, tão nova quanto uma criança que acabou de nascer. Uma manifestação artística em prosa ou verso, muito antiga que se utiliza das palavras para viver e criar a arte de crescer. Matéria prima da verdade. Não da carne, mas da espiritualidade. Tal qual as tintas é a matéria prima para o pintor. O corpo da amante para o amor. A música para o cantor. As palavras servem de base para o poeta escritor. Sim Senhor!

 Amor. Se não fosse ele não haveria textos sentimentalistas, ou poemas improvisados. Entrelaçamento de almas traduzidas em forma de esculturas e telas de pinturas.

 As classificações assim como nas séries escolares, se caracterizavam como estágios e seus respectivos níveis dotados de avanços a cada nova década, ou nova obra.

 No Gênero Lírico se encontram as poesias de caráter puramente sentimental, revelando as emoções do poeta traduzidos em forma de sonetos por exemplo.

 Andando mais um pouco no tempo, eis que surge o gênero narrativo, ou possivelmente chamado de épico, em que é possível narrar uma linda história com personagens diversos, situados em um determinado tempo e espaço. Aqui o romance pode muito bem falar por si só.

 Por último é a vez do gênero dramático, em que os textos reunidos traduzem as escritas teatrais para serem encenados ou representados. É possível falar aqui da comédia e de seus trágicos desfechos com desígnios representados no palco da vida sofrida ou partida. Ligados a festas religiosas em homenagem ao Deus Dionísio (Baco).

 Comprovo no viver, que nem tudo que é possível sentir na alma, seria digno de representação ou mesmo consegue ser traduzido em forma perfeita e com tanta maestria, do que as reações químicas equalizadas por todo o corpo sofrido.

 Para todos eles temos os gêneros literários. Formas mais bem elaboradas de entendimento para todos, ou em parte, de milhares de sentimentos que gritam e clamam na alma a cada nova estação.

 A alma vai além da sensação corporal, perpassa as raízes do cabelo e penetra muito além do sangue que pulsa no coração.

 Em todas essas formas expressas da escrita, a liberdade deve prevalecer. A brincadeira e o jogo de palavras devem permanecer. Ou quem sabe com a formação de um novo vernáculo que possa se aproximar do que se queira realmente dizer.

 Para um bom entendedor, duas palavras bastam. No caso dos gêneros literários, duas palavras apenas, seriam poucas para a infinidade de formas e análises dos variados sentimentos que vagueiam nos pensamentos dos autores e escritores de cada um dos gêneros aqui apresentados.

 O mais sensível entre eles está no lírico, escrito em versos com o foco em mostrar emoções, sensações, sentimentos e impressões pessoas do poeta. O poeta aqui entende bem do assunto, pois, ele vive na carne e no osso aquilo que mais exalta, até os sentimentos mais tenebrosos que um ser humano poderia experimentar.

 Não é permitido objetividade, e a rainha deste universo é a maldade, subjetividade atrelada a saudade. Elas perambulam por todas as linhas expressas da opinião fidedigna de cada autor que se coloca na primeira pessoa, sem medo de ser feliz ou infeliz, seja lá o que condiz.

 A primeira pessoa (eu) encabeça cada novo começo e recomeço, cada nova estrofe e melodia desta grande nota musical. Para cada nota tem-se a lira, que faz alusão ao nome dado a este tipo de texto lírico, acompanhado da declamação de poesias na antiguidade.

 Aqui a musicalidade esteve bem marcada e fazendo parceria durante todo o processo de criação. Por isso, a riqueza de detalhes e a profundidade de cada novo testar e entrelaçar de cada nova história a florescer e germinar. Cada coração possui sua singeleza e peculiaridade, cada novo sentimento e nova vivência seriam motivos para dedilhar o instrumento e compor uma nova poesia que preenchesse o vazio ou transbordasse a plenitude de quem se propusesse a viver na intensidade dessa nova escrita.

 Não bastando tanta riqueza que carrega este gênero literário é possível ainda falar de seus subgêneros. Vejamos: Soneto, Poesia, Ode, Hino, Haicai e Sátira.

 Soneto é a forma fixa de se compor um texto. Ele é formado por catorze versos, dois quartetos e dois tercetos.

 Já na poesia a predominância é de um texto poético formado por versos que se agrupam em estrofes.

 O Ode, por sua vez, é feito para ser declamado ou cantado. Tais poemas são exclusivamente de exaltação.

 O Hino é traduzido como sendo um poema que homenageia alguém ou venera algo.

 Haicai traz em sua essência a poesia que de forma fixa faz a exposição de três versos de origem japonesa.

 Sátira é a ridicularizarão em forma de poema. Seja ela feita para pessoas ou costumes.

 Falando um pouco mais do soneto, vejo um desfecho bem detalhado para a produção de uma forma fixa com 14 versos, compostos de 2 quartetos com 2 tercetos. Complicado talvez, mas um dia foi 3. 3 versos e depois 4, 5 e quem sabe 16. Não!

 Brincar é o que há. Largar e se deliciar com cada palavra, com cada sentimento e cada tormento. Gosto do que leio, do que vejo, do que sinto e do que almejo. Todos, simplesmente todos somos seres imateriais vivendo experiências materiais. Vez ou outra o belo, divino e subliminar que existe dentro de nós irá de certa forma emergir e nos fará sorrir e persistir no que existe e nos faz felizes.

 Façamos assim: eu te mando poesia e você me devolve alegria. Topas? Ou prefere morrer na escuridão sem conhecer a iluminação. Serás topado por muita ingratidão, por quem está na escuridão, sem alcançar a grandeza da vastidão que existe no fundo do coração.

Por RAIANA COSTA

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