RESENHA LIVRO CLÁSSICO

Lolita

 Propus-me a dissertar sobre uma das obras mais polêmicas do século XX, Lolita, de Vladimir Nabokov.

 Começo já discordando da revista Vanity Fair, que diz se tratar de uma “históriade amor de convincente”. Do meu ponto de vista como leitora e mulher, essa obra pode ser designada como qualquer outra coisa, menos amor. A trama é claramente uma denúncia contra o abuso infantil, retratando a obsessão de um maníaco de
meia-idade por uma menina de 12 anos, Dolores Haze, que apelidou-a de Lolita.

 Do ponto de vista técnico-narrativo, não há de negar que o autor possui genialidade nas palavras, possuindo um extenso vocabulário e uma construção prosaica excelente. Contudo, o personagem Humbert devaneia em algumas partes, trazendo digressões que deixou a leitura cansativa.

 Algumas passagens foram muito difíceis de digerir, às vezes achava que interromperia a leitura na metade do livro tamanha ojeriza pelo narrador-personagem, que sexualizava crianças e ridicularizava as mulheres. Não consigo entender como algumas pessoas romantizam algo assim, posto que em muitas partes Dolores implora por paz e liberdade.

 À minha compreensão, o livro deixa uma mensagem de alerta. É preciso ter muito cuidado com quem deixamos entrar em nossas casas, sob o olhar de quem essas crianças são observadas e supervisionadas. A obra mostra o comportamento sutil e quase despercebido de um criminoso. Por vezes, os sinais de abuso estão nas entrelinhas e são difíceis de detectar até pela vítima.

Por SARAH SCHMORANTZ

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