NAU LITERÁRIA – Entrevista com Dr. Bexet Asani

NAU LITERÁRIA – Entrevista com Dr. Bexet Asani

 

Dr. Bexet Asani, albanês, pesquisador, poeta, escritor de prosa, jornalista, crítico literário, autor de vários livros publicados na Albânia e no exterior. Doutor, Mestre, graduado em Língua e Literatura albanesa. Atuou como jornalista correspondente na”Rilindja” Pristina e “Flana e primitarsal” — Skopje-Albânia.

 

1

REVISTA THE BARD — Professor Behert Asani, conte-nos. Onde nasceste, infância, adolescência e, como se deu sua ida para a diáspora?

BEXHET ASANI-Prezada Professora Magna Aspásia Fontenelle! Eu sinceramente parabenizo você e a Revista “The Bard” por me escolherem para esta entrevista! Antes de contar onde nasci, considero apropriado que, para os leitores brasileiros, dê alguns pequenos esclarecimentos sobre a história de nossos ancestrais ilírios e sobre a história dos albaneses. Já se sabe que os antigos ilírios viviam principalmente na Península balcânica. Também tivemos reis ilírios Rainha Teuta, Rei Gêncio, ​​etc., do período ilírio. Após sua morte, os ilírios ficaram sob o domínio do Império Romano por muito tempo e por quase cinco séculos sob o domínio do Império Otomano até (1912). O principal herói dos albaneses é Gjergj Kastrioti Skënderbeu (1405 – 1468), que lutou por 25 anos consecutivos com uma superpotência da época como o Império Otomano. O Império Otomano conseguiu conquistar a Albânia somente após a morte de Skanderbeg. Gjergj Kastrioti Skenderbeu era o escudo da Europa. A estátua de Skanderbeg hoje é encontrado em muitos países da Europa (Bálcãs) e em alguns estados da América. Quando a Albânia declarou sua independência, os países vizinhos a destruíram e tomaram mais da metade da área que tem hoje, claro que os vizinhos foram ajudados pelas grandes potências da Europa, especialmente a Rússia czarista. Para ser mais claro: os albaneses vivem hoje na Albânia, Kosovo, Macedônia do Norte, Grécia, um pequeno número na Sérvia e na diáspora.

Nasci em 1º de agosto de 1957, na aldeia de Zagraçan, na pitoresca cidade de Struga-Albânia, às margens do Lago Ohrid, na Macedônia do Norte, sou de uma família camponesa que se dedicava principalmente à agricultura. Trabalhei em todas as áreas da agricultura e pecuária na minha aldeia. Fui para a escola primária na aldeia onde nasci e fui para a escola de oito anos na aldeia de Ladorisht-Macedônia do Norte. Conclui o ensino médio em Struga-Macedônia. Como estudante do ensino médio, gostava de atuar, desempenhava vários papéis nos dramas que preparava com meus amigos, para o público amante da arte. Completei meus estudos na Faculdade de Filologia, na Universidade de Pristina, em Kosovo, em Língua e Literatura Albanesa. Mestrado na Universidade de Pristina. Doutorado na Universidade “São Cirilo e Metódio” de Skopje – Macedônia do Norte fundada em (1949). Doutorado em Ciências Albanológicas (Filologia). Lecionei a disciplina de Língua e Literatura Albanesa na Struga High School por 25 anos e, também lecionei a disciplina língua albanesa na Universidade privada “FON” em Skopje e Struga-Macedônia.

Chequei na América com meus familiares em outubro de (2006), depois de dois meses recebemos os documentos (Green Card.). Meu irmão veio para a América em (1969), com 17 anos. Ele solicitou para nós o visto americano e esperamos 11 anos até conseguirmos o visto para os Estados Unidos da América. Meus filhos foram educados em universidades americanas com bolsa de estudos do estado americano porque eram alunos ilustres. Na América realizei trabalhos diferentes como qualquer imigrante, no começo foi difícil porque eu não conhecia a língua.

Conheço as línguas eslavas porque vivíamos com elas na ex-Iugoslávia. Graças ao meu ex-aluno Burim Zhuta, que era o presidente do Centro Cultural Albanês Americano aqui em Nova Jersey, me aceitou para trabalhar com um salário modesto. No Centro Cultural Albanês-americano, liderei a escola para aprender a língua albanesa para os filhos de imigrantes albaneses. Meus compatriotas de Struga, vieram para a América no final dos anos sessenta do século XX. Suas sobrinhas(os) são a terceira e quarta geração que nasceram na América e não sabem albanês, a língua de sua mãe(língua de herança). Sua língua materna é o inglês. No Centro Cultural Albanês-americano, com meu ex-aluno Burim Zhuta, fundamos a biblioteca, que liderei por vários anos. A biblioteca tem uma rica coleção de livros em albanês e inglês.

 

2

REVISTA THE BARD – Qual foi seu trabalho que marcou o início de sua vida como escritor?

BEXHET ASANI – Comecei a escrever no ensino médio. Na faculdade, comecei então a publicar minhas primeiras criações, poemas para crianças e adultos. Comecei a escrever, história, ensaio. Percebi que eu era mais bem-sucedido em prosa! Nos anos oitenta do século XX, fui perseguido politicamente em minha terra natal. Quando eu era jovem, pensava que se mudasse de residência, eles não me seguiriam mais?! Mudei-me para a cidade de Pristina, que fica a 300 km da minha cidade natal para estudar. Estava errado, era uma tão ex-Iugoslávia com vários seguranças observadores do Estado, seus olhos estavam em toda parte. Eles levaram meu passaporte e não me deixaram ir para o exterior até que a ex-Iugoslávia se desintegrou.

As acusações feitas contra mim pelos agentes de segurança da minha cidade hoje me parecem ridículas “Você visitou a Albânia! Estuda em Prishtina! Você tem uma esposa de Prishtina! Era 1981, quando Kosovo lutava para ser igual na Federação Iugoslava. Estou orgulhoso apesar de 15 anos de perseguição, metade dos meus ideais e os da minha geração foram realizados, após a libertação do Kosovo que hoje é um Estado Independente e Democrático, todas as etnias gozam de seus direitos: albaneses, sérvios, turcos, ciganos, bósnios, etc. A República do Kosovo conquistou a independência graças ao Exército de Libertação do Kosovo, à América e à União Europeia.

 A crise econômica que se abateu sobre as ex-repúblicas iugoslavas no final dos anos 80, influenciou para que meus contos não fossem publicados na época em que foram escritos. As histórias foram publicadas com quase 6 anos de atraso. Em (1994), consegui publicar as histórias sob o título “Noiva do exterior”. Principalmente o tema dessas histórias tem a ver com o erro dos meus compatriotas e suas aventuras atravessando a fronteira mexicana-americana ilegalmente. Houve interesse do leitor albanês pelo livro. A opinião crítica foi bastante positiva. Após 18 anos, sentiu-se a necessidade de reimprimir as histórias, o livro foi enriquecido com outras histórias. Vale a pena notar que em cinco histórias incluí artisticamente toda a biografia da albanesa laureada com o Nobel, Santa Madre Teresa (Gonxhe Bojaxhiu). Com base nessas histórias, um curta-metragem sobre Santa Madre Teresa pode ser feito.

 

3

REVISTA THE BARD — O que te inspira a escrever?

BEXHET ASANI – Penso que os criadores têm uma consciência muito onisciente. Os criadores são sensíveis, são afetados por tudo que os cerca. Também posso me inspirar em uma notícia na TV, o que também já aconteceu comigo. 

Nasci em uma vila onde a natureza te surpreende com sua beleza. Formei-me no ensino médio em Struga, e, após formado trabalhei lá, tem uma beleza rara. Não há pintor que não tenha pintado os bairros da cidade, o Rio Drini Negro, o Lago Ohrid. Não há poeta no mundo que não tenha dedicado poesia às pontes e a esta cidade.

Nesta pitoresca cidade, acontece há mais de sessenta anos o Festival Internacional “Noites de Poesia Strugan”, do qual participam poetas de todo o mundo, também participaram poetas do Brasil. Veja como esta cidade é linda: quando Deus criou o céu, sobrou um pedaço e ele não sabia o que fazer com ele?! Aí ele disse: — Jogarei para o alto, e onde cair! E aquele pedaço do céu caiu em Struga-Macedônia! Na minha cidade natal, há campos, montanhas, rios, lagos. O ensaio “A linguagem curativa do lago” trata de um tema interessante sobre o lago e visitantes de todo o mundo, falantes de diversas línguas se encantam com suas belas praias de Struga. Encontro inspiração em todos os lugares. Além da natureza centenas de ocasiões sociais me tocam profundamente.

 

4

REVISTA THE BARD — No seu livro Letras Folclóricas albanesas na Macedônia do Norte (Monografia), o folclore é Patrimônio Imaterial de um povo, o senhor usou o método comparativo. Quais semelhanças foram encontradas?

BEXHET ASANI-O livro de estudo letras folclóricas albanesas na Macedônia do Norte teve várias reimpressões. Com tradução recentemente em inglês. Era um sonho meu publicá-lo em línguas estrangeiras, em inglês, português, alemão, espanhol, etc. Vale ressaltar que o livro, além do idioma inglês, também foi publicado no idioma macedônio, o que não é difícil para outros eslavos entenderem e lerem.

Sim. Você está certo. Durante o estudo utilizei o método comparativo. É um dos métodos mais preferidos que eu uso. Os povos dos Bálcãs viveram juntos durante séculos, independentemente das políticas divisórias e das divisas do passado. Os albaneses coexistiram com sérvios, macedônios, turcos, búlgaros, gregos, malaios, vlachs (romenos — originários da Romênia), ciganos, etc. Assim, durante séculos, esses povos receberam e doaram a cultura uns dos outros. Eles continuam a dar e receber até hoje porque ainda vivem juntos. O estudo em questão é dedicado principalmente aos albaneses que vivem em suas terras na Macedônia do Norte não há séculos, mas há milênios. 

Deixe-me ilustrar o que estou dizendo: durante a pesquisa de campo, na aldeia de Belicë e Poshtme, onde viveram albaneses e romenos (Vlach), gravei uma canção de luto na língua albanesa de uma senhora idosa. Quando investiguei que a música não era uma música albanesa, mas’ traduzida, então perguntei-lhe de quem havia aprendido essa música? Ela respondeu brevemente: — De minha mãe. E com quem sua mãe aprendeu? Das mulheres “Vlach” (romenas), aqui na aldeia. Escrevi a música na língua albanesa tirada de outros aldeões Vlach. 

 Mas não consegui gravar a música na língua romena porque os Vlachs não moram mais naquela vila. Há casos onde os versos foram tirados de uma ou outra língua. Há palavras de ambas as línguas, ou até mais, o que também interessa à linguística dos povos dessas três coexistências. Os albaneses têm palavras em macedônio, sérvio, turco, etc. Os macedônios têm palavras emprestadas como albanesas, turcas, sérvias, etc. Nos povos mistos o empréstimo é mais que o normal. Eles têm semelhanças em costumes e ritos. Depois, há elementos comuns em roupas folclóricas, etc.

 

5

REVISTA THE BARD — O viés linguístico decorre da concepção de um padrão imposto por uma elite econômica e intelectual que considera como “erro” tudo o que difere desse modelo. Sabemos que toda língua tem suas variantes, como você vê esses conceitos na sociedade albanesa contemporânea?

BEXHET ASANI -Há preconceitos linguísticos. No entanto, não vejo que possam ser prejudiciais à sociedade. O dialeto tosk é falado no sul da Albânia e o geg é falado no norte da Albânia, em Kosovo, na Macedônia do Norte, etc. 

O rio Shkumbin é considerado como uma fronteira natural entre os dois lados, mas, isso não significa que o tosk não seja falado no lado direito do rio Shkumbin, ou que o geg não seja falado no lado esquerdo do rio Shkumbin. Como todas as línguas do mundo são compostas de dialetos e subdialetos, a língua albanesa, também é composta de dois dialetos principais: tosk e geg e alguns subdialetos ou dialetos. Tanto de um lado quanto do outro, os dialetos atravessam essa “fronteira”!  Um fenômeno semelhante ocorre também na minha cidade Struga-Macedônia. Na região de Struga-Macedônia, as aldeias tosks são separadas pelo rio Drini Negro, mas não é uma fronteira muito clara, porque há várias pessoas nas aldeias tosks que falam geg.

Os albaneses deixaram essas diferenças no passado. Hoje, os albaneses têm uma língua literária unificada. O ano de 2022 é o ano do jubileu do 50º aniversário do Congresso de Ortografia, realizado em Tirana, capital da Albânia, em novembro de 1972. A Língua Literária Albanesa cumpriu sua missão com sucesso por meio século. Agora é a língua administrativa oficial na Albânia, Kosovo, Macedônia do Norte e em toda a diáspora. Milhões e milhões de livros literários e científicos originais e livros traduzidos da literatura mundial foram publicados na Língua Padrão.

As obras de Ismail Kadare, candidato ao Prêmio Nobel de Literatura, foram traduzidas para mais de 50 idiomas. Este ano (2022),o Congresso de Ortografia, em seu cinquentenário, será lembrado com vários Simpósios e Conferências Científicas na Albânia, Macedônia do Norte, Kosovo, etc. Obras também do prof. Kristaq F.Shabani candidato ao Prêmio Nobel da Paz, foram traduzidas para vários idiomas.

 

6

REVISTA THE BARD – Quais são suas outras obras publicadas?

BEXHET ASANI -Até agora publiquei mais de 20 obras literárias e científicas.

1— Noiva no Exterior-histórias, (1994)
2 — Balada para o número de “Poesias, Struga, (1993)
3 — Um ramo de carvalho da Turquia quebrou. (Canções folclóricas Elbasan, (1996).
4 — Peguei uma rosa coberta de orvalho (Canções Folclóricas, Struga, (2003)
5 — Teoria Literária — Conhecimentos Gerais” Um livro para escolas secundárias, publicado Prosvetno Dello — Skopje (1998).
6 — Trabalho sobre Documentos: – Expressão e trabalho criativo para a 3ª classe, publicado Prosvetno Dello — Skopje (Algumas edições, (2004).
7 — Ginásio “Hajdar Dushi” um centro de conhecimentos (monografia Struga 2005);
8 — “Letras folclóricas albanesas na Macedônia” (estudo monográfico) Struga, (2011) e Shkup, (2017).
9 — Canções e Rituais Folclóricas de Tosk da Região de Struga (Estudo monográfico, (2012).
10 — Noiva no Exterior (prosa — poemas para adultos e poemas para crianças republicação com complementos. Struga, (2012)
11 — “Estudos literários” (Revisões e crítica literária Struga (2015)
12- “A Visão da Ótica Literária”, Struga, (2017)
13 — “Olhos Divinos ” (Poemas) Struga, (2017).
14 — A órbita das palavras, Sruga, (2018).
15 — Letras de músicas nacionais dos albaneses na Macedónia. Struga, (2019).
16—“Lembrança do Tempo- Estudos”, Kristaq F. Shabani e Bexhet Asani,Tirana,(2019).
17.A doçura da língua materna” (estudos, esboços literários) Nova Jersey, (2019).
18 — Dia de verão na região de Struga e na comunidade de Struga em Nova Jersey, investigação “Botimet Barleti” Tirana, (2020).
19 — O Flamejante Centro de Conhecimento e Cultura Albanês-Americano de Nova Jersey, Tirana, monografia, (2020).
20 — “O fogo inextinguível arberiano”: perfis, estudos, esboços literários, Tirana, Albânia, (2021).
21 — Letras de música popular do Folclore Albanês no norte da Macedônia: estudo monográfico, Tirana, Albânia, (2022).

 

7

REVISTA THE BARD — O seu trabalho como professor tem como principal objetivo a preservação e o ensino da língua albanesa para os filhos de albaneses nascidos na diáspora?

BEXHET ASANI -Sim. O trabalho de um professor não é apenas uma profissão, mas também uma missão. Aqui nos Estados Unidos da América, como eu disse acima, os albaneses da região de Struga, da minha cidade natal, as crianças são da terceira e quarta geração nascidas aqui.

A língua albanesa já começou a não ser falada nas famílias albanesas, infelizmente! Estamos travando uma luta desigual para ensinar albanês às crianças porque elas aprenderão inglês, gostem ou não: elas têm inglês no telefone, no computador, na escola, etc. Esse problema também preocupou meu amigo americano, o pastor Steve Galegor, que ensina a língua albanesa para crianças albanesas na sua igreja protestante. Eu o parabenizei por seu nobre trabalho.

Eu lhes ensino a língua albanesa porque observo o perigo de sua assimilação! Infelizmente a ajuda dos pais é pequena, eles falam inglês com os filhos, isso dificulta muito nosso trabalho. Aparentemente, um grande número de pais aceitou a assimilação como muitos outros povos na América. Este problema não é apenas na América, mas em toda a diáspora. Pais e filhos na cidade de Struga e em quase todas as cidades albanesas falam inglês, alemão, grego, italiano, sueco, etc.! Somos um pequeno grão. Os sinos de alarme estão tocando há muito tempo! As instituições dos estados albaneses e kosovares deveriam olhar mais pelos seus compatriotas no exílio. Não basta que os políticos venham passear e sejam fotografados!

 

8

REVISTA THE BARD  — A cooperação literária internacional entre escritores brasileiros e albaneses possibilita a redução das assimetrias entre pares e a troca de conhecimentos e experiências?

BEXHET ASANI – A colaboração da LNSHPA “Pegasi” Albania e da “Pegasi” Brasil, liderada pelo prof. Kristaq F. Shabani e a professora Magna Aspásia Fontenelle, está em excelente nível, possibilitando a troca de saberes. Essa iniciativa, essa sincera colaboração brasileira-albanesa, deu seus primeiros frutos com a publicação da Antologia Internacional “Pegasi” em Prosa e Verso-Open-Lane5 em português com escritores brasileiros e albaneses. O Brasil tem ótimos poetas. Os laços albaneses-brasileiros datam de 1874, portanto não são precoces. A conexão de 148 anos é gigante! Acredito que nossos laços são ainda anteriores ao ano de 1874. A princesa romena de origem albanesa, Dora D’Istria, colaborou com o imperador Dom Pedro II, do Brasil.

Para os leitores da Revista The Bard, trago uma música albanesa que menciona o Brasil. Muitos albaneses emigraram para a América do Sul, (Brasil, Argentina e Uruguai).

A canção folclórica é um dos testemunhos da história, pois passa de geração a geração. Transcrevo a música no subdialeto do albanês em árabe, como foi cantada e ainda hoje é cantada entre os arberesh da Calábria na Itália. Penso que a música não é conhecida no Brasil.

A canção folclórica teve sucesso apenas entre o povo arberesh da Calábria. A música também não é conhecida na Albânia e na Macedônia. Sou o primeiro investigador que divulgo esse fato aos albaneses. Com a música “Flores que tem no Brasil”, quis mostrar as primeiras conexões entre albaneses e brasileiro. A música está escrita no livro “Incêndio florestal inextinguível” (Perfis, estudos, esboços literários) albanês — italiano, Bexhet Asani,página. 230, Tirana, (2021). O livro é bilíngue albanês-italiano.

Flor que tem no Brasil.
(Fragmento)
[…Você foi abençoado, meu, lu!
A flor que tem no Brasil foi roubada.
Você nadou no mar e não se cansou.
Venha até a mim
Eles foram muito corajosos por esperarem por mim!
Eles estão muito animados me esperando…]

A canção popular “Flores que tem no Brasil” foi criada no final do século XIX ou início do século XX, segundo o prof. Francisco Markanos. “Flores que tem no Brasil” é uma canção curda entrelaçada com motivos românticos e saudosos, aconteceu em Frasnitë, vilarejo de Arberesh (Albânia), na Calábria, Itália. Conta a história de uma menina que emigra para o Brasil com seus pais, deixando um amor de adolescência que a amava e que nunca a esquecerá. A menina retorna anos depois casada. Ela havia esquecido o menino que a amava.  O menino sofre e canta com saudades do amor perdido para sempre!

A música “Flores que tem no Brasil”, nos lembra do nosso poeta nacional Zef Seremben, que se apaixonou por sua conterrânea que também migrou para o Brasil e, depois de algum tempo, precisamente em 1874, a namorada do poeta Serembe, falece em terras brasileiras. Zef Serembe fica chocado com essa perda, e viaja para o Brasil para visitar o túmulo de sua amada. Essa visita do poeta é auxiliada pela princesa romena de origem albanesa, Elena Gjika, ou como é conhecida no mundo com o apelido Dora D’Istria, por isso Zef Serembe é recebido na corte brasileira pelo Imperador do Brasil Dom Pedro II, com todas as honras.

Olha, apesar de sermos uma nação pequena, temos uma rica literatura artística. A colaboração de escritores brasileiros-albaneses deve continuar. Devemos nos esforçar para que essa cooperação não seja apenas virtual, mas também direta, por meio de vários encontros tanto na Albânia quanto no Brasil.

Desta forma, não só aproximaremos e afirmaremos as culturas de ambos os povos, como elevaremos a um nível superior esta cooperação literária e científica. Que esta iniciativa seja uma troca de experiências entre escritores brasileiros e escritores albaneses.

 

9

REVISTA THE BARD — Deixe uma mensagem para essa colunista e para os leitores da Revista The Bard.

BEXHET ASANI – Aos leitores dessa magnifica Revista “The Bard”, que estão agora mais familiarizados com a criatividade de alguns escritores albaneses cujos poemas foram publicados em português. Isso não é o bastante. Os brasileiros farão bem em visitar a Albânia, este país turístico com raras belezas naturais e históricas, e só assim conhecerão a cultura do antigo povo albanês.

Tenho orgulho de alguns dos meus poemas terem sido traduzidos para o português. Tenho orgulho de meu livro poético “Olhos Divinos” ser o primeiro livro na língua albanesa que chegou ao nosso país amigo, o Brasil. Vivo na esperança de que esta amizade entre os dois povos continue! Mais uma vez, agradeço sinceramente à Professora Magna Aspásia Fontenelle e à Revista “The Bard” por me permitirem conceder esta entrevista!

Conheçam a Albânia!
Com respeito
Prof. Dr. Bexhet Asani
Nova Jersey — EUA
Nju Xherzi — SHBA

Muito obrigada pela sua gentileza de participar dessa entrevista.
Gratidão
BA-Faleminderit! Obrigada!

Por MAGNA ASPÁSIA

Pular para o conteúdo