NAU LITERÁRIA – Entrevista com Santa Catarina

NAU LITERÁRIA – Entrevista com Santa Catarina

Santa Catarina Fernandes da Silva Costa é formada em Letras/São José do Rio Preto e Direito- Mackenzie/São Paulo. Publicou três livros de poesias. Participou de várias antologias nacionais e internacionais: Salmos Modernos 2/ Suíça, em português/hebraico e Salmos Modernos – Fé e Fidelidade, Estados Unidos, em português/inglês. Na extinta Iugoslávia, Antologia Savremena Poezija Brazila, composta por poetas brasileiros, publicada no idioma servo-croata em 1987. Nos Estados Unidos, fez parte de quatro antologias publicadas em inglês entre 1996 e 1998, pela The National Library of |Poetry, Owings Mills, Maryland. Participou da Antologia Internacional Pegasi em Prosa e Verso Open Lane 5 – Albânia – Akademia Alternative Pegasiane Brasil-2022. Colaborou mensalmente com a Revista Aristos International, de Alicante, na Espanha, com poemas e textos poéticos de 2019 até novembro de 2021. É coautora de várias coletâneas publicadas em São Paulo e em São José do Rio Preto. Está catalogada no Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras (poetas de 1711 a 2001 Consta na 1ª edição da Enciclopédia de Literatura Brasileira, Vol. II, JRP_SP. Participou do Em São Quem faz História em São José do Rio Preto, atualmente continua debruçada nos textos sagrados, num caminho sem volta.

 

“O tempo se vai como o vento. Que o amor esteja sempre presente! ”

ENTREVISTA

1

REVISTA THE BARD Conte-nos quando iniciou sua escrita literária? 

 

SANTA CATARINA Meu primeiro poema foi dedicado a um cão chamado “Titio”. Era ainda criança e amava esse animal que vivia no nosso quintal de chão batido. Nunca se banhou e nunca entrou dentro de casa. Era fora dela que eu era totalmente feliz, junto a esse bichinho de estimação. Ele morreu e com o coração condoído lhe dediquei minhas primeiras letras unidas, as quais foram criticadas pela minha avó. Na adolescência passei a escrever “Cartas de Amor” para minhas amigas que enfrentavam problemas amorosos. Normalmente elas funcionavam. A partir daí enviava textos poéticos à Rádio Independência, que eram lidos, com fundo musical, pelo então radialista Roberto Toledo; aos Jornais, “A Notícia”, “Diário da Região”, da minha cidade, São José do Rio Preto. Minha primeira poesia publicada foi numa Antologia “Cancioneiro 1”, da Faculdade Riopretense de Filosofia, Ciências e Letras, da qual era aluna de Letras. Assim foram os poemas caminhando no tempo até o meu primeiro livro “Universo Utópico”, ser lançado em São Paulo, Capital, onde passei a residir, lançando mais três livros. Um deles foi lançado em Belém do Pará.

2

REVISTA THE BARD A incerteza dos tempos que vivemos servem como catalisador para o a humanidade. Perguntamos como enfrentar essa nova realidade com mais sabedoria? 

 

SANTA CATARINA A humanidade ainda rasteja no conhecimento. Ela evoluiu em certos aspectos, mas a essência continuou a mesma da antiguidade. Há muito egoísmo sendo cultivado na terra, opressão aos menos favorecidos e ambição pelo poder. Para enfrentarmos a realidade precisaríamos nos debruçar nos erros do passado e tirarmos dele lições para que os problemas atuais fossem superados. Tudo está baseado no amor, respeito aos animais, aos humanos, à natureza e a tudo que esse planeta engloba. Vivermos como irmãos pois somos parte de um organismo vivo, que respira. Portanto, amor, respeito, reverência ao Criador de todo esse universo e toda a Sua criação. No livro de Provérbios, Capítulo 1, verso 7, nos ensina que “ O temor do Senhor é o princípio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino”.

 

3

REVISTA THE BARD Sua viagem a Terra Santa, mudou alguma coisa no seu jeito de perceber o mundo e as pessoas? 

 

SANTA CATARINA Sim, mudou muito. Estive várias vezes na Terra Santa e cada vez, nova descoberta. Vi no Museu do Cairo, trono do Faraó, joias, múmias, (tudo morto): no Museu de Jerusalém, joias dos grandes reis que destruíram o reino de Israel, lanças, riquezas, mera exposição de coisas pelas quais mataram, saquearam, mas não extinguiram uma nação, que retornou após dois mil anos. Jesus me vem aos ouvidos e diz: “ajuntei tesouros nos céus…” (Livro de Marcos, Capítulo 6, verso 20). Entendi que não vale a pena acumularmos bens, pois a nossa missão é fazermos o bem. Nesse sentido as pessoas deveriam pensar e agir, sempre em benefício do próximo, que, lamentavelmente, isso não acontece. Eu não tinha essa visão anteriormente.

 

4

REVISTA THE BARD A releitura da escritura sagrada, sua mais recente obra, como a figura de Jesus aparece nessa narrativa? De forma direta ou figurada? 

 

SANTA CATARINA Jesus aparece em todo o Antigo Testamento de forma figurada. Ele vem através de fogo, aparece como Anjo, que guia o povo pelo deserto, conduzindo-o até a chegada de Jesus, como pessoa. No Novo Testamento ele vem de forma direta, materializado e tocado, amado, odiado, desprezado e torturado e no fim crucificado e depois, segundo nossa crença, ressuscitou e ascendeu aos céus. No entanto, no Pentecostes, que é uma festa judaica, Jesus enviou o Espírito Santo, entre labaredas de fogo, distribuindo aos discípulos força e poder para continuarem a sua missão, evangelizando as nações e povos por toda a terra – Livro de Atos, Capítulo 1, verso 8. Iniciou a sua presença com fogo e finalizou na Bíblia, com fogo, que é o Espírito Santo em nós, orientador das nossas vidas.

5

REVISTA THE BARD Você é uma mulher espiritualista e de fé católica devota de vários santos. Qual avaliação você faz do pluralismo religioso no mundo conterrâneo? 

 

SANTA CATARINA Sou uma mulher que acredita num Deus vivo, poderoso, atuante, controlador das nossas vidas. Eu creio que o pluralismo religioso tem o mesmo fim, a mesma meta, a busca do mesmo Deus, que habita dentro de cada ser. Todos os caminhos vão nos levar ao Pai, os que nele crerem, é claro. O que importa é o amor dentro de um coração puro, boa consciência com Deus, uma fé verdadeira e viver sem hipocrisia. Esse é o mandamento sagrado.

 

6

REVISTA THE BARD Fale-nos sobre seu livro escrito na língua Iugoslávia? Título?  

 

SANTA CATARINA Eu frequentava a UBE- São Paulo, quando o escritor André Kisil, originário da Bósnia, selecionou dois poemas do meu livro “Muralhas Soluçantes” e, para surpresa minha, foram publicados na Iugoslávia, com outros poetas, entre eles Carlos Drummond de Andrade. Os poemas Muralhas Soluçantes (Zidine U Jecaju) e Lágrimas Azuis (Plave Suze), estão no livro intitulado SAVREMENA POEZIJA BRAZILA – BAGDALA KRUSEVAC (Bairro da Sérvia), lançado em 1987.

 

7

REVISTA THE BARD Quantos livros você tem publicado?  

 

SANTA CATARINA São seis livros contando com os dois últimos volumes sobre a Bíblia Hebraica. Três livros de poemas: Universo Utópico (São Paulo); Retalhos Cósmicos (Belém do Pará) e Muralhas Soluçantes (São Paulo). Um livro considerado de Memória intitulado O Grito do Silêncio também lançado em São Paulo. Os dois volumes “Peregrinando pelos Escritos do Antigo Testamento” – A história do povo de Israel- Volume 1 e Os Livros Sapienciais, Salmos e os Livros dos Profetas da Bíblia Hebraica – Volume 2, em São José do Rio Preto/SP. (Estes sofreram alteração de tamanho e estão sendo reeditados). Participei de Antologias nacionais e internacionais, poemas editados nos idiomas servo-croata, inglês e hebraico.

 

8

REVISTA THE BARD Nos processos da escrita que é mais difícil, a primeira ou a última frase? 

 

SANTA CATARINA Considero o fim, a última frase, que condensa todo o raciocínio. No livro “O Grito do Silêncio” aconteceu algo inédito. Fiz o fechamento do livro, mas não conseguia narrar o fim da personagem central, quando ela se despedia desta vida, pois era também a minha vida, que se esvaia.

 

9

REVISTA THE BARD Deixe uma mensagem para os leitores da nossa Coluna Nau Literária-Revista The Bard. 

 

SANTA CATARINA Creio que já disse várias vezes sobre o que carregar nesta viagem terrena: poucos bens, simplicidade, amor no coração, pureza de sentimento, desprendimento e nunca esquecer da nossa transitoriedade. O tempo se vai como o vento. Que o amor esteja sempre presente!

Muito obrigada pela sua participação.  

Eu é que agradeço por ser sido lembrada e convidada.

 

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Por MAGNA ASPÁSIA

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