PROSA POÉTICA – (Des)acontecendo por Mari Ventura

PROSA POÉTICA – (Des)acontecendo por Mari Ventura

 A mente cheia de súbitas mortes, se decompõe, na penumbra se agarra, encharca de si, desacontece. O ser se opõe a si mesmo, ao próprio gozo do existir e faz gincanas de imagens impróprias a sua paz noturna. Obscuro afronte é o dia vindo, as ruas vestidas de exageros e nuas de silêncios, são afetadas pelas urgências do existir percorridas por mentes cheias de corpos pesados, enlutados dos pesos de si, sepulturas de almas semivivas, ainda com flores. Há mortes de corações e corpos, de esperanças e de sonhos. A mente desacontecendo, desapontando o corpo. Os olhos? Esses não fecham, entre corpo, cabeça e coração há eternidades, abismos frios. O ar sufoca os pulmões, o coração faz canções de desgosto. A vida dá pulos e ri dos apuros do mundo, a mente quer ser mais importante que corpo, o mundo não dorme esperando o futuro e o presente desacontece a cada segundo.

Por MARI VENTURA

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