PROSA POÉTICA – Dias de Sonho por Rita Queiroz

PROSA POÉTICA – Dias de Sonho por Rita Queiroz

Nasci na capital, mas sempre passei as férias na casa de meus avós maternos, no interior. Como gostava de ir para lá. Não lembro em que altura do ano já começava a arrumar as sacolas, sonhando com os dias na roça.

Lá, corria atrás das galinhas, queria dar nó no rabo dos porcos, conversava com as cigarras no final do dia. À noite, quando o céu era iluminado pela lua cheia, ouvia as histórias que todos contavam. Ficava com medo dos causos de assombração.

Mas nessa noite também, via São Jorge cavalgando na lua e as estrelas, escondidas, derramavam-se de paixão por ele, garboso cavaleiro. Elas sopravam poesia e ele, ditava sua prosa. Via tudo isso nas entrelinhas que se desenhavam em meus olhos, ávidos por sonhos de menina.

Nas noites sem lua cheia, as estrelas se mostravam mais luminosas do que nunca. Podia contá-las uma por uma. Na terra firme, os vagalumes sorriam por segundo. Era uma festa! Queria abraçá-los e, assim, tornar-me uma deles.

E, assim, passei a viver no mundo da lua, sempre sonhando com meu lindo cavaleiro, mas o que apareceriam eram os sapos, que viravam príncipes com o meu abraço.

Por RITA QUEIROZ

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