PROSA POÉTICA – Em Conto por Jéssica Sabrina

PROSA POÉTICA – Em Conto por Jéssica Sabrina

 O céu era cinza concreto e a lua não passava de um reflexo borrado. Bethânia cantava no décimo segundo andar e meus passos, errantes, apanhavam de cada batida do meu coração; o frio nos aquecia, trocávamos votos e promessas, mas o melhor pedido era o dos corpos, nada abra(ç)sava tanto quanto nosso contato, eu olhava dentro de seus olhos e uma fogueira se erguia, diante de mim, era eu, em chamas, acesa em um olhar.

 Em uma noite comum, de um dia qualquer, eu beijei a poesia, descrevo esse encontro para documentar que a vida real é, infinitamente, melhor que contos de fadas. O amor não se conta, se sente e, por ser in versos, naquela noite, ele me sentiu. Dois pra lá e dois pra cá, a valsa errante do bolero era a eternidade fragmentada no efêmero e eu só ria. Naquele eterno, a paixão me sorriu, maliciosamente e eu, prosadora da saudade, deixei que o sentimento sem sinônimos nos unisse em versos e rimasse minha boca com seu beijo.

 O céu era cinza, mas concreta era minha felicidade, a lua se refletia, espelhada em arranha-céus, mas era você quem me levava às alturas e borrava meu batom. Bethânia cantava, mas o encanto estava em você. Doze badaladas, a noite avançava, mas a magia permanecia; o beijo do amor verdadeiro, finalmente, me despertou: desculpa Criolo, estávamos errados, existe amor em SP.

Por JÉSSICA SABRINA

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