PROSA POÉTICA – Jardineira por Cacá Matos

PROSA POÉTICA – Jardineira por Cacá Matos

 Mesmo sem experiência, resolvi fazer um serviço extra de jardinagem. Coloquei roupas confortáveis, comprei o equipamento e comecei a cuidar do meu jardim. Podei algumas árvores, cortei alguns galhos e folhas caídas, varri e deixei tudo arrumado. Até que deu pro gasto.

 Reguei as plantas, as flores, toda flora disponível do jardim. Sorri. Estava satisfeita. Fiz um ótimo trabalho e eu seria bem recompensada: vida nova florescendo, animais habitando o meu pequeno e delicado jardim, borboletas e pássaros voando ao redor, a vida recomeçou dentro de mim.

 Tirei tudo que não servia mais. Limpei, cuidei, aparei, para que assim meu solo voltasse a ser fértil mais uma vez.

 Fiz de mim um gracioso jardim. Me dispus a mantê-lo belo assim, a preserva-lo e manter a vida ali feliz e em movimento.

 Eram novos tempos e mesmo com o caos instalado na fora, eu prometi cuidar de mim, decidi que eu mereço o maior cuidado e amor possível e para isso precisava renascer, replantar e deixar bons seres me habitarem.

 O jardim estava lindo! A vida me sorriu outra vez. Sentei na grama. Tirei as luvas e toquei algumas flores: belas e coloridas, como a vida em mim que apagou o cinza que até então me cercava.

 E o coração voltou a bater animado e agora florescido por raízes fortes e profundas. A angiogênese se fez em mim.

Por CACÁ MATOS

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