RECANTO DAS CULTURAS TRADICIONAIS – Mas esse frevo é o fervo!

RECANTO DAS CULTURAS TRADICIONAIS – Mas esse frevo é o fervo!

 O frevo é considerado Patrimônio Imaterial da humanidade pela UNESCO. Surgiu há mais de 100 anos em Recife, Pernambuco. É uma dança folclórica típica do carnaval de rua do Brasil. Ah! É também a manifestação popular carnavalesca onde se gasta mais calorias!

 A origem se deu no final do século XIX, em um momento de transição e efervescência social no Brasil, como uma grande expressão cultural das classes populares. Foi decorrência da rivalidade entre as bandas militares e os escravos que tinham se tornado livres.

 O Dia Nacional do Frevo é celebrado em duas datas distintas: 14 de setembro (data em que nasceu , no ano de 1882, o jornalista Osvaldo da Silva Almeida, criador do nome frevo), e também em 9 de fevereiro, data em que os historiadores identificaram a primeira aparição da palavra frevo, em 1907, sendo esta a data considerada oficial.

 Com o decorrer dos anos, foi assumindo cada vez mais importância e reconhecimento pelo Brasil e, até os dias de hoje, influencia de forma intensa o carnaval de todo o país.

 No ano de 2012 foi incluído desde na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Na realidade, e independentemente desse reconhecimento internacional, o frevo já é parte importante da história nordestina e brasileira.

 A palavra frevo tem origem no verbo ferver (“frever”), já que a sua execução pressupõe uma dança frenética, de ritmo muito acelerado e passos relativamente difíceis. O ritmo musical desta linda e contagiante dança mistura a marcha e o maxixe, além de possuir alguns elementos da capoeira.

 Todos os dançarinos vestem roupas alegres e super coloridas, geralmente camisas curtas e justas amarradas na cintura, calça colada, shorts e saias para as mulheres. Tudo isso é acompanhado de sombrinhas (famosíssimas) e estandartes, representando as bandeiras de cada grupo de dança.

 

Quais então as principais características do frevo?

  • presença de música e dança;
  • música tocada por instrumentos de sopro;
  • ritmo acelerado;
  • movimentos acrobáticos;
  • inserção de elementos de outras danças folclóricas;
  • inserção de elementos da capoeira;
  • figurinos coloridos e o utilização de pequenas sombrinhas.

 Os vários blocos de frevo saem pelas ruas de Pernambuco na época do carnaval, com concentração maior em Recife e Olinda. Um dos blocos carnavalescos mais expressivos e conhecidos é o Galo da Madrugada, que tem mais de 40 anos de existência. O bloco saiu às ruas da cidade pernambucana pela primeira vez em 4 de fevereiro de 1978, com 75 pessoas fantasiadas, acompanhadas por uma orquestra com 22 músicos.

 Nos anos seguintes, o bloco foi ficando famoso e ganhando a adesão de milhares de foliões a cada carnaval. Em 1994, o Galo da Madrugada viu o reconhecimento internacional: o Guiness Book consagrou a agremiação como “o maior bloco de carnaval do planeta”, quando 1,5 milhão de foliões desfilaram pelas ruas do centro da cidade. Que interessante! Em 2018, por outro lado, o desfile arrastou um público médio de 2,3 milhões pessoas às ruas do centro do Recife. Nada mal!

 São vários os tipos de frevo! A característica popular da dança e a inventividade do povo pernambucano deram origem a diferentes tipos de frevos. Vamos conhecer?

 

Frevo de rua

 Esse tipo é instrumental e acelerado, não tem letra de música, e é tocado pelas orquestras nas ladeiras e ruas. Foi o primeiro estilo a surgir e é o mais efervescente de todos. Atualmente, uma orquestra de frevo de rua desfila com instrumentos como saxofones, clarinetes, pistões, trombones, tubas, taróis, surdos e bombardinos. Um espetáculo!

 

Frevo de bloco

 Em vez de instrumentos de percussão e metais, o frevo de bloco é executado por uma orquestra de pau e corda, composta por violões, bandolins, flautas e cavaquinhos. É um ritmo mais lento, poético, e as letras têm um tom saudosista. Quem se identifica?

 

Frevo canção

 Este tipo, que tem letras e é cantado, pode também ser conhecido como marcha-canção, por ser parecido com marchinhas. Diferentemente do frevo de bloco, que tem uma poesia nostálgica, as letras tratam de contextos atuais.

 E se você estiver pensando em ir a Recife, visite o Paço do Frevo. Localizado na Praça do Arsenal da Marinha, no bairro do Recife, é um centro de referência de ações, projetos e atividades de documentação histórica permanente da dança. É o lugar ideal para estudar, criar, experimentar e vivenciar o rico universo de histórias, personalidades, memórias e linguagens artísticas do frevo. Lá, são promovidas oficinas e apresentações musicais regulares em quatro pavimentos de atividades, oferecendo aos visitantes uma ótima oportunidade de vivenciar o Carnaval recifense durante todo o ano.

Por EDUARDO MACIEL

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