AUTOPOIESE E NARRATIVAS – Vozes e ecos tecidas nos fios da Poesia.

AUTOPOIESE E NARRATIVAS – Vozes e ecos tecidas nos fios da Poesia.

 Sinto-me privilegiada com a sua leitura na coluna Autopoiese & Narrativas.

 Meu interesse principal é trazer o mundo mágico, fantástico dos sentimentos das belezas tecidas nas “Vozes e ecos tecidas nos fios da poesia”. É um tema que envolve o poeta que tece muitos fios nos seus caminhos de sensibilidades mediadas pelas linguagens poéticas.

 Assim, nosso objetivo é criar para o leitor uma autopoiese de inspirações; vamos, portanto, buscar conexões com as essências das nossas vozes poéticas, caracterizadas pelas livres expressões tecidas nas diferentes formas de vivenciar suas emoções e imaginações.

 Muitíssimo obrigada!

 Bom percurso entre os fios, e bordados nos ecos das poesias!

 

 A INSPIRAÇÃO CAINDO NOS BRAÇOS DA POESIA

 É uma honra estar escrevendo nesta coluna “Autopoiese & Narrativas” um conteúdo tão encantador como a poesia e o seu mundo, á medida que penetra nas profundidades dos sentimentos humanos.

 Para os que estão lendo e visitando pela primeira vez a nossa coluna na revista Internacional THE BARD, eu me apresento como sendo uma escritora que ama a arte e a literatura, valorizando as vozes poéticas com seus ecos, nas suas diferenças, possibilitando escutas em suas manifestações artísticas e criativas.

 São fascinantes as vozes poéticas nas poesias com as suas belas manifestações de sentimentos, lembranças, momentos e sensações ao longo da vida.

 Nesse sentido, vamos aprofundando as reflexões acerca do tema proposto nessa Autopoiese “VOZES E ECOS TECIDAS NAS TECELAGENS DA POESIA ”.

 Estamos construindo ponto a ponto, fio a fio com seus ecos, paixões, emoções e suas metáforas esta narrativa.

 Na poesia podemos receber o reforço emocional e afetivo, o florescimento subjetivo, os detalhes e as inspirações únicas despertadas pela sincronicidade além da harmonia na fusão das cores, das energias e percepção do todo. Surge daí o desvelamento dos fios da poesia e suas múltiplas possibilidades sintonizando-se com a história de vida que – principalmente – o coração sente e vivencia. Ou ainda como diz o poeta:

“É preciso romper a placenta

Para nascer

Romper o tédio

Para criar

Romper o egoísmo

Para amar

Romper o casulo

Para voar

A vida é uma constante ruptura

Para não “morrermos”

Na rotina

Na massificação

Na indiferença

Aprender a romper

É sofrer rupturas

É integrar a dor

É curar feridas

Para então

Descobrir a alegria

O ritmo eterno

A Paz.

Ruy Cesar do Espírito Santo (2007p. 48)

 A liberdade de pensamento é um aspecto fascinante. Na escrita das poesias podemos encontrar possibilidades, alternativas para o momento mágico da criação.

 É importante observar que a escrita poética, envolve culturas que se misturam em pluriculturalismos, aflorando com naturalidade nossas manifestações artísticas, criativas, autopiéticas.

 Consolidando o fantástico alcance que tem no universo, esse gênero literário e a sua multiplicação das vozes e ecos, a poesia reúne poetas e poetisas sem fronteiras, que se interpenetram nas leituras mediadas pelas narrativas de seus poemas, escritos com as vozes do coração, acertando no grande alvo que e o “amor”. Este sentimento- âmago da nossa essência – é o sentido luminoso de nossa vida.

 A escrita poética, lida com a essência, lembrando a famosa frase: o essencial é invisível para os olhos. Na poesia a visibilidade do que se deseja vê, se dá evocando os ecos das emoções.

 É justamente nesse aspecto, que sentimos como as poesias são perfeitas, elas alcançam o recôndito de nossas profundezas sentimentais. Tudo começa com a inspiração que chega e soma-se a infinitos reais e metafóricos com percepções diversas. Esses aspectos são criadores poéticos, desenvolvendo uma narrativa especial.

 Logo, o nosso interesse nesta narrativa, está em nos debruçar sobre a poesia e seus estímulos, fantasias, manifestações de amorosidades, sonhos e inspirações.

 

POESIA PARA TODOS (AS)!

O poeta

Autoria Stella Gaspar

Tece amor

Tece paz

Tece vestimentas

Vestindo corpos amados despidos

O poeta é tecelã de sonhos

Tece chamas de paixões

Com aromas suaves

Permanecendo no cheiro maravilhoso

Da beleza sensual, do amor.

 

 Na poesia não existem fórmulas prontas, o passado e o presente se manifestam, rebuscam memórias nas lembranças de nossas histórias, por meio de palavras ou imagens, liberando sonhos, prazeres, devaneios e fantasias, livres de repressões.

 Portanto, somos tecelões de palavras sedosas, doces e valorosas que nos deixam maravilhados com a realidade; tanto no micro, como no macrocosmo. Uma fonte sem fim, interminável, um fazer contínuo, em permanente construção, marcados por paixões, ansiedades, medos e outras emoções. É preciso voltar-se à profundidade de si mesmo, o que Jung chamava de inconsciente, e que na escrita poética podemos dizer: que é preciso buscar a centelha de luz onde ela se encontra. Buscar o fio mestre dos desenhos de suas poesias e saber que o hoje não é o ontem, que o ontem não é o momento presente.

 A poesia precisa fluir ser parte das vidas que a busca e principalmente, o poeta não se conceber como máquina de produção de versos e rimas.

 A poética começa em nós e no outro, começa com as frases e palavras, com tempos e destempos do amor, ao olhar o olhar, ao descompor – se o pensamento.

 Ou seja, na narrativa poética, poemas, versos e rimas são feitas fio a fio em uma escrita tecida e entrelaçadas com as vozes e os ecos das inspirações, bordadas nas tecelagens das fantasias, dos sonhos e das emoções. Tudo isso, forma a apaixonada significação poética.

 Depois do percurso até aqui, podemos denominar o poeta e a poetisa, como sendo tecelões com inspirações capazes de revelar belezas, alegrias e amorosidades, sendo o vento suave para aqueles que buscam na sua poesia, o encantamento adormecido ou perdido.

 A poesia é o encontro com as profundezas de cada um, é um momento libertador e cativante. Podemos também a definir como sendo afeto literário, capaz de oportunizar o desfrutar de si mesmo.

 

TECENDO E BORDANDO O AMOR NA POESIA

Amor pleno

Autora Stella Gaspar

Amar…

Amar…

Amar…

Essa é a minha certeza

Amar um amor que compreenda

As minhas fragilidades

Inundando-me a alma de poesias

Com gotas de balsámos

Em perfeita sintonia com o canto

Do amor no meu coração

Noite e dia.

Sinto-me em contentamentos

Com as pétalas das flores

Que formam tapetes para celebrar

Caminhos de esperanças

Com ventos de vitórias

A favor de nós dois

Tudo é tão belo

Com você

Que me faz.

Amar… Amar… Amar.

 

 Somos tecelões, tecendo fios de vida, marcas bordadas de histórias, além de abraços de felicidades ou infelicidades. As vozes e os ecos da poesia estão nas escritas, nas canções, nos lamentos, nas fomes e sedes de amor.

 Assim, denominamos os poetas e as poetisas como sendo “Tecelões de sedas poéticas.” Na simplicidade de dizer eu te amo, na arte de escrever sobre o amor, no desnudar de seus ardentes desejos, nos prazeres entrelaçados, nas fantasias.

 Para o poeta, sua “Lei” é o amor, direcionado para o seu amado com a paixão no universo sonhado.

 

OBRAS LITERÁRIAS CONVIDATIVAS

 A romancista inglesa Virginia Woolf, do outro lado do Atlântico escreveu audaciosamente com um olhar histórico:

 “Encarar a vida pela frente… Sempre… Encarar a vida pela frente, e vê-la como ela é… Por fim, entendê-la e amá-la pelo que ela é… E depois deixá-la seguir… Sempre os anos entre nós, sempre os anos… Sempre o amor… Sempre a razão… Sempre o tempo… Sempre… As horas”. Virginia Woolf

 Sempre é bom lembrar as clássicas palavras de Virginia Woolf, elas desencadeiam o entendimento de que vida, poesia, paixão e amor são artes que os corações dos poetas e poetisas tecelões, sabem muito bem tear, cada vez tecendo sonhos, saudades, imaginações e composições iluminadas pelas inspirações.

 É possível notar nos escritos de Clive Staples Lewis (2017, p. 31) a classificação dos amores escritos nos poemas.

 O Amor-necessidade (não posso viver sem ele ou sem ela)

 O Amor-dádiva (aspira dar a felicidade, conforto e proteção e se possível segurança material).

 O Amor- apreciativo (contempla, suspira e fica em silêncio, alegra-se que essa maravilha existe, ainda que não para si, e se não, sentir-se-á totalmente desanimado ao perdê-lo, se contenta com a situação mais do que se não a tivesse visto na vida).

 

 Podemos observar que na escrita poética esses três elementos destacados pelo escritor C. S. Lewis; as poesias, os poemas, e os versos sintonizam e se harmonizam com o sentido de amor escrito por muitos poetas, por ser o amor uma necessidade permanente de vida, de luz, de inspiração.

 O “Amor” e o “amar” são grandes possibilidades de conexões e aproximações entre as dimensões das poesias promovendo sons com músicas, palavras poéticas e outras formas. No livro O apóstolo da compaixão, J.C. Ismael (1984) afirma: que “a arte é parte da compreensão mística e contemplativa do mundo e que as paixões humanas têm de se transfigurar pelo amor…”, ou seja, a arte é o caminho que nós humanos podemos produzir belezas, sendo o amor o condutor desse processo.

 Somos seres de amor, por nós e pelo outro.

 Essa é a magia do ser humano.

 

ECOS DO AMOR E DA PAIXÃO

 Considerado o maior dramaturgo de todos os tempos, William Shakespeare, escreveu verdadeiras obras de arte que influenciaram e que ainda influenciam gerações além do seu tempo. Apesar de suas peças terem feito seu nome ressoar pelos séculos, seus poemas também revelaram sua genialidade enquanto maior escritor britânico de toda a história.

 Os poemas de Shakespeare sobre o amor e a instabilidade da vida nos mostram que o artista amou, sofreu e viveu paixões que só poderiam ser expressas de uma maneira: através das palavras.

 Viver a eternidade do agora, na poética de dar vida à nossas imaginações, às levezas dos versos em toda solenidade de seus silêncios.

 Assim, descreve Shakespeare nos seus poemas:

Não tem olhos solares, meu amor;
Mais rubro que seus lábios é o coral;
Se neve é branca, é escura a sua cor;
E a cabeleira ao arame é igual.

Vermelha e branca é a rosa adamascada
Mas tal rosa sua face não iguala;
E há fragrância bem mais delicada
Do que a do ar que minha amante exala.

Muito gosto de ouvi-la, mesmo quando
Na música há melhor diapasão;
Nunca vi uma deusa deslizando,

Mas minha amada caminha no chão.
Mas juro que esse amor me é mais caro
Que qualquer outra à qual eu a comparo.

William Shakespeare

 

 Há quem diga que todas as noites são de sonhos.
 Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isto não tem muita importância.
 O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado.

William Shakespeare

 

 Duvida da luz dos astros,
 De que o sol tenha calor,
 Duvida até da verdade,
 Mas confia em meu amor.

 William Shakespeare

 

 Os poetas têm suas histórias e são elas que despertam nossas imaginações no universo das paixões, dos romances, dos saudosismos e da dor do amor.

 Pablo Neruda é um autor da literatura chilena (1920). Suas obras são marcadas, por um tom melancólico e saudosista. É perceptível, também, o erotismo associado à temática amorosa. O autor trabalha com elementos do cotidiano, faz crítica sociopolítica e enaltece a cultura latino-americana.

 Paixão e amor, um trabalho poético com uma linguagem que encanta amantes de todos os continentes. A paixão nos versos de Neruda forma um embrião do amor em seus sonetos e poemas.

 Suas verdades poeticamente escritas incluem magia e fantasia, incorporando o delírio e a imaginação. É sempre uma literatura maravilhosa e apaixonante.

Tenho fome de tua boca

Tenho fome de tua boca, de tua voz, de teu pelo
e por estas ruas me vou sem alimento, calado,
não me nutri o pão, a aurora me altera,
busco o som líquido de teus pés neste dia.

Estou faminto de teu riso resvalado,
de tuas mãos cor de furioso silo,
tenho fome da pálida pedra de tuas unhas,
quero comer teu pé como uma intacta amêndoa.

Quero comer o raio queimado em tua formosura,
o nariz soberano do arrogante rosto,
quero comer a sombra fugaz de tuas sobrancelhas.

E faminto venho e vou olfateando o crepúsculo
buscando-te, buscando teu coração quente
como uma puma na solidão de Quitratúe.

Pablo Neruda

 

Te amo

Te amo de uma maneira inexplicável,
de uma forma inconfessável,
de um modo contraditório.
Te amo, com meus estados de ânimo que são muitos
e mudar de humor continuadamente
pelo que você já sabe
o tempo,
a vida,
a morte.
Te amo, com o mundo que não entendo
com as pessoas que não compreendem
com a ambivalência de minha alma
com a incoerência dos meus atos
com a fatalidade do destino
com a conspiração do desejo
com a ambiguidade dos fatos
ainda quando digo que não te amo, te amo
até quando te engano, não te engano
no fundo levo a cabo um plano
para amar-te melhor – Pablo Neruda

 

SONETO XVII

(…)

Amo-te como a planta que não floriu e tem

Dentro de si, escondida, a luz das flores,

e, graças ao teu amor, vive obscuro em meu corpo

o denso aroma que subiu da terra.

Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,

Amo-te diretamente sem problemas nem orgulho:

amo-te assim porque não sei amar de outra maneira,

a não ser deste modo em que nem eu sou nem tu és,

tão perto que a tua mão no meu peito é minha,

tão perto que os teus olhos se fecham com meu sono.

Pablo Neruda

 

 

FIOS E ENTREFIOS: UM POETIZAR DE ENCONTROS

 A arte é um lugar de encontros, uma linguagem universal e expressão máxima de interlocuções com as dimensões do inconsciente.

 É nesse espaço que a arte de poetizar nos brinda com suas entrelaçadas autopoieses expressivas; cheios de lapidações os poetas por meio de suas poesias belíssimas, nos oportunizam o vislumbrar dos sentimentos contidos nas matizes psíquicas.

 Trouxemos nesse artigo a poesia comparada com um tear, tecendo brilhos de emoções. O ser inquieto procura quietude, necessita ser ouvido, ser visto, procura pertencimento, desvelando essas manifestações em suas produções artísticas.

 É prazeroso ler uma mensagem poética bem fundamentada, contextualizada e apoiada nas experiências autorais.

 A narrativa aqui apresentada está entremeada com a arte de poetizar, que se dispõe como uma tapeçaria, entrelaçada para formar uma única peça, a “poesia”.

 Prosseguindo, narramos sobre a importância dos estímulos que a escrita das poesias têm, otimizando as inspirações , tecendo fios nas construções como o encanto e o prazer poetizado.

 Finalizamos, convidando a todos para impregnarem-se de corpo e alma com esse doce sentimento.

 Façamos como os poetas que não se cansam de escrever sobre o amor e de mostrá-lo como a força mais poderosa que pode levar-nos à felicidade.; fascinando-nos e deixando-nos encantados.

 A todos, meu sincero agradecimento.

Por STELLA GASPAR

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