Filme: Volver
Vou falar um pouquinho de Pedro Almodóvar, um dos maiores cineastas do planeta azul!
De origem humilde, Pedro Almodóvar não teve condições financeiras para estudar cinema, e de qualquer forma, no início da década de 1970 as escolas de cinema estavam fechadas pelo governo de Franco na Espanha.
A arte do cinema estava em seu sangue, e a sua sensibilidade inquestionável o fez ir longe.
Almodóvar foi vendedor de rua, cantor de uma banda de rock e desenhista de quadrinhos. Quando finalmente arranjou algo fixo, em uma empresa de telefonia, economizou seu salário para comprar uma câmera Super 8, que usou para fazer curtas no final dos anos 1970.
Sim, o amor pelo cinema prevaleceu. Que bom para Pedro. Que incrível para nós.
Os primeiros trabalhos do cineasta foram lançados em 16mm, e as dificuldades de financiamento que encontrou o forçaram a abrir sua própria produtora, ao lado do irmão, Agustín Almodóvar.
A Netflix está disponibilizando alguns sucessos de Almodóvar em seu catálogo. Que sorte a nossa!
Mas eu quero falar de um filme muito especial que é Volver.
Almodóvar tem suas preferências em relação aos atores, aliás muitos diretores tem essa tendência. Posso afirmar que Penélope Cruz é a sua atriz de carteirinha, portanto ela é a protagonista em Volver. Uma excelente escolha.
Penélope Cruz é Raimunda, que acaba de saber que sua tia Paula morreu, e retorna ao vilarejo onde a família cresceu para participar do velório.
O povo do lugar, cheio de folclores, diz que tia Paula estava sendo cuidada nos últimos anos de sua vida pelo fantasma de Irene, mãe de Raimunda.
Em Volver dilemas são vividos pelas personagens femininas da mesma família, e a trama envolvente nos mostra questões como morte, saudade, abuso, responsabilidade, assuntos pendentes e amor… sim, muito amor.
Almodóvar tem muita habilidade quando se trata de assuntos femininos.
Pode ser reflexo da sua própria vida ou uma reação aos machismos da cultura hispânica.
O fato é que Pedro Almodóvar cria em Volver uma redoma para acolher as suas mulheres, porém as protege sem paternalismo, é como se ele as ensinassem a viver.
A grande arte de seu trabalho como cineasta é a maneira como ele expõe as fraquezas e as forças dessas mulheres, e como elas resolvem conflitos entre si, num mundo à parte da guerra dos sexos.
Volver é uma delícia de filme.
Por CLAUDIA FAGGI
