MITOLOGIAS E CRÔNICAS – Mitologia: Egípcia

MITOLOGIAS E CRÔNICAS – Mitologia: Egípcia

 Olá, queridos leitores, estamos de volta com mais uma coluna mitologias e crônicas. E nessa edição falaremos do Místico Egito, cheio de seus segredos, sarcófagos sagrados carregados de muitas lendas mitos e, é claro, muitas maldições.

 Como contei em algumas edições passadas, sou uma amante das mitologias; e vou contar para vocês, tirando a mitologia grega, a egípcia é só babado, confusão e gritaria. É traição atrás de traição, inveja, ganância e muito incesto. Para que vocês entendam, desde as primeiras dinastias egípcias, tanto os deuses quanto os faraós se casavam entre si (familiares) para manter a linhagem real.

 Mas sem muitas delongas, estarei contando para vocês um pouco dessas histórias. Primeiro quero apresentar algumas curiosidades desse mítico e exótico país.

 Não tem como falar do Egito sem falar de uma das maiores faraós que já existiu: Cleópatra, uma mulher inteligente que estava determinada a reinar. Essa vontade era tão grande que ela pestanejou em matar seus dois irmãos para alcançar essa grandeza. E não dada por satisfeita fez com que os dois maiores imperadores romanos se apaixonassem por ela, foram eles, consecutivamente, Júlio Cezar, com quem teve um filho; Cesariano, na esperança de dominar Roma e Marco Antônio que assumiu o trono após a morte de Cezar. Contudo os planos da vaidosa faraó foram por agua abaixo, pois vendo que não conseguiria o que desejava suicidou e pouco tempo depois seu filho foi assassinado.

 Um fato importante no Egito antigo é que as mulheres tinham os direitos reconhecidos e liberdade, podendo assim se casar e se divorciar; até mesmo comprar e vender propriedades. E o que eu achei mais interessante: se exercessem a mesma função que o homem o salário era o mesmo.

 Agora pasmem, as grandes pirâmides não foram construídas por escravos e sim por trabalhadores assalariados que trabalhavam de bom grado. Eles acreditavam fielmente que seus faraós eram a reencarnação viva dos deuses, inclusive a própria Cleópatra se alto proclamou a reencarnação da deusa Isis uma das mais adoradas. E se fizessem isso seriam abençoados. Isso que é veneração!

 Só o mito em volta do faraó Tutancâmon, daria uma coluna inteira, então farei aqui um pequeno resumo. Não se sabe ao certo como ele morreu, as informações mais recentes é que ele tinha uma lesão muito grave no joelho que desencadeou uma malária. Foi um dos poucos túmulos encontrados com a maioria de seus pertences e foi uma das pessoas mais jovem coroado faraó.

 Ao contrário do que os filmes e as esculturas mostram, os egípcios, principalmente os mais ricos, eram obesos, suas dietas eram ricas em açúcar trazendo vários problemas de saúde, principalmente diabetes e regados de muita cerveja e vinho. Esses aí gostavam de mentir para si mesmo sobre suas aparências. Eles achavam que iria enganar quem? Anúbis?

 Nas próximas linhas contarei um pouco sobre a criação do mundo; segundo os egípcios, o poderoso deus Rá deu à “luz” aos seus filhos, netos e bisnetos. Até tentei descrever cada um separadamente, porém não tem como falar de um sem entrar na história de outro, afinal é uma grande família grande e feliz… Só que não…

 Bem-vindos ao panteão egípcio…

 

Criação do mundo segundo a Mitologia egípcia

 No início nada existia, o universo consistia em um grande oceano caótico, o Oceano Primordial Num e desse caos emerge Bembé, um monte piramidal e junto com ele a flor de lotus e ao desabrochar nasce o deus Rá, segundo essa versão; Rá gerou, através de masturbação, os outros deuses-filhos, Shu o deus do ar, Tefnut a deusa da chuva. Como o mundo estava mergulhado nesse oceano os deuses recém-criados resolveram explorar as águas primordiais, contudo, pela demora, Rá ficou receoso de nunca mais vê-los e enviou seu melhor mensageiro atrás deles. Após retornaram à superfície, Rá ficou tão feliz, que suas lágrimas de alegria deram origem aos humanos.

 Passado esse susto de pai preocupado, Shu e Tefnut geraram Get e Nut, respectivamente o deus da terra e a deusa do céu, dando assim origem ao mundo como conhecemos hoje. Rá governou o universo de forma soberana, a ele foi atribuído o título de primeiro faraó. Para demonstrar seu amor à nova criação, o deus presenteou o Egito com alguns animais sagrados; o leão, o boi e o crocodilo, mas o seu maior feito, foi o Rio Nilo. E em volta dele os homens deram início as suas primeiras construções em homenagem aos deuses.

 Como nada é perfeito, o deus-faraó teve um presságio, onde seus netos o destronariam, ele não podia permitir que isso acontecesse. A partir disso ele impede que Get e Nut tenham sua descendência ordenando ao seu filho Shu, separe os dois irmão-amantes. Por 360 dias por ano Shu mantem Get sobre seus pés e Nut acima de sua cabeça.

 De algum lugar Thot, pois não há registros sobre o surgimento desse deus, ele observa aquela briga familiar e resolve intervir, criando mais 5 dias no ano, nos quais Get e Nut se encontravam e dessa relação nasceu os 4 principais deuses adorados no antigo Egito. São eles: Osiris, Isis, Seth e Nephthys, seguindo a tradição familiar eles se casaram. Osiris desposa sua irmã Isis e Seth se casa com Nephthys, dando início assim a essa saga de intrigas e brigas pelo trono de Rá.

 

A queda de Rá

 Quando Rá foi destronado pelo seu primogênito Osiris, ele passou a navegar pelo submundo em seu barco solar, sempre nascendo ao nascer do sol e “morrendo” ao entardecer completado assim as 12 horas do dia, sendo que se recolhia todas as noites.

 Em algumas lendas o deus supremo tinha que enfrentar todos os dias a serpente Apófis, que também o deseja matá-lo, por algumas vezes a cobra gigante conseguia engolir o barco solar e tudo que tinha nele, mas por algum motivo ela sempre o regurgitava, dando origem aos primeiros eclipses solares.

 E essa é só uma das histórias do deus-rei Ra.

 

Osiris ao trono

 Osiris sobe ao trono, conhecido principalmente como deus da agricultura, segundo os mitos, foi ele que ensinou os humanos a cultivar o próprio alimento, renunciando ao canibalismo. Durante o seu reinado o Egito era prospero e feliz. Isis como sua rainha era venerada e amada por seu povo.

 Essa prosperidade afetava a inveja do deus Seth, que reinava sobre o deserto, porém queria governar todo Egito e ser o deus supremo, como seu pai. Com esses pensamentos, ele trama contra seu irmão. Os deuses irmãos travaram várias batalhas, sendo Osiris sempre o vencedor. E em muitas outras o deus bondoso se recusava a lutar contra o irmão alegando que tinha o trono por direito, que seu irmão não precisava ter inveja, pois ambos eram poderosos e tinha seus reinos.

 Seth cansado de perder, trama a armadilha perfeita…

 Em uma bela festa ele apresenta a todos um sarcófago todo enfeitado de ouro e pedras preciosas, convidando todos a experimentar a caixa, contudo, ela tinha as medidas exatas de seu bondoso irmão, que coube confortavelmente dentro da urna fúnebre. Com um estalar de dedos, os servos de Seth predem o deus-faraó que é jogado no Rio Nilo.

 Isis quando soube do ocorrido, correu desesperada por todo o Nilo atrás de seu marido. Seth quando soube disso, tratou logo de mandar seus servos atras do sarcófago, o encontrando primeiro e sem pensar duas vezes espostejou o seu irmão em 14 pedaços. Isis mais desolada ainda percorreu todo o Egito para recuperar todas as partes de seu amado.

 Reza a lenda que a deusa só encontrou 13 partes, tendo que substituir o fálico de seu irmão-esposo por um pedaço de madeira. Com a ajuda de seu sobrinho, Anúbis, ela traz o marido de volta a vida, por um pequeno período, para que pudessem gerar o deus que salvaria o Egito das garras de Seth: o deus Hórus.

 

Osiris no mundo dos mortos

 Mas a magia que trouxe Osiris de volta não durou muito, o faraó acabou morrendo e indo parar no submundo egípcio, onde ele ficou incumbido de uma nobre missão, pesar o coração dos humanos quando morresse na sala das duas verdades. Na balança de Maat, a deusa da justiça, era colocado o coração do morto e do outro uma pena, o julgado tinha que se declarar inocente, mas se seu coração fosse mais leve que a pena, ele era conduzido para a vida eterna. E assim um dos maiores deuses, passou a eternidade.

 

Anúbis o deus do submundo

 Para quem não sabe, Anúbis era filho de Nephthys com Osiris. Ela ficou brava porque Seth aprontou de novo, e se disfarçando de sua irmã Isis, se deitou com o outro irmão por vingança. Como essas coisas não ficam em segredo por muito tempo, o marido traído descobriu e ficou ainda mais bravo com sua esposa, envergonhada pelo que fez, lança mão de seu filho que vai se refugiar com sua tia Isis, tornando-se seu filho adotivo e, em agradecimento, ajudou a trazer de volta Osiris e mumificá-lo após sua partida definitiva para o mundo dos mortos. Com isso ele ficou conhecido como primeiro embalsamador, se tornando protetor dos cemitérios e o responsável por levar as almas até o julgamento. Mesmo pouco citado nas histórias antigas e visto com maus olhos por muitos, o grande cão negro ou chacal, sempre habitou a imaginação daqueles que adoram estudar sobre os submundos e as artes cinematográficas.

 Eu disse que era só babado, confusão e gritaria…

 Mas não acabou, meus queridos…

 

O deus Hórus nascido para governar

 Após a concepção de Hórus e morte de seu marido, Isis, para a sua segurança e de seu filho, foi se exilar nos pântanos do Nilo. Foi lá que ela criou Hórus em segredo com a ajuda e proteção da deusa escorpião Serket.

 Segundo as lendas, Hórus foi o deus mais poderoso e conhecido do panteão egípcio. Era venerado como um deus guerreiro, além de ser o deus da realeza, pois os faraós se apropriavam de suas virtudes.

 A vida desse deus-rei foi marcada por muitas batalhas e lutas contra seu tio Seth para a retomada do trono, segundo os mitos em uma dessas incansáveis batalhas Seth desafia Hórus a se transformarem em hipopótamos e ficar três meses mergulhados. Foi nesse momento que Hórus iria matar Seth com a ajuda da sua mãe, porém ela sentia simpatia pelo irmão e não o matou. Seu filho cego pela fúria corta a cabeça da própria mãe, por sorte a amizade da deusa-rainha com Thot era boa, que a salva colocando no lugar da cabeça decapitada, uma cabeça de vaca.

 Em uma das lutas Seth arranca o olho esquerdo de Hórus, em algumas lendas diz que foi Thot que ajudou Hórus a recuperar o olho em outros dizem que foi Hathor, a deusa do amor que o auxiliou. Independente de quem ajudou o olho acabou virando um amuleto da sorte conhecido até hoje, virando adorno e tatuagens belíssimas nas mãos dos artistas pelo mundo todo.

 Com a luta durando anos sem chegar em um entendimento, Ra exige reconciliação dos dois. Seth fingindo em concordar convida Hórus para uma festa, onde com certeza rolou muito vinho, cerveja e tudo que os deuses tinham direito. Seth tenta abusar de seu sobrinho, para deixá-lo indigno do trono. Hórus foi mais esperto e conseguiu escapar a tempo. Como vingança Hórus semeia sua “semente” em algumas alfaces que é servida a Seth por Isis, assim que o pobre deus come as alfaces envenenadas e definha na frente de todos perdendo a esfera de luz sob sua cabeça para Thot, e finalmente depois de 80 anos Hórus sobe ao trono de seu pai e Seth é condenado a vagar com deus Ra em seu barco solar, enfurecido era possível ouvir seus gritos ao longe voando no barco, dando origem aos trovões.

 

Seth o deus caído

 Seth era o deus egípcio da violência e da desordem, da traição, do ciúme, da inveja, do deserto, da guerra, dos animais e serpentes

 O cara era próprio mal encarnado, ele e Osiris era o Hing e Ang da mitologia egípcia

 Alguns mitos sugerem que a divindade era tão maléfica que rasgou o útero da mãe para nascer.

 Na história da eterna briga entre os irmãos pelo poder, dizem que a traição de Nephthys foi a gota d’agua para Seth matar de vez Osiris.

 Além do deus Seth ser um psicopata de marca maior, acho que ele também sofria de dupla personalidade ou de transtorno bipolar. Pois de um lado ele queria o trono, agora de Hórus, e ele ficou responsável por enfrentar a Serpente Apófis, considerada o próprio caos. Ele fica na proa do barco solar do grande deus Rá, e junto a ele, luta todas as noites contra Apófis vencendo-a, junto ao seu avô. Apófis por sua vez, quer engolir o mundo, trazendo o caos de volta.

 

Isis, a deusa soberana

 Pensem em uma deusa do babado? Era Isis!

 Ísis era uma das deusas mais importantes da mitologia egípcia. Ficou famosa pela sua postura como esposa e mãe, sendo vista como deusa da fertilidade e da maternidade. Por muitos era vista como a esposa fiel e perfeita.

 No mito de Ísis e Rá, essa deusa teve o intuito de descobrir o nome verdadeiro do deus, e assim desejava obter domínio sobre seu poder. Para isso, teria feito com que uma serpente envenenasse esse deus e, em troca de sua cura, Rá teria que lhe dizer seu verdadeiro nome. Depois, com o poder adquirido por Ísis a partir desse conhecimento, essa divindade restabeleceu as forças do deus. Esse mito é muitas vezes associado a um importante aspecto da figura de Ísis, que consiste em sua relação com a magia, por alguns ela era considerada uma bruxa. Até hoje ela é reverenciada em alguns grupos Wiccas. Ísis era representada como uma mulher com um trono sobre sua cabeça e, como personificação desse objeto, a deusa foi uma representação importante do poder faraônico, da mesma forma que a própria figura do faraó foi associada a seu filho, o deus Hórus.

 E eu achando que minha família tinha problemas, só acho que esse pessoal precisa de terapia. Mas seguimos em frente falando um pouco de alguns outros deuses bem legais dessa mitologia que tem mais de 4 mil anos, então haja história para contar.

 Vamos começar por uma das minhas queridinhas…

 

Bastet, a deusa gata

 Era a deusa egípcia da fertilidade, da reprodução, da música, da dança e do amor, sendo representada com um cetro e uma cabeça de gato ou mesmo como um gato (felino gracioso, que se identifica com o amor). Quando se pretendia acentuar o carácter de fertilidade representava-se a deusa rodeada de pequenos gatos.

 Que os egípcios eram fãs de um gatinho não é segredo para ninguém, mas porque essa adoração toda? A explicação é muito simples, caros amigos, em sua maioria os egípcios eram agricultores e possuíam muitos grão e comida armazenada, atraindo com isso roedores que eram uma praga, nessa brincadeira os gatos assumiam o papel de proteger os grãos das infestações, por isso todas as casas tinham gatos; quanto mais rica a família, mais gatos tinham. Com o tempo eles foram se transformado em deuses, já que faziam parte da família. Há registros que muitos gatos foram mumificados e enterrados juntos com os seus donos. Na época existia até cemitérios específicos para eles.

 Outros tinha tamanha importância que eram erguidas estatuas em sua homenagem, igual as dos faraós.

 Voltando a Bastet, até hoje ela pode ser confundida com a deusa leoa Sekhmet, em outros mitos dizem que eram irmãs, todavia, Sekhmet sempre teve uma personalidade mais agressiva.

 Apesar desses detalhes a deusa gato alimenta o imaginário de muitos até os dias atuais, sendo representada várias vezes em criações Hollywoodianas.

 

A sabedoria do deus Thot

 Thot, era o deus egípcio da magia e de todos os ramos de sabedoria e das artes, a quem se atribuía a invenção da escrita hieroglífica. Thot era também conhecedor da matemática, astronomia, magia e representava todos os conhecimentos científicos.

 Em uma das versões do mito entre Hórus e Seth, o deus da escrita cura o olho de Hórus que tinha sido arrancado por Seth. Ele ensinou feitiços a Ísis permitido que ela trouxesse Osíris a vida. Já na interminável batalha do deus sol Rá contra a serpente Apófise, Thot é também visto como um ser que ajudou nessa luta. No tribunal de Osíris, Thot anota o resultado da vida de quem estava sendo julgado e as entrega para Osíris.

 Acreditavam os egípcios que Thot tinha sido também o criador do calendário que contava com 365 dias e achavam que o deus tinha uma capacidade enorme de conhecer todas as fórmulas do universo, já que em muitos mitos aparece utilizando de magia para ajudar outros deuses. O culto mais importante de Thot foi em Hermópolis, mas foi adorado por todo o Egito e na Núbia.

 “O homem nada sabe, mas é chamado a tudo conhecer”. (Thot)

 

Hathor a deusa do amor e da beleza

 Hathor era deusa do Egito Antigo que personifica os princípios do amor, beleza, música, maternidade e alegria. Também sendo representante da música, dança, fertilidade, do erotismo e responsável por auxiliar as mulheres durante o parto. Umas das deusas mais adoradas, ficando atrás da deusa Isis, chegando a serem confundidas já que suas atribuições são bem parecidas.

 Tanto que em uma das lendas conta que Hórus corta a cabeça da mãe e a cabeça de uma vaca é colocada no lugar, aqui o animal sagrado que representa Hathor é a vaca com um grande círculo solar sobre sua cabeça.

 Como não podia deixar de ser, as histórias que envolvem essa deusa são bem confusas. Vamos a uma delas: Hator tinha uma relação complexa com Rá; em um mito ela era seu olho direito, e considerada sua filha, porém, posteriormente, quando Rá assume o papel de Hórus em relação à monarquia, ela passou a ser considerada sua mãe - papel que teria absorvido a partir de outra deusa-vaca, Isis, que teria sido mãe de Rá num mito de criação e carregando-o entre seus chifres. Como mãe, dava à luz a ele toda manhã no horizonte oriental e, como esposa, o concebia através da união com ele todo dia. Em outros mitos ela foi a esposa do deus Hórus.

 Que história mais confusa…

Por LADYLENE APARECIDA

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