Gilles Deleuze, eminente pensador francês do século XX, traçou que a fotografia “seria um cânone de inteligência eternizada por meios de mecanismos mecânicos, que assim viesse à da forma imagística, para diferentes concepções acerca da condição humana, em estar no mundo, e de se fazer presente perante as suas gerações futuras”.
A Fotografia capta talvez o que seja mais sublime na exasperação do homem “a procurar a si mesmo” segundo o psicólogo norte – americano Rollo May, como uma dialética de informação que passasse de um traçado comportamental, para uma poética de recordar ao bem prazer particular, que dentro de um sentido de vivência em grupo, as lembranças estão extenuadas, como antropo de se colocar, um arquétipo balbuciando novas diretrizes de se lutar contra dicotomias, em tecer novas narrativas vivenciais, que fiquem exclusivamente no universo da estética, sem conter, profícuos caminhos lúcidos de liberdades, em não projetar celeumas de atitudes mentais que se endureça no abstratismo nostálgico de não vim contemplar o belo da novidade da vida diária.
O daguerreotipo enluta a necessidade, de projetar diacronias, para uma sustentação de mentalidades, que possam empreender um escopo de fugas, para um pensamento filosófico que assim faça da imagem congelada, feita pelo flash de uma máquina ou pela tela de um celular, se coloca indiretamente, que cada pessoa possa se considerar como sendo um fotógrafo.
Não é unicamente eternizar instantaneamente o momento especial ao qual estava presente ou se vivenciando, mas sim engendrar reaver o mais rápido possível tal momento como formas de alternativas na realização de sentidos humanizadores em se compreender a realidade, como um comunismo existencial, de que em torno de nossa biomecânica existe prolegômenos, para uma filosofia da linguagem, que assim venha a não digerir um tipo de epistemologia comportamental, que faça somente se olhar para o passado, como sendo o “retrato”, de algo que venha a arquitetar um vale de lágrimas, onde lamentações e frustrações possam serem revividas, levando o ser humano para uma tipologia de depressão, que fique longe da aleivosia em provocar, uma fronteira singular de apreciação ou depreciação dos principais sentimentos humanos, voltados para uma fenomenologia, de que é necessário se voltar para figuras saudosistas, sem abandonar uma gramática mentalista, que possa trilhar caminhos, para uma história que contenha o poder tanto de conscientizar como de provocar o ser-humano.
A Fotografia pode ser perpassada, como uma inovação, ao qual “a luz”, fuja de seus desígnios físicos e químicos, vindo a trilhar um teatro decadente, de limitar a fronteira final entre as ciências do espírito e as exatas, banhadas pelo talento artístico.
Ou seja, o flash de um click, passar por caminhos de uma elaboração metodológica, em permutar a atividade intelectual, que possa tanto cunhar a lapidação do questionar, como também vim a normatizar que as pessoas precisam de uma renovação intrépida, quanto a pensarem o sentido real e científico da fotografia.
Susan Sontag, em relação ao poder epistemológico da “fotografia, parte de um atributo crítico, ao qual seu olhar moral, varia de a pessoa para pessoa, no sentido de como se prender atenções que mereçam serem marcadas pelo pode da câmara escura”.
Ou seja, em determinados momentos o poder do click, detém uma atmosfera de lutar contra o bizarro, de certa cafonice, em estar dentro de um simulacro de dor aguda, no cunhar de uma frieza desconcertante centralizados nos trâmites ideológicos, que a fotografia também produz instrumentos para uma distorção do jugo em se colocar, que arte tem o papel de fundamentação em adentrar nas células mais simples e complexas do que seja um componente, em balancear uma outrora de chances, para que o homem saia de sua limitação cartesiana “corpo e mente”, se fazendo uma postura de adentrar em uma estrutura de poder antropológico, ao qual a fotografia seja uma continuidade de sua corporeidade e subjetividade.
Voltando para Deleuze, a “fotografia, flexiona uma ontologia de métricas intelectuais que possam tanto, refazer discursos que venham a lutarem contra uma esquizoanálise, de que para se chegar a uma humanização da razão, com uma percepção factual do que se pode ser classificado como sendo verdadeiro, também tendo que estar dentro de uma desconfiança que a falsidade, em não usar as pessoas, mas sim estar encarcerada dentro de uma superestrutura de conformismo, em se lutar contra suas faculdades mentais em somente ficar atencioso com que se aprecia”, tendo uma forte primazia para um vazio de idéias e sentimentos equitativos de importância social perante os destinos da humanidade.
Sendo assim, “o ser”, fica enjaulado em seu espaço físico, que vai se contrapondo as diretrizes historiográficas, fazendo um sentido, de reaver suas necessidades sociais, incidindo novos ciclos para a composição de um batistério intelectual, que faça um novo letramento, que venha a contemplar a arte, mas que também faça uma dicotomia de amor e ódio, no sublime anseio de reflexão entre o cotidiano e inteligência.
Um cotidiano, ao qual cada pessoa possa ser anunciada como tendo um fotógrafo em potencial dentro de si , que assim lute contra um vácuo intelectual de misérias, que venha a empreender movimentos sócio-históricos, que tragam a fotografia não unicamente sendo um objeto de admiração, mas que sim faça uma legalidade de homogeneidade cultural, que eleve o crescimento de um primeiro sentido de maiêutica que faça da vontade individualista, tanto um espaço de atribuição de conhecimento ativo, como também a reconfigurar o homem tanto como reformulador da sua história, como “uma representação”, da lógica, que não fique unicamente ou exclusivamente estabelecida como um ponto de vista intelectual que somente saliente o mecanicismo interpretativo, sem conter o plasma fundamental do indagar.
A fotografia em si mesmo, indaga elementos, de fazer um crescimento da descrença do homem pelo próprio homem.
Usa-se de devaneios filosóficos como um ponto de crescimento da consciência lúcida, que possa caminhar para humanização da inteligência, que vai contra uma distorção do real, redefinindo a “arte”, não unicamente como um construção técnica, mas sim que lance a principia “física – social” de que para se chegar ao crítico, é necessário se estragar humanamente, em torno de uma ipseidade que a imagem, precisa ser entendida como complemento da inteligência perante um buraco negro cruel do senso comum. Impregnado em múltiplos campos do psicologismo coletivista.
Um senso comum, que deixa uma assinatura de intolerância na contemplação intelectual consciente, do que seja belo ou da bela.
Na segunda metade do século XX, a fotografia se tornou um grande instrumento de poder, pelas quais celebridades, tiveram suas vidas fixadas, como um objeto de veneração, ao qual a “imprensa marrom”, usou e abusou do seu processo sensacionalista, em ser bisbilhoteira, partindo para inconveniência, refletida em ornamentos idealísticos onde se pode levar o conhecimento da vida alheia, como bem entender, sem conter o fator universal do filtro ético do “desconfiômetro”.
A mulher mais fotografada do mundo, por exemplo, foi o “tesouro dos jornais” (salve alusão grupo IRA em sua canção Rubro Zorro e a Paulicéia roqueira, que também serve de lembrança do seu xará de grupo terrorista católico da Irlanda), praticamente teve um assassinato coletivo, cometido pelos “paparazzis”, que culminou na sua morte e do seu namorado Dodi Al Fayed, em 1997, em um misterioso acidente automobilístico ocorrido em Paris, depois de uma frenética perseguição feita por fotógrafos sedentos por uma boa imagem da Lady de Gales.
Por conta de um bom ângulo de venda de tablóides, a nobreza de Sua Majestade, teve seu purgatório midiático, através de informações sensacionalistas, que, não continha a preocupação em fazer um catalisador de verificação de opinião, que contivesse o princípio em informar coerentemente em vez de somente vim a escandalizar.
Um escandalizar que os Kennedys, nos Estados Unidos também, tiveram que buscar alternativas para fugirem dos flashes, e assim tentar implantar uma postura de política civil, que viesse esgarçar que ser uma celebridade, realizava um tecnicismo de elitização dos negócios de Estado, onde se afastava do “sentido aristotélico” de espaço público respeitoso, ao qual não viesse a desenvolver, litígios psicológicos entre o limite do que seria público ou privado.
O assassinato de John Kennedy em 1963, foi registrado por meio de um vídeo feito de maneira rústica por Abraham Zapruder, assim como também o atentado com Yitzhak Rabin, primeiro ministro israelense, que foi registrado ao vivo em 1995, dão certa impressão, ao qual a morte está espreita para aqueles que venham se lançar perante as tormentas, de ter sua “vita activa”, que venha, a não delimitar uma subcultura, combatendo a ultra – cultura de massificação, de que todas as imagens pode vim a serem consideradas iguais, em torno de si mesmo.
O grupo de rock pop canadense Nickelback, reproduz em um dos seus clássicos da balada romântica – depressiva a música “Photograph”, que assim contenha a subjetividade despertar os antagonismos quanto o lembrar e o sofrer ao caminhando juntos.
Sim! A fotografia faz sofrer, como um doce chiado em voltar ao passado em questão de segundos, como se o amanhã fosse encarcerado se fazer presente no dedilhar de compassos agonizantes, de registrarem momentos eternos, mas que para muitos não passa de uma nostalgia delirante e excitante, em sempre lembrar, de alguém, se perdendo por entre fantasias e imaginações, que vão construindo um “dasein”, de espaços e espasmos de signos, que possam propiciarem, algum tipo de entorpecimento emocional, contra um abatimento de viver em “tempos sombrios” segundo Hannah Arendt, onde se faz um jus de verificação moral de que é necessário viver a cada instante com o sendo o último.
“Gaston Bachelard, coloca que ‘o instante é um momento eternizado, que assim possibilita um processo interno de luta contra um estranhamento em aceitar que tudo pode acabar repentinamente”, mas esse “acabar” pode deixar frutos para novas lapidações de sociabilidades, sendo intransponível, que entre o casamento do que pode ou não ser classificado como certo e proibido, está sempre comiserado o sentido de eliminar “um objeto ou situação alojada no tempo”.
A Fotografia, é a busca da insensatez em desafiar a metafísica, que assim parta para um objeto concreto, sendo um estimulador e um concomitante, entre a elevação de esmiuçar a razão como sendo um caminho natural, para se chegar ao progresso racional que refaça uma heteronímia de rugidos intelectuais, que estruturam, uma ironia perante a história e o tempo, que possa assim fazerem da imagem, uma culminância espiritualista a lutar contra um sentido catatônico de fazer da memória, algo somente a ser lembrado, mas que também se possa conter um cunho de revivamento da inteligência diletante.
A Fotografia se coloca como um caminho de denuncia política, através de elementos que venham evidenciarem momentos de crise da razão e destruição da liberdade, passando por uma condição de interação argumentativa, de se revelar em denúncia de como o homem se projeta de maneira violenta em busca de realizar seus objetivos, custe o que custar.
Malcolm Browne, em 1963 fotografou a auto-imolação de um monge budista, durante a deflagração da Guerra Do Vietnã, que deixou um sentido epistemológico, de um que arte, em alguns momentos é banhada de sangue, vindo a enunciar um caminho de denúncias contra arquétipos de uma intolerância, como também a empreender que a intolerância, venha a reproduzir tanto uma plantel político “a situação como a oposição”, regrada um forte fator de que a dor muitas vezes venha ser combatida com outra dor, captando um instante em que a vida se perde perante a interpretação de elementos filosóficos, que possam reproduzirem uma maiêutica, para combater assim um buraco behaviorista, em se colocar um senso-comum, que seja suplantado, para diâmetros de refazer uma cultura, que dentro do espaço congelante do tempo, contenha sínodos para refazer de suas cores, novos pontos bajulações empíricas, para assim se empreender uma política, que possa conter fatores para aglomerações de idealismos, que possam através da destruição, chegar à construção de novos estertores mentais, que estejam auspiciados a exterminar uma falsidade de intersubjetividades que sejam sentenciados, a crerem em uma lapidação mental que seja voltada unicamente para apreciação da imagem, sem despertar criticidade.
A fotografia, tanto para um cunho de micro-história do que seja suplantado, para um “sentido de tempo”, que possa tanto reaver, a sua posição de sentido existencial, estando direcionado, para uma comoção perante as intransigências em suplantarem nominalismos psicológicos, de uma análise semântica fetichista individualista, que refaça a desconstrução de uma “realidade figurativa”, que contendo a flexibilidade, que dentro das artimanhas da “nova história”, construir intermitências de uma consciência que possa sair do objeto de inteligência baseado no concreto, passando a vim a lutar contra um movimento esquizo – paranoíde cultural, de que a questão do fotografar seja um elemento único de interpretação da diversão ou de nostalgia.
Uma nostalgia, que segundo um teórico da sociologia da arte Pierre Francastel, “entrelaça o poder da luz, com a falta de ordem dos relacionamentos humanos”, que assim reproduza um movimento histórico, ao qual não basta exclusivamente, estruturar ou relatar um fato, mas sim disseminar, diferentes formas de arquitetar um fato histórico, usando de elementos imagísticos, que assim cheguem a formarem imagens, que possam construírem uma assimetria de psicologismo, em enveredar contra-opiniões em torno de uma doença mental em fica fechada em um “eu”, enxergando somente a si mesmo.
As explanações entre imagem e imaginação, passam por uma mantilha existencialista, ao qual Jean Paul Sartre, “coloca a construção de um sujeito, que fica se auto- contemplando perante sua estética, feita de simulacros, e signos de eternizar o tempo vivido”, que depois possa ser revivido com o bem – entender ético, estando dentro de uma individuação, a forçar uma luta contra pragmatismos, que venham a organizarem um extermínio do surgimento e disseminação pensamento livre.
Partindo porém, de uma visão estruturalista, “o próprio termo fóton”, coloca que é necessário se iluminar algo, e o tirar da escuridão, trazendo-o para um distanciamento das trevas, realizando um sagaz espírito de enxergar, o que está escondido pelas simetrias do olhar – comum.
Um olhar, que segundo Paul Ricouer, “se coloca como sendo um elemento narrativo, de inspiração e condenação”, inspirando um fato, que possa assim tanto está submergido, em não se condenar por fatores intelectuais, que venham enfocarem um sentido ilógico, de não desconfiar do que se enxerga e vive.
A Fotografia condena o homem a se reinventar em seu movimento existencial, tanto como um agente modelador do ambiente, como também como sedo aquele “ser”, que detém um batimento de arcabouço filosóficos, que estejam dentro de similitudes da democracia informacional, que não destrua a “natureza humana questionadora”, que passando por um caminho de investigação da inteligência, traga tanto uma ânsia de mudança, de status quo de deixar o indivíduo, no deleite de sempre recordar, mas não sem acordar do fato de viver uma realidade transversal, ao esteja vivendo ou esteja inserido no seu momento presente.
A Fotografia, se, refaz a cada momento, como uma poesia, que esteja sendo redigida, contra um édito, de que para se chegar apreciação de um idealismo que seja tácito a compreensão dos principais problemas humanos, é vital que haja uma desconstrução da compreensão dos feixes de luzes, que chegam até fóvea, como também os flashes sejam revalidados, e reconsiderados como um estupor de integração entre o sonhar e o libertar.
Em torno de premissas orais, a fotografia se torna um cunho, para incentivar um falocentrismo (des)necessário, perante atitudes, que possam tanto, promoverem uma inflação mistagógica em se falar da vida alheia, e se emoldurar um caminhar de falas, que venham apresentarem uma reminiscência de que é necessário “fofocar”, para se libertar da sensação de solidão, e assim se trancar no quarto e ficar vegetando recordações do que se viveu, e ficar exclusivamente, em pensar que se vive diante do que poderia ter acontecido, e não do que está acontecendo.
Passando por um sentido literário, O Retrato de Dorian Gray reflete uma análise, de que devemos desafiar o tempo através da imagem, mas que essa imagem precisa passar por um cadafalso, de liberdade, que não fique encarcerada no semblante, a ficar presa em batistérios de emoções, que ao invés de virem a produzirem um tácito, ensejo de submeter à inteligência como um invólucro contra um senso-comum, veja a questão da velhice, como sendo algo natural, e não unicamente a vim produzir adereços para se colocar de lembrança na parede, do que poderia ser classificado dentro de um extrato existencial, do que pode ou não ser aproveitado pela atual juventude. Como meios de focar ou negar, as tradições de seus ancestrais.
Uma juventude que segundo as palavras do filósofo Eduard Spranger, passa por “alcunhas, de destruição de uma compreensão do que seja classificado como sendo “velho” ”.
Dentro da contemporaneidade, o sentimento de “Peter Pan”, é muito eloqüente entre várias pessoas o que também não deixa de conter uma alusão a obra de Oscar Wilde, como sendo um clivo, de um reembolso do homem, em torno de si mesmo, ou seja, em conter uma escolaridade mental, que venha angariar fugas psicológicas, contemplando paisagens que chegam assim a um adendo, em elevar a sua capacidade de interagir entre pessoas de polivalentes naipes culturais que assim fazem uma concepção de realidade de mundo pelos quais a própria Susan Sontag, “caracteriza como um momento de efemeridade congelante, mas que pode assim transpassar, para uma consubstanciação do eu, que procura um lugar para ficar guardado nas memórias mais dialéticas”.
Passando por uma condição analítica “frankfurtiana”, a concepção de uma “condição humana que procura demarcar cada ação sua, dentro de um espaço tempo atuante e extenuante’”, chegamos à afirmação de Hannah Arendt, que é necessário o “espetáculo do horror”, para assim se conter um semblante de que a razão necessita de um fluxo e idealismo, que possa assim fazer com que as pessoas contenham um sentimento de igualdade perante um psicomovimento, ficando tanto congeladas no retrato frio do tempo, como também venham a produzirem novas formas de comportamentos dialéticas.
A Fotografia, que fez do cinema algo em transpor, a limitação do homem perante “repetir”, os seus momentos vividos, e que assim reforçou uma “memória coletiva convergente de psicologias individuais”, segundo as palavras do sociólogo Maurice Halbwachs, deixou um gosto intelectual, de que para se caminhar pela eternidade, não é necessário somente uma onda física que segundo Albert Einstein, “fique vagando pelo espaço”, sem a finalidade de captar alguma energia que possa vim a se transformar em Educomunicação.
Bem como os artistas do Renascimento em suas pinturas, a fotografia remodela, uma maneira de modificação do que é estático, vindo a apresentar novas fenomenologias de imagens, modificando a maneira em se enxergar “o belo”, não como uma construção de habilidades manuais pré-engenhadas, mas sim que se faça uma espiritualidade, que dentro de uma metafísica das cores, se otimize sua tessitura, formando uma inteligência que detenha uma equação propedêutica de cultura, que não fique enjaulada na rigidez do abstratismo sem crítica, mas sim que traga novas formas artísticas, de como o objeto concreto de inspiração e arte, podem vim a permear uma objetividade de inteligência, que faça gnoses de como é fundamental, um esclarecimento antropológico da fotografia, tanto como sendo um elemento histórico de apreciação, como de refletir acerca da própria percepção do homem no tempo.
Claude Lévi Strauss, fez com que os povos da Amazônia dentro do seu isolamento em relação as “(des)maravilhas”, trazidas pelo Novo Mundo, fossem através da máquina fotográfica, uma compreensão de como o planeta ainda, é uma “casca de nozes”, em meio a uma constelação descomunal de universos paralelos, que assim se fizessem uma “vontade de potência”, nietzschiana, em que se faz de uma vitalidade absurda, se semantizar filosoficamente, que não basta unicamente confiar no que a escrita histórica tem a nos contar, e sim a adentrar em novos caminhos, de explorações mentais, que possa assim vim a produzirem novas sinapses, quanto a um entendimento tanto do “ser, como da sociedade”, que valorize um idealismo, que venha educar, um senso comum, em acreditar de maneira “cega”, somente no que os sentidos vitais, captam e percebem do universo ao qual cada um vive.
A Fotografia é um personagem, que atua diante, a canastrice de uma singela falsidade, em querer se colocar dentro de um sistema “empírico e crítico”, uma massificação da arte, que esteja forjada em reprodução temporal, que não contenha uma história, que seja movente a ir contra o testemunho e uma argumentação vazia, que não se fortifique, em torno de dimensões de “crátilos”, de que a linguagem figural não se modifica com o passar do tempo e assim que se refaz em novas metáforas de uma tipologia narrativa, que “venha unir tanto a imagem como palavras”, segundo Paul Ricouer, que fortifiquem uma estruturação ideológica, que preconiza uma elogio da criticidade humana, em se reinventar a cada momento de crise.
No contexto televisivo do Realismo Fantástico, o fotógrafo Jorge Tadeu, interpretado por Fábio Jr, na novela Pedra Sobre Pedra de 1992, da Rede Globo, que seu personagem além de ser um “bon vivant”, também representa um erotismo romântico, através da sedução da sua fotografia, e também por um naturalismo em revelar a natureza sexual da cidade fictícia de Resplendor, que representa a conservação de princípios ligados a antiga política dos coronelismo, que venha assim a fazer uma consciência de classe, de lutar contra uma educação tecnicista, aos quais uma boa parcela das pessoas vivem, chegando a um imperativo categórico, tanto a combater um “epicurismo contemporâneo”, de desejos reprimidos pela opressão de um agrupamento populacional, que conjugue, a ascensão de uma liberdade feminina que seja somente outorgada pela sua imagem libidinal.
No sentido de uma saliente, revalorização da beleza feminina, mas que venha a distanciar de um licor moralizador, de pudismo exagerado, a Revista Playboy, conseguiu tanto emergir uma sexualidade, que não caminhasse para uma pornografia explicita, mas que dentro dos seus conteúdos jornalísticos, peregrinasse entre a imposição de um estilo de vida, auspiciado para a imagem de padronização comportamental dos ricos e famosos, como também teceu, uma forma de imaginário de fetiche sexual, em fazer uma luxúria de alto nível de idealismo sexual, fazendo uma fotografia em reativar caminhares, tanto entre o real o irreal.
O real em se desejar o corpo, e o irreal em ter que se flexibilizar, em uma possibilidade de sonhar, diante as classes menos favorecidas, deixando assim a questão do sexo e da fotografia como armas para a persuasão, de que para se chegar ao caminho de liberdades intelectuais, que não seja unicamente voltados para um delírio corporal, é primordial de um novo “organum” de constituição de sujeito, que veja não a fotografia como um artifício de auto-excitação, mas sim que venha a se agraciar, pelo foco de que para cada ângulo ou posição captada, está uma áurea intelectual, que assim se faça uma espiral mental, me ver o homem dentro de uma cosmologia de intelectualidade que se faça concatenada tanto pelo prazer, como um querer entender sua própria concepção em entender.
Dentro de uma cúpula do biopoder, a micro-fotografia ou técnicas de filmagens feitas por micro-câmeras, em torno das diferentes angústias de doenças e adoecimento do ser humano, reescrevem uma medicina, que não fique somente atrelada ao corte ou a mutilação, “com deformação e cicatrizes”, segundo as palavras de Michel Foucault, mas sim que venha a descobrir um novo universo dentro de cada organismo multicelular, que lute contra uma domesticação de conter um tratamento farmacológico voltado a métodos de atendimento médicos tradicionais, sem haver uma intervenção empírica clara e profunda, que venha a descobrir e identificar os principais sintomas acerca das, milhares, moléstias e doenças que interferem na vida humana, revalidando a importância de tratamentos e atendimentos dos cuidados paliativos.
Vejamos que no quesito saúde e doença, as imagens de sofrimento dos sanatórios o tratamento bestial dado aos pacientes, fez com que o psiquiatra Franco Basaglia, apresentasse e denunciasse os horrores da institucionalização psiquiátrica e todos os desrespeitos aos direitos humanos que eram causados aos seus internos, assim como também o sofrimento da Aids, e as imagens de celebridades se deificando aos poucos através da doença, como Freddy Mercury, Cazuza, Lauro Corona, Cláudia Magno, Renato Russo, que chocaram a opinião pública, deixou um sentido de medo coletivo em que a denúncia dos vírus e seu poder e destruição, bem como a alertou sobre a vital importância em haver métodos de prevenção a serem respeitados e disseminados para essas doenças.
O surto de Ebola, e os sofrimentos terríveis de seus doentes em 1995, também forma registrados através da fotografia, aos quais os pacientes foram focados, através de dores horripilantes, e com seus corpos cheios de hemorragias, e sofrendo abissalmente de uma falência múltipla de todo seu sistema bio-neurológico, levando a óbitos com histórico de deificação que revelava a fragilidade do homem perante o poder da doença, e recentemente através da Pandemia de Covid-19, as fotografias e filmagens feitas por antagônicas pessoas durante o período de confinamento do lockdown, testemunharam como o homem é limitado, e que também durante os picos elevados de mortes, o desespero tinha se tornado uma companhia constante das pessoas, e pelos quais através das lentes fotográficas, tiveram que guardar a imagem de suas pessoas queridas que fossem vitimadas de maneira fatal, e que para evitar o contágio, se contentavam somente com uma imagem congelada ou em movimento, do seu ente querido.
Ou seja, a fotografia está refletida em polivalentes sentidos de uma revalidação constante, do homem, e de como suas atitudes podem tanto, ajudar a construir novas organicidades de conhecimento intelectual, como também a vim a tangenciar seu espiritual, dentro de uma nova averiguação de descolonizar a mente, de que a imagem é sempre algo definido em cores e formas de maneira abrupta, sem haver um estereótipo estético de relativização de conter um sentido abstrato em reproduzir a criticidade, através do flash, mas contendo um nicho cultural que possa tanto, ao mesmo tempo formar, como a intelectualizar em se aventurar a analisar as imagens das pessoas ou situação humanas, em diferentes naipes de atuação emocional e racional, que refaçam compreender seu papel no mundo, e de como se portar perante momentos tanto de felicidade como de infelicidade, coletiva ou individual.
Por CLAYTON ZOCARATO