O tempo não passa objetivamente no tic tac do relógio.
É na sincronia dos ponteiros
que há um universo de memórias,
de encontros e desencontros,
de reflexões sobre os abismos que vivemos
ou o que a nossa imaginação ilusória cria.
Cada um traz dentro de si o seu próprio tempo.
Não há segredos e nem receitas para usufruir o tempo.
Há de se romper as algemas do tempo e tirar um tempo.
Tempo para apreciar o tempo.
É preciso também de tempo para a compaixão,
para olhar ao redor, olhar para o outro, estender a mão,
acolher e amenizar a dor,
saciar a sede e a fome dos que sofrem.
Não há tempo certo ou tempo errado,
sempre há tempo de ajustar os ponteiros e recomeçar.
Existe, sim, um relógio perdido no labirinto do interior humano,
esperando para ser despertado
e viver intensamente as badaladas do coração.
Por JANAÍNA BELLÉ
Farroupilha, RS, Brasil