Meu passo passeia pela avenida,
e a cada passo dado algo passou.
O passado onde eu passei, não onde estou,
mas só porque, onde estou, estou passando ainda.
E o que passou é estrada percorrida,
cada passo passado viveu, amou.
O passo que em seu passeio ficou,
só passeia na lembrança vivida.
Prefiro o passeio livre, descalço,
ao passo soturno, de alma tolhida,
com calçado, cadarço com nó, laço.
Meu passo vai passando sem corrida,
passeio de poucos passos e espaço,
um passo passageiro como a vida.
Por CARLOS EDMILSON
João Pessoa, PB, Brasil