DESNUDA EM PALAVRAS – Entrevista com Fernando Airan

DESNUDA EM PALAVRAS – Entrevista com Fernando Airan

FERNANDO AIRAN

Escritor de literatura erótica, poeta, dramaturgo e compositor, natural de Salvador, 37 anos. Publicou seu primeiro livro aos 34, mas já trabalha com literatura desde os 21 com peças de teatro. Já foi diretor de teatro e montou grupo teatral, já foi músico amador e agora se dedica ao erótico. Tem uma meta na vida, escrever 100 livros! Como pretende lançar 1 por ano, o plano é viver mais 100 anos pelo menos!

 

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REVISTA THE BARD Quais as principais dificuldades encontradas atualmente para quem é do meio erótico?

FERNANDO AIRAN- Eu tenho relativamente pouco tempo nesse mercado e, como optei por fazer tudo sozinho, desde escrever até publicar e distribuir meus livros, eu tenho tido uma certa dificuldade em chegar no público. Se você parar para pensar, isso é até natural. O que frustra mesmo é a divulgação via redes sociais, que sempre esbarram no conservadorismo dessas plataformas. Existem algumas dificuldades com relação às editoras, mas como não público através delas, isso não me afeta diretamente.

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REVISTA THE BARD- Quando você começou a escrever?

FERNANDO AIRAN- Meu primeiro livro escrito foi aos 8 ou 9 anos, uma história de piratas. Depois escrevi aos 12 o segundo, mas nunca os publiquei. Falo que são livros porque são! Uma pintura fora de um museu é uma pintura. Uma música não gravada é uma música. Porque com um livro seria diferente? Uma editora não precisa validar o escritor, a obra já faz isso! Aos 25 me tornei dramaturgo de teatro escrevendo peças e pequenos textos, mas só publiquei aos 34.

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REVISTA THE BARD- Fale sobre a sua trajetória dentro do erotismo.

FERNANDO AIRAN- Tudo começou com um desafio de alguns colegas. Eu publicava um capítulo por dia e quando percebi já tinha uma história pronta. Foi daí que nasceu “O Alfabeto Do Prazer”, meu primeiro livro publicado.

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REVISTA THE BARD- Como foi se descobrir escritor
erótico?
FERNANDO AIRAN- Sempre gostei de erotismo e quando fui desafiado a escrever sobre isso eu descobri que era essa literatura que queria produzir. No começo eu sentia um pouco de vergonha quando pessoas conhecidas liam meu livro, mas já passei dessa fase. Acho que todo mundo tem seu lado tímido, afinal!

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REVISTA THE BARD- Qual a influência das redes sociais na vida do escritor?

FERNANDO AIRAN- Conheci pessoas incríveis, escritores, poetas, BDSMers, casais liberais, todo tipo de gente que se interessa por erotismo e que influenciaram na minha literatura. Fiz amizades e evolui muito na minha escrita com eles. Sem contar na evolução como ser humano! As redes sociais são um instrumento crucial para mim porque me mantém focado na escrita. Sem elas, dificilmente eu escreveria com tanta frequência.

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REVISTA THE BARD- Quais os seus livros publicados?

FERNANDO AIRAN- Tenho a série Üzo Öbi Üto que tem 4 livros, O Alfabeto Do Prazer, Malícia, Taras e A Carne. Tenho também um livro de poesias, o Poesias Molhadas. Além deles tenho mais 6 em produção, praticamente prontos para lançar.

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REVISTA THE BARD- Você teve influência de algum escritor para seguir na literatura erótica?

FERNANDO AIRAN- Quem mais influenciou na minha literatura foi Garcia Marques e Neruda. Marques pelos livros, Neruda pela biografia. Eles têm um pouco de erotismo no que escrevem, mas não são escritores eróticos. Tem também Paulo Coelho. Muita gente olha torto para ele, mas eu acho que ele é bom no que se propõe e faz parecer fácil escrever um livro pela forma que escreve os dele. Kafka também é outro que me influencia, talvez até mais que os outros.

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REVISTA THE BARD- Qual a influência do Erotismo na vida das pessoas?

FERNANDO AIRAN- As pessoas se permitem explorar e descobrir sobre sua própria sexualidade quando lêem sob o ponto de vista dos personagens. Casais, homens e mulheres já me disseram que ler meus livros despertou neles a curiosidade de realizar desejos que antes não confessavam e isso reflete na cumplicidade e confiança entre o casal.

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REVISTA THE BARD- Porque você acha que a leitura erótica ainda é uma barreira?

FERNANDO AIRAN- Porque é questionadora e coloca em xeque uma série de tabus sociais. Fala de desejo, de mudança e prazer sem culpa. Normalmente as pessoas resistem quando percebem que elas mesmas têm desejos e mudar sempre é algo que dá medo. O medo do julgamento, o medo do desconhecido, de se envolverem. Erotismo sempre será tabu e sempre e isso não é problema. Problema é quando falta o respeito com o artista e sua arte.

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REVISTA THE BARD- Porque você acha que o Erotismo e pornografia é a mesma coisa?

FERNANDO AIRAN- Porque de certo modo são! A pornografia pode ser mais direta e abranger uma série de questões, temas e estilos, mas não deixa de ser erotismo e não quer dizer que não tenha qualidade. A diferença é muito mais estética que concreta! O erotismo está em tudo e diz respeito a uma abordagem subjetiva da sexualidade. Um decote é erótico, um batom, um perfume… Já a pornografia é mais objetiva! Ela fala diretamente ao sexo, é mais franca e mais sincera. Um é uva, o outro é vinho, um é cão e o outro lobo, um é pedra e o outro é rocha, no fundo são a mesma coisa e estão intricadamente
ligados! Quando se trata de literatura então, quase nunca se tem uma distinção clara. Diferente do cinema ou fotografia, a palavra sempre vai ser pornográfica, qualquer tentativa de não ser acaba trazendo ao texto um ar lúdico que nem sempre combina.

 

                                                                                                  

 

                                                                                                                                 

 

Por TÔNIA LAVÍNIA                    

 

 

 

 

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