Quando te conheci, buscava apenas acalmar meu coração.
Mal sabia eu, que ao lançar meus olhos sobre você, assinaria a minha execução.
Eu era uma sombra invisível vagando sem ser notada.
Mas, bastou um verso seu, para a pouca luz que existia em mim, ser dissipada.
Apaixonei-me por rebuscados versos e fui fiel aos seus encantos.
Sua angústia passou a fazer parte de mim e assim nos unificamos.
Ler-te não era suficiente, eu precisava mais do que algumas noites contigo.
Amei tanto você, poeta, que me tornei parte de seu poema fatídico.
Hoje, caro Gonçalves Dias, sou o próprio espectro do Sofrimento.
E talvez carregue comigo alguns arrependimentos.
Sinto-me cansada e não posso mais lutar, tudo que me resta é a lamentação.
Desejo a morte, imploro perdão e clamo por redenção.
Por todos esses anos, senti seu desespero e vivi sua purgação.
Agora basta!
Se tiver amor por mim, peço que tire a minha vida, mas não o meu lamento.
Pois, vivo dentro de um poema, eu sou a poesia, eu sou a dor, eu sou o Sofrimento.
Por MIA KODA