Poeta é algo de sina
Poema é andança
Poesia é o sopro
de espanto
e acalanto
O santo e profano sem desfaçatez
E tudo o mais nos ensina
É dura a contradança
O canto nos corta nesse cortejo
O que sobra em nós é bater de porta
Mesmo assim, em gotejo,
a tez sempre incauta
O tecido das coisas de costume
não presume
Mas quem se importa?
No papel uma mancha vermelha
Persiste em lembrar-me , o quanto tudo era pouco.
Até mesmo o batom rasgando o céu da minha boca.
Mas tudo era medidamente pudico.
Por RONALD FERREIRA