Antes de sair, não bata a porta
retire-se em silêncio, por favor
a réstia de seus passos me desconforta
marcas sutis, cheiro de bolor
não olhe para trás, minha alma aborta
todas as sensações deste estupor
que fique apenas saudade, só isso importa
não preciso de pena, mas de amor
caminhe o piso leve, em folha morta
fiquei sem rastro, apenas leve tremor
deixe a chave sob o pote da compota
minhas lágrimas jorram sem furor
quando longe, se isso suporta
mande um recado pelo computador
apenas quero sabê-lo, com rota
para amenizar meu triste dissabor
tranque o coração, limpe a aorta
suspire aliviado sem rubor
nosso passado é tal lâmina que corta
uma lembrança torta e incolor.
Vá embora!
Mas sem último olhar, por favor.
Por EDILEUZA LONGO
São Paulo – São Paulo, Brasil