CONTOS E MINICONTOS – O outro lado por Rafaela Navas

CONTOS E MINICONTOS – O outro lado por Rafaela Navas

Vivemos pela primeira e última vez, que a morte virá e te levará, mas que nunca se sabe quando isso acontecerá. Para filósofos tais tolos, é algo que se existo; ela não existe, e quando ela existe, eu não existo. Mas há algo que ninguém conta sobre o seu último dia de vida; bem, é porque não sabe quando será, mas se por algum motivo estranho, bizarro, mas se no fundo, soubermos?
Se sentirmos quando será o fim, como sabemos que já é hora de dormir?

Se talvez…
Bem…
Só talvez…

Se antes de morrer, observássemos o outro lado?

A vida é algo lindo e difícil, mas também é agradável. Todos querem viver, ninguém quer morrer, temem a morte, isso seria blasfêmia já que desejaria a vida eterna, e ser eternamente imortal, uma coisa que nunca seria possível.

O outro lado, a morte, ninguém sabe o que acontece, para onde as pessoas vão, ou melhor dizendo as almas vão, que já que o corpo se desmancha, se desfaz, virá pó e desaparece na terra.

Teria então uma vida pós-morte? Um mundo de pessoas mortas?

Reencarnação é uma teoria, com a sua melancolia, de encontro de almas que se amaram em outras vidas, mas isso tudo só passa de uma agonia, de pessoas que querem acreditar que vão reencontrar aquele grande amor, que por besteira deixou ir, ou de pessoas que muito cedo perderam o amor da sua vida, seja por um câncer, um acidente ou uma fatalidade.

O que seria de nós se vivêssemos sabendo o dia que partiríamos e como morreríamos? Será que viveríamos ou apenas lutaríamos contra aquilo que ainda não nos matou?
Para morrer precisamos viver, para viver precisamos nascer.

Lembre-se de mim. Lembre-se de mim. Lembre-se de mim. Lembre-se de mim.

Lembrei de você outro dia quando não conseguia dormir.
Lembrei de você outro dia quando não conseguia sorrir.
Lembrei de você quando tive vontade de sumir.
Lembrei de você quanto todos os meus sentimentos, reprimi.
Lembrei de você e me perguntei, por que partiu tão cedo?

Se soubesse que seria a última vez teria feito algo diferente?

(…)

Não chorei esta noite, não há travesseiros encharcados, houve momentos difíceis no qual achei que tudo estava desmoronando dentro de mim, tanta dor e tão grande, mas sempre haverá forças para me manter de pé.

Como dizem por aí: — A morte é um dia que vale a pena viver.

Morremos apenas uma vez, vivemos todos os dias. E que a vida seja algo que faça bem, que você viva bem, que sorria, olhe para o mundo com alegria, que caia e se levante, que não perca a vontade de viver nenhum dia sequer.

Que mesmo com os dias de escuridão, nebulosos, de tempestade, agonia, surjam dias claros com arco-íris no céu, dias que mostrem o porquê você nasceu, e que coisas grandes são feitas de pequenas coisinhas que fazemos pelo caminho.

E ah…

Não é preciso ter medo da morte, ela é apenas o outro lado da vida. Você começa no útero e termina no túmulo.

Por RAFAELA NAVAS

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