Estamos nós duas lado a lado, ajoelhadas no chão, eu sentia ela suar frio, ela me sentia tremer.
Nosso dono estava sentado na cama, nos observava como duas criaturas raras, de cabeça baixa, eu imaginava a visão que ele tinha.
As duas de pele clara, o cabelo dela, mais curto que o meu, negro como a noite, combinavam com seus olhos escuros, que agora estavam olhando fixamente para o chão. O meu cabelo, quase platinado caia sobre as costas nuas e meus olhos cor de esmeraldas estavam fechados.
Ambas ajoelhas, de cabeça baixa, mãos sobre as coxas e palmas pra cimas, aguardávamos as ordens.
Nós três discutimos esse dia mil vezes, meu coração não acreditava que finalmente estava acontecendo.
No início ela foi relutando, não queria em hipótese alguma, uma irmã de coleira, até que me conheceu e com meu jeitinho de ser, a convenci a me aceitar, conquistei o seu respeito e carinho.
Hoje sei que ela está feliz por eu estar ao seu lado, assim como eu estou de ter ela comigo.
Nosso Dono e Senhor a chamou de Flor de Lis, pois é forte e encantadora, a mim deu o nome de Lua Nua, pois sou delicada e de alma transparente.
Juntas somos um belo jardim perfumado, diferentes em muitos aspectos, físicos e de personalidade. Ela é magra e esbelta, eu curvilínea, ela mais séria e centrada enquanto sou moleca e travessa… nossas diferenças nos completam.
E nesse momento somos irmãs, exibimos a mesma coleira. Lis e Lua.
Ele muito casto, mas paciente conosco do início ao fim, tossiu para limpar a garganta e disse:
“Toquem-se”
Eu sabia que essa seria a minha deixa, além de ter a cabeça mais aberta que a de Lis, estava louca para tocar em sua pele macia salpicada de pintas.
Me virei para ela e ela para mim, olhei dentro de seus olhos, como se pedisse permissão, ela sorriu com o olhar, então toquei seu ombro nu e fui descendo ao longo do braço.
Por um segundo ela petrificou por baixo da minha mão, mas aos pouco a senti relaxar.
Lis ergueu a mão e entrou em meus cabelos, minha pele respondeu em instantes com um arrepio.
Ainda com os olhos fechados me assustei quando ela me beijou, lábios mais finos que os meus, porém tão macios e ágeis quanto, o sabor era doce, o perfume encantador.
Nunca havia beijado uma garota, ela também não, por isso foi tão especial ter nossa sessão de iniciação juntas.
Ela era o força que faltava em mim e eu a coragem que falhava nela.
Não sei quanto tempo ficamos ali no chão, nos beijando, acariciando e acalmando uma a outra.
O restante da sessão foi incrível, ele se dedicou a nós duas, sentiu nossa lealdade e carinho.
E no final, o aftercare foi incrível, cuidamos uma da outra, algo muito natural, sem que precisasse de qualquer ordem ou comando, eu sabia cuidar dela e ela sabia cuidar de mim.
Por CARLA GARCIA