POETAS E POETISAS Cinderela Negra por Rita de Cássia Barreiro

POETAS E POETISAS Cinderela Negra por Rita de Cássia Barreiro

Catadora de papéis, de origem humilde,
sem joias ou anéis.
Mãe solteira de três filhos,
morou na favela do Canindé,
mas com dedicação e fé,
publicou seu premiado livro:
“Quarto de Despejo: diário de uma favelada.”

Seu grande desejo era ser escritora.
Foi à luta e, apesar da pouca
escolaridade, teve maturidade
e competência para transformar
simples palavras em essência.

Essência de versos, rimas,
inspiração.
Essência verdadeira
porque foi uma guerreira
nesse mundo de alucinação.

Como nascer pobre e ser reconhecida?
Como ser negra sem ser banida?
Em um país como o nosso, colonialista?
Em um país socialmente desigual, escravista?

Você, mesmo com todas as adversidades,
deu voz a tantos que não podiam falar.
Você, mesmo no frio, na fome,
na dor e na solidão, à margem da vida,
deu esperança a tantos
que não podiam ser ouvidos.

Você, escritora do povo,
fez parte de uma sociedade
marginalizada, ignorada
pelas elites brasileiras.

A você, conhecida como a “Cinderela Negra”, dedico este poema:
Carolina Maria de Jesus.

Por RITA DE CÁSSIA BARREIRO
Brasília – DF, Brasil

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