Quem me pariu foi Bahia
Nasci do ventre Recôncavo
Interior quem me criou
Sou prima e irmã do vento
Leite que sai da pedra
Alimentada por mãe terra
Magia em forma de gente
Língua aqui é navalha afiada
Água de chuva no pote
Não me rotule, por favor
Não me submeto por medo
Ou por pressão, me faça favor
Não quero ser domada ovelha
Prefiro ser bruxa assumida
Esperar o beijo da lua
O galope da brisa nos cabelos
Sentir a energia dos raios
Ver pirilampos no céu da caatinga
Dedo de prosa com corujas
Benzimento de ramos segunda- feira
Dançar livre no meio da madrugada
Banho de cachoeira na mata
E o encontro com meus ancestrais.
Por PAULA ANIAS
Sapeaçu – Bahia, Brasil