Madrugada de 30 de dezembro, 3h43min.
Um despertar mais cedo
É inverno
A chuva cai
Desligo o ar refrigerado
O único barulho agora é o da chuva
Desço as escadas
O silêncio da casa é de embalar
Mas o sono aqui jaz
Enquanto todos dormem
Pego o bloco de notas
Um bom e velho hábito
Escrevo o que vem à mente
O que sinto e o que vejo
Só vejo a chuva lá fora
Vou à sacada
A chuva continua
Agora mais fininha
Eu faço um registro
Da casa do meu vizinho
Só por causa das palmeiras do seu quintal
Fico sempre a admirá-las
De onde os sabiás costumam cantar
De repente, um leve sono
São 4h33min
Ainda estava escuro
Ouviu-se o canto do primeiro galo
O convite do primeiro foi estendido ao segundo
Em seguida, ao terceiro, ao quarto galo
até que todos, embora distante um do outro,
participaram da orquestra matinal
Para dar as boas-vindas ao romper do dia
Por ANA LOURDES GALVÃO
Rio Branco – Acre, Brasil