Hoje, eu acordei com a lua nos olhos, o tato na ponta dos dedos e o beijo no canto da boca. Despertei na segunda sinfonia do bem-te-vi (a primeira, é composição do amor distante que tenho: me sente, me vê e me |em|canta, mesmo sem saber). Essa manhã, meu abraço te tocou no exato momento em que verbalizei, narrei e imaginei o enlace, a luz do sol te visitou, como um presente em papel dourado, fomos a rara poesia de um eclipse – a começar pelos tons de nossas peles – e, no cartão, a melodia de nossos sorrisos misturados aos lençóis que se amarrotaram sob o movimento do desejo e se misturam aos sentimentos amassados que nos foram colchão e até travesseiro.
Na tarde de hoje, minha caneta chorou, enquanto eu escrevia sobre sua saudade, sim, sua, assim como eu, completamente entregue a você; eu te ouvia em músicas que corriam apressadas, te procuravam e nos faziam encontro … sorri, só porque, ontem à noite, sem perceber, você cantou, pela segunda vez, a primeira foi quando pousou na janela em meu ouvido e gorjeou, bem-te-vi (…) Pensando bem, era você, hoje pela manhã, sempre foi você e eu nunca percebi; até entender, em minhas próprias palavras, que você transporta felicidade à moda antiga, movida a energia do seu (a)braço e, mesmo te fazendo sinônimo de carinho, eu exagerei nas letras e me excedi nas vogais, eu sei, mas desde criança aprendi que “a” é de amor e esse sempre me vem em excessos.
Já é noite, outra vez, a lua brilha em meu olhar, mas é em meu sorriso que moram todas as nossas fases, sei que é pretensioso, impulsivo e, talvez, passageiro, mas, hoje, eu acordei com o tato na ponta dos dedos, o beijo no canto da boca e você meu bem, em duas, quatro, sete letras e em cada um dos meus exageros. Te cabe em todos os silêncios e no timbre adocicado de minha matinal voz rouca, quando te chamo de “meu amor” mesmo que a letra “a” já me seja desapego (…)
Por JÉSSICA SABRINA