Sou dada a sozinhez desde criança e, a princípio, não era fidedigno o meu anseio. O desamor advindo das falsas companhias, me fez refém da melancolia. Com o passar do tempo, cansei desse tormento: ninguém merece viver à mercê de gente vazia de sentimentos. Foi nessa ocasião que a leitura surgiu na minha vida e sarou a ferida que se fazia aberta, insistente, perversa. A sensação de plenitude e pertencimento, enfim, desabrochou no meu pensamento!
A partir de então, soube que não mais ficaria sozinha, pois, lendo livros, mergulharia em universos distintos repletos de fantasia. Não inteiramente satisfeita, decidi escrever os meus próprios livros, para preencher de uma vez por todas a lacuna invasora, que há muito fora a causadora do meu suplício.
A sensação de dever cumprido tem andado lado a lado comigo, afugentando quaisquer resquícios do Eu que se pusera, outrora, oprimido; renegando a si mesmo para caber no oco grotesco das expectativas alheias. A literatura possibilita a cura, e sem ela, certamente eu já haveria sucumbido à loucura. Sem a 5ª arte, a existência é uma tortura.
Por JEANE TERTULIANO