No tempo corrido, o relógio me rouba a oportunidade de viver, atravesso a vida como o ponteiro dos segundos, sem direito a pausa, ou tudo ao meu redor desmorona.
Sinto como se fosse uma das pilastras que sustentam o mundo. Prestes a quebrar, meus braços adormecem por abraçar a todos que ainda cabem dentro deles. Os dedos já dormentes, não sentem que estão sendo arrancados pelo desespero de tentar segurar o que não me cabe mais.
E o que me cabe? Quantas dores sou capaz de suportar? O mundo é mesmo um lugar onde valha a pena viver? Já não vejo mais espaço para mim, não no atual momento em que estamos. É muito difícil lidar com as feridas alheias enquanto as suas ainda estão abertas. Questiono-me: será que sou digna de algo grandioso ou será que é apenas o karma se cumprindo? Qual o motivo para tanto caos instalado? E a vida se encarrega de não responder, pois assim como o mundo, ela raramente nos responde da maneira como desejamos.
Por JAQUE ALENNCAR