Ainda sinto as dores daquela noite única, ficaram os desejos quando tu foste embora.
O exalar do seu perfume ainda existe nos corredores desta casa, deixando-me ainda mais perturbado.
Desapareceu na calada da noite, nem um adeus deixou-me, apenas um bilhete com um doloroso… “Já volto”.
Meses se passaram, e você está desaparecendo de minha memória, e o desespero insiste em me perseguir.
Sinto os seus dedos pontiagudos em mim, sinto a sua pele queimando a minha enquanto o seu olhar me arrebata, tudo isso são sequelas que você me deixou.
Loucura, sim, a insanidade tornou-se inquilina permanente em minha casa, já não consigo discernir nada diante dos meus olhos.
Como queria vê-la por um instante apenas, somente para dizer-te um breve “Adeus”.
Por que deixou-me aquele “Já volto”?
Foste embora e deixou-me torturas, por quê?
Aprendi a amar numa única noite, ali entreguei-me a paixão, entreguei-me por inteiro a você!
Não vou dizer que fora um erro, porque o que eu vivi ao seu lado não viveria em muitas outras vidas.
Ah, se eu tivesse asas! Voaria até te encontrar, mesmo se isso levasse todos os dias de minha curta existência.
Pode parecer exagero, mas tudo que escrevo aqui são os lamentos doídos de minha alma, as emoções que ninguém ver.
Tornei-me poeta apenas para recriá-la em meus dias, não posso esquecê-la, senão, seria um errante nesta terra de ninguém.
O brilho do sol já não é o mesmo, a luz da lua já não é tão viva, o som da chuva é trivial, o pôr do sol perdeu a sua magia…O mundo tornou-se acinzentado.
Por que deixou-me aquele “Já volto”?
Por ANDRÉ LUIZ SOUZA