Caminho como homem livre
Mesmo ao som dos grilhões
Pois os que me amordaçam
Desalmados sem colhões
Este meu sorriso
Jamais ameaçam.
Tenho toda liberdade
Em minha mente
No caminho à frente
E no coração, a verdade
Precisamos de amor –
Mesmo para se opor
Precisamos paz –
Pra reagir como flor
E precisamos flores –
Para lembrar das cores
Que tu não tenhas que suportar
Tudo aquilo que podes suportar
Nem hortar ódio
Nem raiva florir
Ou sucumbir
Ao custódio
Compreender não é concordar
Nem com corda enforcar
Quem não concorda
Tampouco à sombra
Se tornar
O ser que assombra.
Se em muitos dias amamos
No dia em que choramos
Sem desespero
É o dia em que nos achamos
Se sozinhos viemos
Na exuberante aurora
Quando em noite vamos
É chegada a hora
Precisamos de amor –
Mesmo no torpor
Precisamos paz –
Diante do que for
E precisamos flores –
Para esquecer as dores
Nossa farta individualidade
Em cada um de nós
Possui o condão da felicidade
Ou infelicidade
Juntos ou à sós
Depende da força da voz
A vida não é apenas acordar,
O passar dos dias, dos anos
Sem danos ou planos
Ou todo intervalo
Que compreende entre o início e o fim
Precisamos compreender que assim
Não existe morte sem vida
Nem vida sem norte
Enfim…
Ao longo da jornada me transformo
Caminho longo ou curto
Estreito ou largo
Reformo
A jornada é um lago
O caminho é meu
E a estrada sou eu
Precisamos de amor –
Para dar calor
Precisamos paz –
Da alma o fulgor
E precisamos flores –
Para celebrar os amores
Caminho como homem livre
Mesmo ao som dos grilhões
Pois estes que me couraçam
Com a força de mil vulcões
Este meu sorriso
Abraçam.
Por RAFAEL PELISSARI
São Paulo – São Paulo, Brasil