Quando estava escrevendo um de meus livros, intitulado PINDORAMA – TERRA DE AVENTURAS, fiz uma pesquisa sobre as terminologias a serem utilizadas na obra.
O livro trata-se de uma aventura fantasiosa passada no Brasil, eras antes do descobrimento, quando as criaturas do folclore seriam de carne e osso.
Além dos seres fantásticos que habitam nossas lendas, o livro também traz personagens, sendo que os nomes indígenas utilizados se reportam a alguma qualidade ou característica de cada personagem.
Assim, a ideia implícita do livro era que as lendas e o vocabulário utilizados pelos indígenas teriam se originado de fatos e pessoas “reias” que, com o passar dos anos, tiveram seus nomes adaptados para designar qualidades, ou, no caso das criaturas do folclore, para identificar os seres.
Por fim, segue abaixo o glossário que está no livro.
- Acir – dolorido, magoado, “o que vem da dor” ou “o que faz doer, o que magoa”.
- Aimoré – denominação que os portugueses davam aos nativos da Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo, ou ‘aquele que morde”.
- Angra – Curva costeira que torna possível a entrada do mar; enseada.
- Anhanga – Espírito Protetor da natureza, tomado pelos jesuítas como um demônio ou espírito maligno temido pelos povos indígenas
- Anori – significa “Tracajá macho”, uma espécie de quelônio dulcícola de tom negro azulado com manchas amarelas
- Atlântida – Atlântida era uma potência naval localizada depois das “Colunas de Hércules”, que conquistou muitas partes da Europa Ocidental e África 9000 aproximadamente em 9600 a.C.. Após uma tentativa fracassada de invadir Atenas, Atlântida teria afundado no oceano. Na nossa História, Atlântida esteve em guerra contra o império fictício Colteca.
- Avati – Ser encantado da mitologia guarani
- Boitatá – O termo é a junção das palavras tupis boi e tatá, significando cobra e fogo, respectivamente, ou ainda de mboi — a coisa ou o agente. Significa, assim, cobra de fogo, fogo da cobra, em forma de cobra ou coisa de fogo.
- Boto – Diz a lenda amazônica que o boto pode se transformar e ir às festas da região na forma de um homem bonito e forte, vestido de branco, bronzeado e muito perfumado, que convida as moças para dançar e depois as seduz. A lenda serve como pretexto para moças justificarem a gravidez sem casamento. “Foi o boto”, é o dizem.
- Bugbear – criatura lendária ou tipo goblinoide. Entretanto, diferente dos trapalhões goblins ou dos pragmáticos hobgoblins, os bugbears seriam os maiores, mais brutais e sanguinários da família dos goblinoides.
- Buritama – é uma palavra tupi guarani que significa ¨região de palmeiras”.
- Caipora – entidade da mitologia tupi-guarani. A palavra “caipora” vem do tupi caapora e quer dizer “habitante do mato”. No folclore brasileiro, é representado como um pequeno índio de pele escura, ágil e nu, geralmente montado em um caititu.
- Capelobo – personagem do folclore brasileiro, que possui aparência de monstro. Sua lenda é muito comum em especial nos estados do Maranhão, Amazonas e Pará. Acredita-se que tenha surgido entre os povos indígenas da região Norte do Brasil. possui cabeça e focinho de tamanduá-bandeira, guaraxaim, cachorro ou até mesmo de anta, dependendo da versão. Tem um corpo humanoide forte, patas redondas, com muitos pelos no corpo.
- Cauã – Significa “gavião”, “falcão”.
- Colteca – império fictício da obra, inspirado nos nomes do império Asteca, como forma lúdica para mostrar as disputas entre os povos das américas antes do descobrimento.
- Constritor – monstro tentacular fictício que habitaria esgotos e subterrâneos. Na obra esses monstros eram levados para locais ermos para atacar os moradores, forçando a venda de propriedades a preços mais baratos.
- Corpo-secos – folclore de vários locais. O mais conhecido é a região de Ituiutaba, onde há até mesmo a Serra do Corpo Seco, onde, segundo a lenda, ele teria sido isolado após sua rejeição pela sepultura, um morto volta a vida como Corpo-Seco. Ele assombra o local, aproximando-se de viajantes incautos para sugar-lhes o sangue, transformando-os em corpos-secos também.
- Curi – Nome tupi da araucária ou pinheiro-do-Paraná.
- Curumim – Palavra de origem tupi que designa, de modo geral, as crianças indígenas.
- Curupira – figura do folclore brasileiro. Ele é uma entidade das matas, um moleque de cabelos compridos e vermelhos, cuja característica principal são os pés virados para trás.
- Elfo/elfa – criatura mística da mitologia nórdica e céltica, que aparece com frequência na literatura medieval europeia. Como a ideia do livro era mesclar mitos e culturas, nada mais justo do q eu acrescentar os elfos.
- Endi – Significa luminosidade
- Famaliá – diabrete do folclore brasileiro, nascido de um ovo botado por um Galo, e não por uma galinha. Há lugares em que a lenda diz que o ovo foi fecundado pelo diabo.
- Fazenda Malacacheta – propriedade rural localizada no município de Belmiro Braga, na divisa entre o estado de Minas gerais e o Estado do Rio de Janeiro.
- Fellowship, The – em tradução literal quer dizer comitiva ou sociedade. Esse foi um trocadilho com a famosa comitiva do anel de ‘O Senhor dos anéis”. Na história, virou a comitiva do escudo, ou a sociedade do escudo.
- Goblin – criaturas geralmente verdes que se assemelham a duendes. Fazem parte do folclore nórdico. Geralmente traduzido para o português como “trasgo”. Seriam os menores humanoide do grupo de goblinoides.
- Goblinoides – termo genérico que designa uma subclasse de humanoides. Nele estão incluídos os goblins, hobgoblins e bugbears. Na obra, são inimigos tanto dos humanos quanto dos capelobos.
- Guaraxaim – Animal semelhante ao cachorro-do-mato, porém um pouco maior, que habita os campos da Argentina em direção ao norte, chegando ao Brasil até o estado de São Paulo.
- Halfling – raça humanoide fictícia. São similares aos humanos, exceto pelo seu tamanho diminuto e pés extremamente peludos. São seres muito curiosos e otimistas.
- Hobgoblin – criatura folclórica germânica, que mede mais de 1,40 m, podendo chegar até o tamanho de um ser humano. É parecido com um goblin mais robusto, sendo assim uma variação de goblinoide. São a “tropa de choque” dos goblinoides.
- Iara – nome de origem indígena, cuja raiz do Tupi-guarani y-îarasignifica “senhora das águas”, “mãe d’água”, “a beleza das águas” ou “dominadora”.
- Iguatemi – Palavra de origem Tupi que significa Rio Ondulante.
- Ilha de Vera Cruz – foi o primeiro nome dado pelos descobridores portugueses ao Brasil.
- Irati – A que vigia.
- Jarawara – Tipo de povos indígenas, localizados na Amazônia
- Jurupari – Significa “boca torta”. Seria o deus da escuridão e do mal, que visitaria os índios em sonhos, assustando-os com pesadelos e presságios de perigos horríveis.
- Kaagere – Do Tupinambás, significa espírito maligno das trevas, que surgia sob a forma de um quadrúpede. Não é a toa que dá nome a um dos vilões da trama.
- Kaluanã – Do tupi, “significa grande guerreiro”.
- Kauane – Kauane é a variante feminina do nome masculino Kauã, significa “gavião”; “comprida”, “longa”.
- Kayke – Significa “ave aquática”, “aquele que desliza sobre as águas”.
- Kraho – o nome de uma língua falada por indígenas no Brasil
- Labatut – entidade mística do folclore do sertão nordestino do Brasil, conhecido na região da Chapada do Apodi, na divisa entre o Ceará e o Rio Grande do Norte. Possui forma humanoide, seus pés são redondos, suas mãos são compridas, os cabelos são longos e assanhados e seu corpo é cabeludo, tendo só um olho na testa e seus dentes são como as presas de um elefante.
- Mapinguari – Lendas dos Índios da Região Amazônica, descrito como um gigante peludo com um olho na testa e a boca horrenda na altura do umbigo.
- Mauá – Aquele que é elevado.
- Megatherium – significa “Besta gigante”, era uma preguiça gigantescaque viveu do Plioceno até o Pleistoceno, há aproximadamente 20 mil anos, nas Américas do Sul e do Norte.
- Monã – Deus supremo dos índios das nações falantes de idiomas da família tupi-guarani, é o criador do mundo, do céu e da terra, dos seres vivos, e de tudo que existe.
- Opará – Nome que os índios chamavam o Rio São Francisco. Diverso da vida real, aqui o rio corre de norte a sul.
- Orcs – criatura deformada e forte, que combate contra as forças “do bem”. São o tipo de capanga do mal mais comum, e não poderia faltar nessa aventura. Os orcs, para nós, representam, na verdade, o lado ruim da humanidade, os seres mais vis e abjetos.
- Pajé – o sacerdote das tribos indíjenas
- Pégaso – na mitologia grega, é um cavalo alado símbolo da imortalidade. Sua figura é originária da mitologia grega. Na obra, os Pégasos são a montaria da tropa de elite do reino de Buritana, dando nome ao seleto grupo de cavaleiros que conseguem dominar essas montarias.
- Piatã – nome masculino de origem indígena, significa “pé duro”, “pedra dura” ou “homem forte”.
- Pico da Neblina – O Pico da Neblina, localizado no norte do Estado do Amazonas, na serra do Imeri, é o ponto mais alto do Brasil com 2 995,30 metros de altitude. O nome do pico origina-se do fato de que o topo da montanha fica encoberto pela neblina a maior parte do tempo.
- Pindorama – é uma designação para o local mítico dos povos tupis-guaranos, que significa terra livre dos males. É também o nome pelo qual os povos dos Pampas se referiam ao que chamamos hoje de Brasil. Significa “Terra das Palmeiras”.
- Pisadeira – Segundo o folclore, geralmente é descrita como uma mulher muito magra, com dedos compridos e secos, unhas enormes, sujas e amareladas. Tem as pernas curtas, cabelo desgrenhado, nariz enorme com muitos pelos, como um gavião. Os olhos são vermelho fogo, malignos e arregalados. O queixo é revirado para cima e a boca sempre escancarada, com dentes pontiagudos. Possui uma gargalhada estridente e horripilante. Ela teria o hábito de pisar na barriga das pessoas com o estômago cheio, deixando-as com falta de ar enquanto dormem.
- Piúva – Piúva em tupi-guarani significa ¨a árvore da casca¨
- Porã – Surge do tupi-guarani porã, palavra que significa “bonito”.
- Potira – Tem origem no nome vindo do tupi, quer dizer “flor”.
- Raíra – nome indígena, aparentemente de origem tupi-guarani, que significa “humana”.
- Raoni – Na língua tupi Raoni significa “chefe” ou “grande guerreio”. Embora não tenha visto registro de nomes compostos para os índios brasileiros, ao longo de toda a aventura utilizei essa formação, da seguinte forma: “Raoni Buritama”, “Piatã Iguatemi”, “Acir Piúva”, “Kauane Raíra”, “Avati Rudá”, sendo que cada nome e cada “sobrenome” possuem significados próprios.
- Rockhome – trocadilho inglês para uma casa de anos, com a junção das palavras. Em tradução livre é lar (home) de pedra (rock).
- Rudá – Divindade do amor em tupi
- Smilodon populator – trata-se de um animal da megafauna brasileira. Estima-se que esses animais tenham viviam em todo o território brasileiro por volta de 4 mil anos atrás. Eles tinham em média 2,5 metros de comprimento, 1,5 metros de altura e podia pesar até 350 kg.
- Sumaúna – árvore frondosa
- Tawantinsuyu – nome do Império Inca em quíchua, resultado de uma sucessão de civilizações andinas e que se tornou o maior império da América pré-colombiana. Eles acreditavam que o Sol era um Deus e que seu rei descendia dele. Na história, quem funda esse império é Alvernaz.
- Teju Jagua – deus das cavernas, grutas e lagos na mitologia guarani. Ele tem um grande corpo de lagarto e sete cabeças de cachorro.
- Terra de Santa Cruz – nome dado ao Brasil pelos portugueses no ano seguinte ao seu descobrimento pelos europeus., com o objetivo de refletir o sentido da propagação da fé.
- Tupã – na língua tupi significa trovão. Posteriormente, foi tido pelos jesuítas como uma entidade da mitologia tupi-guarani.
- Ubiratan – Tem origem no tupi. Significa “madeira forte”, “lança dura” ou “tacape forte”.
- Ussuri – Rio da Rússia
- Xapuri – Tribo indígena do Acre
- Xingu – palavra indígena que significa água boa e limpa. O Parque Indígena do Xingu está localizado Às margens do rio de mesmo nome. É uma região preservada e povoada por diversas tribos indígenas.
- Xurume – todo material orgânico, fresco ou não, que contém água e quando entra no processo de putrefação, libera um líquido mal cheiroso, ácido e tóxico.
- Yanomami – Índios caçadores-agricultores que habitam o Brasil.
Por GUSTAVO PEREIRA