Como prometido no artigo anterior, na edição da THE BARD – Novembro/Dezembro, aqui na Coluna do FÓRUM DO SONETO, indo direto ao ponto, daremos continuidade no assunto abordado ao final: O Ritmo no Verso. Pois, como dissemos, o ritmo é elemento primordial que concede ao verso uma toada própria com harmonia e, se padronizado em toda a composição, emana agradável melodia, essência do verdadeiro Soneto Clássico.
A unidade rítmica do verso é o Pé, mas com a mudança dos sistemas de Versificação em aplicabilidade da poesia no tempo, que passou a ser também escrita, foise abandonando os termos genuínos e complexos, porém ainda existentes e muito importantes para a verdadeira noção melódica do verso, dos Pés Básicos (Troquéu, Iambo, Dátilo e Anapesto) e Pés Compostos (Espondeu, Molosso, Díbraco, Peônio, etc). No VERSO DECASSÍLABO, o metro de verso mais clássico do mundo, assim como em outros, é o ritmo que faz a maior beleza, e a rima complementa a sonoridade em todo no Soneto (Soneto: pequeno som). Importante frisar que, o poeta que aplica aleatoriamente as sílabas tônicas nos versos, ou seja, que não prima pelo COMPASSO RÍTMICO (padronização de tônicas no corpo do soneto), torna quase inaudível o elemento mais importante para a melodia do soneto.
OS VERSOS DECASSÍLABOS podem ser encaixados nos seguintes ritmos, classificados pelas teorias literárias patentes:
1-RITMO HEROICO: essencialmente, tônicas (sílabas fortes) na sexta e na décima sílabas; ex: O a/MOR/ em/ can/ta/DOR/ e i/men/su/RÁvel
1-a HEROICO PURO: (tônicas): 2-6-10
1-b HEROICOS IMPUROS: (tônicas): 2-4-6-8-10; 2-6-8- 10; 4-6-8-10; 4-6-10 Obs: o poeta deve evitar tonificar a sétima sílaba para não enfraquecer, macular a sonoridade do Ritmo Heroico.
2-RITMO SÁFICO: tônicas na quarta, oitava e décima sílabas poéticas; ex: A/mo-/te a/SSIM/ des/co/nhe/CI/da e obs/CUra
2-a SÁFICO PURO: (tônicas): 4-8-10 (a primeira sílaba é nula);
2-b SÁFICO IMPURO: (tônicas): 2-4-8-10;
2-c RITMO SÁFICO IMPERFEITO: na quarta e na décima, geralmente com uma subtônica na oitava sílaba, ex: So/no/ra/MEN/te,/ lu/mi/(nó)/sa/MENte
3-RITMO MARTELO AGALOPADO: na terceira, sexta e décima ou terceira, sexta oitava (sutilmente de preferência) e décima; ex: Mas/ e/XIS/te/ Je/SUS/ no/ fir/ma/MENto
4-RITMO GAITA GALEGA: na quarta, sétima e décima; ex: To/da/ sau/DA/de/ con/SA/gra a/ lem/BRANça
5-IBÉRICO OU ESTÓICO (VERSO DE ARTE MAIOR): tônica na segunda (ou terceira) sílaba, com Cesura na QUINTA sílaba, e outra tônica na sétima (ou oitava) sílaba. Este verso possui, como dito, uma Cesura na QUINTA sílaba (a CESURA vai além da função de uma tônica, pois ela divide o verso em dois hemistíquios), nesse caso, por ser no decassílabo, ela divide o soneto em dois Sonetos de Redondilha Menor (versos de cinco sílabas poéticas); ex: Con/SER/va-/se a/ PAZ// i/NA/ta e/ sin/Cera
6-PENTÂMETRO IÂMBICO (Pentâmetro: Penta= Cinco / Iâmbico= Iambo= Pé formado por uma sílaba Breve ou Átona e uma sílaba Longa ou Tônica (/ – + /). Esse ritmo, que possui sua variação dentro do ideal critério para a execução do RITMO BINÁRIO, em termos de sonoridade poética, o que melhor se encaixa ao idioma da Língua Portuguesa, conforme estudos realizados pelo Tratadista Amorim de Carvalho, sendo considerado o PADRÃO FÓRUM DE PRODUÇÃO, e que poderá ser minuciosamente tratado posteriormente, aqui na Revista THE BARD, na Coluna FÓRUM DO SONETO, em prol do conhecimento pleno dos critérios para a prática, o que permite maior liberdade ao poeta para conceder bela sonoridade com menos esforço e sem a preocupação para adequar, de forma sistemática e única em toda a obra, um dos Ritmos acima informados): tônicas nas sílabas pares do verso Decassílabo; ex: A/ FOR/ça e/XIS/te a/LÉM/ do a/MOR/ ao/BEM
7 – RÍTMO BINÁRIO NO VERSO DECASSÍLABO (síntese): Esse padrão Rítmico é o adotado pelo FÓRUM DO SONETO e que, segundo seu critério, perpassam pelos Ritmos: Heroico (e suas variações), Sáfico (e suas variações) e Pentâmetro Iâmbico.
7-a RITMO BINÁRIO PERFEITO: o mesmo que Pentâmetro Iâmbico, isto é, tônicas em todas as sílabas pares do verso decassílabo: 2-4-6-8-10 (/ – + – + – + – + – + /);
7-b Binário Imperfeito: tônicas nas sílabas pares (não necessariamente em todas as pares) do verso decassílabo, com um espaçamento máximo de três sílabas átonas (fracas): 2-4-6-10 (/ – + – + – + – – – + /); 2-6-8-10 (/ – + – – – + – + – + /); 2-6-10 (/ – + – – – + – – – + /); 4-6-8-10 (/ – – – + – + – + – + /); 4-8-10 (/ – – – + – – – + – + /).
RITMOS EM VERSOS OCTOSSÍLABOS (8 sílabas), ENEASSÍLABOS (9 sílabas) e HENDECASSÍLABOS (11 sílabas) podem ser encaixados nos seguintes ritmos, classificados pelas teorias literárias patentes:
OCTOSSÍLABO – geralmente executado em Ritmo Binário Perfeito: 2-4-6-8 (neste caso, em Tetrâmetro Iâmbico: / – + – + – + – + /); e suas variações 2-6-8; 2-4-8; 4-6- 8; /); mas nada impede do poeta, que domine a técnica, criar um novo Ritmo, desde que mantenha o Compasso Rítmico (tônicas nas mesmas sílabas em todos os versos do Soneto).
ENEASSÍLABO – geralmente executado em Ternário de Anapestos: 3-6-9 (/ – – + – – + – – + /); /); mas nada impede do poeta, que domine a técnica, criar um novo Ritmo, desde que mantenha o Compasso Rítmico (tônicas nas mesmas sílabas em todos os versos do Soneto).
HENDECASSÍLABO – geralmente executado no conhecido Galope na Beira do Mar: 2-5-8-11 (1 Iambo com um 1 Ternário de Anapestos (/ – + – – + – – + – – + /); mas nada impede do poeta, que domine a técnica, criar um novo Ritmo, desde que mantenha o Compasso Rítmico (tônicas nas mesmas sílabas em todos os versos do Soneto).
No próximo artigo, falaremos da relação do Verso Alexandrino com o Dodecassílabo, o conceito de Cesura, a sua importância e maiores detalhes sobre a técnica do soneto.
Avante!
Por Ricardo Camacho Idealizador, Fundador e Presidente do FÓRUM DO SONETO