Como cão jogado na rua,
Ao lado de um e de outro.
Sou eu faminto,
Mas a minha fome
Comida não sacia.
Ah, injusta vida,
Porque cobras a dor já na despedida?
Choro como um cão perdido,
Farejando até o fim da vida.
Oh dor esmagadora
Que vêm com lembranças
Da juventude.
Queria ter todos por perto
Mas,
Todos não se aproximam.
Quero que deus me leve,
一 leve Deus esse cão perdido.
Ah…! Mas o que eu quero mesmo
É o acalento da minha família.
Eu hoje,
Como cão perdido,
Velho,
Abandonado e carente,
Choro por aqueles que estavam
Ao meu lado na juventude
Eu hoje,
Cachorro velho e sábio
Sou um idoso,
Que tem fome de atenção
E de cuidados.
Mata-me com o teu desprezo,
Filho injusto!
Afasta-te ainda mais,
Filha ingrata?
Oh, Deus, somos nós,
Eu, você e os que nem tive gratidão,
São eles que hoje estão ao meu lado,
Dando a mão a esse velho que hoje chora e grita:
“Venha ver enquanto há vida,
Porque morto já não enxerga visita”.
Por MAIZA DUTRA
Caraíbas – Bahia, Brasil