A solidão prorroga o cigarro interminável,
sandálias arrastam o tédio pela sala,
impropérios à mesa descontam frustrações como se não fossem escolhas,
a xícara cheia na cozinha desiste do dia,
a boneca surrada no quarto finge não ouvir os gritos da copa,
o lençol disfarça a preguiça de ser cortina,
a planta pede socorro à chuva,
o tecido rasgado no toldo não quer mais resistir.
Para a moça do cigarro,
sou a mulher na janela com grades.
Por GRAZIELLE MENDES
Belo Horizonte – Minas Gerais, Brasil