Pedro, 18 anos de idade, jovem do bairro Sangariveira um dos bairros da cidade de Quelimane (cidade das bicicletas). O Pedro é órfão de pai e mora com a sua mãe doente, Dona Josefa e seu irmão cassula Abel. Sem condições e tempo de continuar com os seus estudos por que tinha, que trabalhar para se sustentar e sustentar a sua mãe e seu irmão menor.
Ele se viu obrigado a abandonar a escola e ficar de segunda a segunda, das 6 horas ás 18 horas no mercado substituindo a sua mãe na venda de tomates. Mas, infelizmente não havia um bom lucro, devido a baixa demanda e por ser um produto climatérico, a tendência é de amadurecer e estragar rapidamente.
—Mamã, hoje também o movimento estava fraco lá na banca, e alguns tomates acabaram por se estragar e não consegui vender muito.
— Se eu conseguisse me levantar, eu poderia ir vender. Mas olha para mim, nem colocar a água em casa para meu banho consigo.
– Falou a mãe, se lamentando da situação que se encontrava.
— Não tem problema mamã, ainda restou tomates.
— Mas, esse dinheiro, não vai dar para comprar nem um cesto de tomate lá no chabeco?
— Não mamã. Esse dinheiro nem vai chegar para o almoço de amanhã. Estamos a gastar muito na compra dos tomates, mas não estamos obtendo lucro.
– Desabafou Pedro.
— Ah! Se teu pai ainda estivesse vivo. Quando estava aqui, não sofriamos desse jeito, mesmo eu doente aqui em casa, não faltava comida.
Depois das declarações da mãe, lamentando da situação financeira, e da saudade do pai. Pedro ficou praticamente a noite inteira a pensar no que fazer, para melhorar a situação financeira da sua família e como voltar a estudar. Depois de horas pensando, se lembrou do trabalho que o pai fazia, antes de ter o último afazer.
Já no dia seguinte, Pedro saiu às pressas para a casa do seu tio, levando algo que o seu pai deixara lá a alguns anos.
— Bom dia tio Manuel.
— Bom dia sobrinho. Tudo bem lá em casa?
— Só mamã continua do mesmo jeito. Tio, eu vim buscar aquela bicicleta que o Papá deixou aqui e que você, meu tio já não utiliza.
— Oh! Sim, não tem problema. Mas a bicicleta está sem a roda de frente e tens que fazer algumas melhorias.
— Sem problemas tio Manuel. Obrigado.
Depois de levar a bicicleta, o Pedro fez uma repaginada nela, deixou a bicicleta quase como nova e foi apresentar a mãe.
— Mamã, fui buscar essa bicicleta para começar a trabalhar como taxista.
A mãe no mesmo instante, começou a lacrimejar involuntariamente, pois acabará de se lembrar do marido e ao mesmo tempo, estava emocionada pela dedicação do seu filho.
— Você me lembra o seu pai, sempre que vinha com essa bicicleta.
— Irei trabalhar amanhã bem cedo mamã, fazer o meu melhor para colocar comida aqui em casa.
A mãe deu a sua benção a Pedro. Na primeira semana, não foi tão fácil, como ele esperava, não era fácil arranjar clientes e sem contar do cansaço que é de carregar pessoas de diferentes pesos, muito exaustivo. Com o tempo ele foi se adaptando com aquela atividade e prosperando.
Foram meses e meses trabalhando, conseguiu comprar uma nova bicicleta e mais uma, contratando jovens para trabalharem com ele como taxistas. Alguns anos depois, o Pedro acabou por criar sua agência de taxistas a “PedalTaxi” e com isso, ajudou bastante a sua família e aos jovens que necessitavam de empregos.
— Finalmente consegui. Obrigado papá.
Disse Pedro, todo orgulhoso de si mesmo.
Por DANNY AMADO VASCO