HISTÓRIA DAS ARTES – A cultura africana

HISTÓRIA DAS ARTES – A cultura africana

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Vamos a mais uma aventura pela história das artes de povos que são significativos para a humanidade, sobretudo nessa edição, sobre a cultura africana, povos que contribuíram para a nossa cultura em uma enormidade de aspectos: dança, música, religião, culinária e idioma.

O que um povo produz lingüística, religiosa, artística, científica etc., compõe moralmente o seu conjunto de produção cultural. Esse conjunto tende a seguir certos padrões dentro de sociedades, o que cria um aspecto identitário para as culturas de determinadas agrupamentos. Dá ideia de pertencimento. Se questione qual momento você se sentiu pertencente a sua cultura?

A áfrica é o território habitado há mais tempo no planeta, segundo estudos arqueológicos.  Resultando na profusão de idiomas com mais de mil línguas, religiões, regimes políticos, condições materiais de habitação e atividades econômicas. E é fato conhecido que a história africana foi escrita e contada pelos colonizadores europeus. Os viajantes, missionários e dirigentes coloniais foram os responsáveis pelos primeiros relatos acerca da cultura dos povos africanos. Assim, além de serem capturados para alimentarem a escravidão colonial, estes povos foram usurpados em todos os seus direitos, incluindo o de contar a própria história. O “Etnocentrismo” e o “Eurocentrismo” nas ciências europeias durante o século XIX são os responsáveis pela concepção das culturas africanas.

A combinação dos fatores migratórios, da colonização europeia e da diversidade étnica no interior do continente fez com que a África seja atualmente um continente em que se fala vários idiomas e cultuam-se várias religiões e que se caracteriza por ser pluricultural. Há uma grande parcela da população do sul da África que mantém as suas raízes e cultua as religiões tradicionais, mas também há um número expressivo de muçulmanos e cristãos vivendo na região, o que causa conflitos religiosos oriundos do preconceito e da intolerância. Na atualidade, o continente africano ocupa um quinto da Terra, com mais de 50 países e quase 1 bilhão de habitantes.

A Cultura africana, se considerada como um vasto conjunto de hábitos, costumes, religiões e artes do continente africano, têm uma origem diversificada e rica em elementos; vasta e diversificada, dotada de uma enorme riqueza imaterial, fator que se explica tanto pela diversidade de etnias presentes na África quanto pela influência de povos do Oriente Médio e europeus que tiveram contato com os africanos ao longo da história.

Imagem de Hansuan_Fabregas por Pixabay

 

Dentre as tradições culturais, podemos destacar algumas como mais marcantes e disseminadas:

Hábitos e costumes

Dentre os povos do norte do continente, destacam-se os hábitos e costumes tradicionalmente islâmicos, pois essa denominação religiosa é predominante por lá. É comum nas sociedades, sobretudo a egípcia e a marroquina, a prevalência do uso do véu para as mulheres muçulmanas e a instituição de um modelo patriarcal de família, baseado nos costumes do islamismo.

Já os povos do sul têm uma cultura mais vasta e, consequentemente, mais diversificada. Em alguns lugares, predomina-se a cultura cristã, sobretudo nos que a colonização estabeleceu-se com maior força, como a África do Sul. Já em outros, como o Congo, Moçambique, Serra Leoa, Somália e Quênia, a prevalência do modo de vida tribal nos interiores ainda é marcante, o que nos remete às religiões politeístas nativas ainda existentes.

Artes plásticas

Os povos africanos do sul desenvolveram diversas formas artísticas ligadas, principalmente, às suas religiões. Trata-se de artefatos, como máscaras, trançados de corda, estatuetas e outros, esculpidos em madeira, pedra ou confeccionados com tecidos. O simbolismo dessas formas artísticas remete às divindades ou a elementos do cotidiano e têm significados diferentes para cada povo, representando o sagrado, o profano ou ações que fazem parte da cultura, como a guerra e a coleta de alimentos (a maioria das tribos subsaarianas possuía uma vida nômade, baseada na caça e na coleta, antes da chegada dos europeus ao continente).

Imagem de Agnali por Pixabay

As máscaras são elementos da cultura africana que unem as artes plásticas e a religiosidade. As esculturas em marfim dos povos Bakongo evidenciam a tradicional caça de elefantes, animais que já foram abundantes em alguns lugares da África, para a alimentação. As presas desses animais são feitas de um material denso e calcificado, o marfim, e eram utilizadas para fazer esculturas e adornos, como colares.

Imagem de GDJ por Pixabay

Os povos que habitavam as regiões de Savana (bioma presente em grande parte da África subsaariana) conheciam a metalurgia, fundindo metais para fabricar armas de caça e de guerra, além de artefatos de decoração.

Música e dança

A música e a dança fazem parte das culturas tribais africanas. Embaladas por um ritmo marcado por instrumentos de percussão, as danças africanas geralmente têm ritmo e compasso rápidos, o que permite variações e movimentos diferentes.

Imagem de Jennifer Enujiugha por Pixabay

Ambas as artes, muitas vezes, possuem conotações religiosas e são utilizadas para marcar cultos tradicionais, sendo elementos que atraem e agradam os orixás (ou os bons espíritos) e afastam os maus espíritos. A música e a dança também são utilizadas nas tribos em comemorações e festivais, sendo praticadas por todos os integrantes.

Alguns ritmos de origem africana são a capoeira (uma mistura de arte marcial com dança), o batuque, o lundu e o coco. Muitos ritmos musicais ocidentais originaram-se com base na música africana, como o samba, o axé e o maracatu no Brasil; o reggae na Jamaica; e o jazz nos Estados Unidos.

São instrumentos típicos da cultura africana para a composição da música:

Atabaque: um instrumento de percussão fabricado com madeira e couro de animais, geralmente tocado com as mãos, também pode ser tocado com baquetas finas de madeira. É utilizado hoje na capoeira, no samba, no axé e no maracatu, entre outros ritmos. O atabaque é um instrumento muito utilizado em jogos de capoeira, cerimônias religiosas e em outros contextos.

Imagem de Raffguitar por Pixabay

Berimbau: instrumento de origem angolana composto por um arco de madeira, uma corda de arame e uma caixa de cabaça, que amplifica o som que resulta da vibração da corda. O berimbau é tocado com uma vareta, feita de algum graveto de madeira resistente, e normalmente é acompanhado por um chocalho, que movimenta a vareta, e uma pedra, que segura o berimbau e serve para interromper a vibração da corda. Em Angola, o berimbau é conhecido como m’bolumbumba. O instrumento é utilizado, desde a sua criação, na capoeira, para produzir os sons típicos que entoam a dança dos capoeiristas.

Agogô: é um instrumento de metal que possui duas ou mais campânulas (parte de fora de um sino sem a campainha, que é o pêndulo interno) de metal e de tamanhos diferentes, presas por uma haste também de metal. Uma baqueta de metal ou de madeira é utilizada para vibrar as campânulas, que produzem o som.

Afoxé: é uma espécie de chocalho feito com uma cabaça e uma rede trançada com linhas e sementes. A rede cobre a cabaça, mas fica solta, de modo a permitir um atrito entre as sementes e a cabaça quando movimentadas, o que gera o som amplificado pela cabaça.

Os povos africanos são extremamente diversos e ricos culturalmente apesar de toda a generalização que o termo “africanos” carrega, passando uma falsa sensação de que esses povos são todos semelhantes. O presente artigo não tem caráter elucidativo, procurou-se enfatizar a importância da diversidade cultural africana para todos os continentes e o papel importante que ela teve na formação da identidade cultural afro-brasileira, presente nas festas, como no Carnaval, no Dia de Iemanjá etc.; a religião, a umbanda e o candomblé, na língua, influenciando o vocabulário, gramática e pronúncia do português brasileiro. Portanto a cultura africana no contexto brasileiro tem de ser tratada como questão educacional e também social; pois é ela fonte de subsídios para o misto cultural que o Brasil faz parte.

Ate à próxima,

Avante!

Por BETÂNIA PEREIRA

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