Laura tinha uma profissão invulgar, era dona de uma fábrica de balões de incenso. Apesar de gostar do seu ofício, herdado do pai, tinha vários problemas: a sua voz era rouca, soava a hélio, e tinha um enorme vício, pois aspirava o incenso, tornando-se uma incenso dependente. Um dia, subiu no ar. Restos do seu corpo ainda se encontram em várias igrejas, farmácias ou lavagens de carros automáticas, pois a ascensão do seu corpo não foi tão longe. A camada de ozono rejeitou o corpo de Laura provocando um buraco negro incenso terrestre só perceptível naqueles lugares indicados. Provavelmente comem-se hóstias, tomam-se aspirinas e lavam-se os carros com resíduos humanos que evocam cantos gregorianos.
Por JOANA PALHA