CRÔNICAS TONS DO COTIDIANO – A escrivaninha da sala por Lilian Barbosa

CRÔNICAS TONS DO COTIDIANO – A escrivaninha da sala por Lilian Barbosa

Autora convidada: 

LILIAN BARBOSA

É natural de Brasília-DF. Mãe, esposa, advogada, pós-graduada em Direito Público Licitatório e concursada em uma Autarquia Federal. Participante de várias Antologias, inclusive como Prefaciadora e Autora Convidada. Colunista na Revista Internacional The Bard na Coluna “Semeando a Escrita”. Bisneta do Poeta Centenário Arnaldo Júlio Barbosa (@arnaldojuliobarbosa), do qual se orgulha imensamente.

 

Lilian Barbosa é uma escritora muito talentosa e que, além de nos agraciar com seus belos textos no seu Instagram, é Colunista na Revista Internacional The Bard na Coluna “Semeando a Escrita”.

E não poderia haver melhor escritora para ser a convidada da minha 1ª publicação como colunista da Revista Internacional The Bard: em 03/09/2021, em uma despretensiosa conversa no Instagram, Lilian me relembrou do meu gosto adormecido por escrever. Nesse momento, ela plantou a sementinha que demorou bastante para germinar, mas que quase 3 anos depois, criou raízes e está começando a florescer.

E se não bastasse o trabalho da semeadura, Lilian foi além, pois segue me incentivando, dando ideias, me apoiando, divulgando a minha escrita e acreditando mais em mim do que eu mesma: se estou hoje publicando a minha 1ª coluna, a “culpa” é toda dela, que viu um potencial que eu não via e buscou essa oportunidade para mim.

E, apesar de todo o trabalho que já possui, da correria do dia a dia, ela foi mais além: aceitou ser minha convidada na Coluna, com um prazo muito curto para entrega do texto. Um baita desafio que ela aceitou encarar comigo!

Lilian, eu agradeço imensamente por todo o carinho e incentivo e torço para que o seu dom de semear colha sempre lindas flores e frutos durante sua jornada!

 

ESPAÇO DO CONVIDADO

 

A escrivaninha da sala

O relógio marca 16:03 horas deste domingo à tarde. Após um dia bem cheio, aceito de bom grado o convite do sofá para assistir um pouco de TV.

A casa já está limpa – a sala impecável – coisa rara de acontecer diante de dias tão corridos entre trabalho e demais obrigações pessoais e familiares.

Olho ao redor antes de começar a assistir uma série da Netflix e admiro a decoração da sala. É satisfatório admirar, sobretudo depois de um bom tempo almejando finalizá-la. Sofá, poltrona, rack, painel, parede, piso… Tudo nos exatos tons e harmonia que eu queria. Ah, e aquele lindo quadro adquirido em um leilão beneficente há alguns anos foi a cereja do bolo! Compôs perfeitamente o espaço vago da parede lateral. Ficou lindo!

Viro a cabeça e detenho o meu olhar ao lado direito, o qual propositalmente desconsiderei como parte decorativa da sala de estar.  Logo ao lado da porta de entrada, uma escrivaninha perdida no espaço, sem qualquer sentido à primeira vista… Meus devaneios se iniciam às 16:05 horas, quando me ponho a pensar sobre a origem de seu paradeiro naquele cantinho.

Há menos de dois anos, mudei-me de residência com a minha família. Saímos de um apartamento para uma espaçosa e sonhada casa. Tendo um filho pequeno e três cachorrinhos, pareceu a mim e ao meu marido que uma casa fosse a melhor escolha.

Não tem sido fácil. Financiamento, reforma, mobiliário, dívidas esperadas e não esperadas… Ainda há muito a ser feito, mas, tivemos a satisfação de finalizar a sala de estar em sua completude. Dá gosto de ver (ainda que o restante da casa esteja incompleto ou revirado)!

Porém, há um detalhe na sala que destoa de toda a decoração: sim, a escrivaninha! Chegarei à razão de sua origem.

Meu filho de seis anos recém completados desenvolveu um forte gosto pelo desenho. Desde os três aninhos desenha diariamente. É parte de sua diversão infantil. Desde essa tenra idade, solicita papel para os seus rabiscos nos horários e ocasiões mais distintos e improváveis. A cada novo desenho, uma nova história por ele criada ou uma versão reformulada/adaptada para situações já existentes. Molequinho inteligente!

Antes de renovarmos a mobília da sala, resolvemos comprar uma simples escrivaninha e uma cadeira para ele desenhar por ali mesmo, enquanto estivesse conosco em frente à TV. Tínhamos a pretensão de trocar os móveis em breve. Não seria problema manter a escrivaninha por lá “temporariamente”.

Antes, meu filho colocava o papel no chão ou no braço do sofá para desenhar enquanto estava assistindo aos seus desenhos animados na sala de estar. A partir da aquisição de sua “mesinha”, sentiu-se maravilhado! Tinha à sua disposição uma superfície livre para colocar vários desenhos e lápis de cor, uma cadeira para se acomodar e um gavetão para guardar seus materiais.

Ao nosso ver, não poderia haver melhor aquisição! Ele passou a desenhar cada vez mais. Os traços dos desenhos foram aperfeiçoados. Sua criatividade tem sido constantemente aprimorada. Até mesmo jogos e desafios são inventados quando dispõe de um lápis e um papel.

Ainda no sofá, a olhar a escrivaninha, pus-me a pensar como um pequeno empurrãozinho (até sem grandes pretensões) trouxe tantos resultados! O talento dele é evidente, mas as suas habilidades têm sido esmeradamente trabalhadas ali, debruçado sobre aquele simples mobiliário. Inclusive na escola, seus trabalhinhos se destacam pela qualidade e originalidade. Sem falar na alegria inconteste que ele manifesta ao fazer seus desenhos em sua mesinha. Tudo isso decorrente de um acréscimo “temporário” à decoração da sala.

Conversando com o meu marido, chegamos a um consenso: hoje o mobiliário que mais faz sentido e combina com a sala de estar é aquela escrivaninha que destoa de tudo da decoração. Chega a ser paradoxal, mas, de algum modo, a mágica do incentivo às habilidades de nosso pequeno garotinho é externada por meio da utilização desse grotesco item de madeira presente no ambiente.

Olho para o relógio do celular: 16:10 horas. Opto por protelar o início da série que eu almejava assistir para estender um pouco mais o meu olhar fixo sobre aquela escrivaninha e seus instigantes poderes de trazer mais alegria e estimular o constante desenvolvimento das aptidões do meu filho. Fico sorrindo sozinha quando constato que aquela escrivaninha se tornou o mais belo e essencial mobiliário a compor a minha sala de estar.

Por CHRISTIANE MORAES

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